01/03/2019
Cartas ao Presidente da República (139)
EUREKA por Laurindos Macuácua
Bom dia, Presidente. No fim do encontro de ontem, que o Presidente manteve com o líder da Renamo, o senhor Ossufo Momade, tudo dava a entender que haveria declarações de ambas as partes.
Aliás, tudo estava organizado para isso. Todavia, o Presidente disse à imprensa que nenhum dos dois líderes haveria de prestar declarações, isto porque haveria um comunicado “bem constituído” que faria a súmula do encontro. E fiquei a espera do comunicado. Quando o recebi, confesso que não gostei.
Há muito pleonasmo e pouca coisa para aproveitar, pelo menos se me guio pela expectativa criada. Não são todos os dias que o líder da Renamo abandona a Serra da Gorongosa para vir a Maputo!
É irrefutável que o facto de terem sido nomeados mais 11 elementos da Renamo para cargos de chefia no exército, desanuviou um pouco os receios que existiam no seio da “perdiz”. Mas a suspeição continua. E, por conta disso, há-de ser longo e intricado o caminho para a paz efectiva em Moçambique.
O facto de não ter havido declarações à imprensa é por si só sintomático. Ou seja, destapa o véu: efectivamente há uma parte do dossier que não está concluído, nomeadamente o que se refere à integração dos elementos oriundos da Renamo no SISE.
Aliás, desde a assinatura dos Acordos Gerais de Paz este assunto sempre foi bico-de-obra. E enquanto este assunto não for devidamente tratado, a paz efectiva ainda é uma miragem. Durante o Congresso da Renamo, os militares deste partido repisaram que o memorando de entendimento deve ser cumprido integralmente. Ameaça? Pode ser, mas enquanto o Governo não resolver, de forma eficaz, este problema, arrisca-se a prolongar, tacitamente, o clima de tensão.
Isto vai adiar a tal almejada paz efectiva. O Presidente tem que acabar com a desconfiança reinante na Renamo!
Por outro lado, este é um País de contrastes, que se encontra na encruzilhada entre o optimismo de uma paz possível e o pessimismo de uma violência que não terminará com esta paz.
EUREKA por Laurindos Macuácua
Bom dia, Presidente. No fim do encontro de ontem, que o Presidente manteve com o líder da Renamo, o senhor Ossufo Momade, tudo dava a entender que haveria declarações de ambas as partes.
Aliás, tudo estava organizado para isso. Todavia, o Presidente disse à imprensa que nenhum dos dois líderes haveria de prestar declarações, isto porque haveria um comunicado “bem constituído” que faria a súmula do encontro. E fiquei a espera do comunicado. Quando o recebi, confesso que não gostei.
Há muito pleonasmo e pouca coisa para aproveitar, pelo menos se me guio pela expectativa criada. Não são todos os dias que o líder da Renamo abandona a Serra da Gorongosa para vir a Maputo!
É irrefutável que o facto de terem sido nomeados mais 11 elementos da Renamo para cargos de chefia no exército, desanuviou um pouco os receios que existiam no seio da “perdiz”. Mas a suspeição continua. E, por conta disso, há-de ser longo e intricado o caminho para a paz efectiva em Moçambique.
O facto de não ter havido declarações à imprensa é por si só sintomático. Ou seja, destapa o véu: efectivamente há uma parte do dossier que não está concluído, nomeadamente o que se refere à integração dos elementos oriundos da Renamo no SISE.
Aliás, desde a assinatura dos Acordos Gerais de Paz este assunto sempre foi bico-de-obra. E enquanto este assunto não for devidamente tratado, a paz efectiva ainda é uma miragem. Durante o Congresso da Renamo, os militares deste partido repisaram que o memorando de entendimento deve ser cumprido integralmente. Ameaça? Pode ser, mas enquanto o Governo não resolver, de forma eficaz, este problema, arrisca-se a prolongar, tacitamente, o clima de tensão.
Isto vai adiar a tal almejada paz efectiva. O Presidente tem que acabar com a desconfiança reinante na Renamo!
Por outro lado, este é um País de contrastes, que se encontra na encruzilhada entre o optimismo de uma paz possível e o pessimismo de uma violência que não terminará com esta paz.
Cabo Delgado continua sendo um dilema para o Governo. É tudo muito nebuloso. O Presidente é capaz de me dizer quem são, afinal, as pessoas que desestabilizam aquela província nortenha, por sinal a sua província?
A desestabilização arrasta-se há um ano e meio; tudo o que temos são meras teorias. Não se conhece o rosto do inimigo e o que ele pretende. Tenho muito medo disto. Acho que há falta de inteligência por parte das autoridades para se resolver esta questão.
E é legítimo questionar-lhe, Presidente, o que vai acontecer a próxima vez que uma caravana da Anadarko for novamente atacada…
Convenhamos, Presidente: eu não estou a insinuar nada; mas as pessoas que vivem ao redor dos megaprojectos, um pouco por todo o País, não têm nenhum benefício. Muito pelo contrário, são espoliadas.
O filho do Raimundo Pachinuapa ainda queixava-se esta semana de garimpeiros ilegais, em virtude do desabamento de uma escavação ilegal ao redor da mina de rubis, propriedade do seu pai.
Ninguém faz o garimpo ilegal por mero desejo de o fazer. A pobreza é que empurra as pessoas a isto.
Que país sério tem generais proprietários de minas? Esses que se dizem heróis, afinal a sua luta era para espoliar o povo dos seus recursos?
DN – 01.03.2019
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