22/03/2019
Por Inês Semente
Esta semana minha página toma as dores das províncias de Sofala, Manica, Zambézia e Tete, as maiores vítimas da fúria do Ciclone IDAI. Localizadas no resto do país. Senti-me estrangeira no meu próprio país ao assistir o tamanho descaso dado, inicialmente, a esse evento avassalador que vitimou pessoas, destruiu infraestruturas e desestruturou famílias, mas foi tratado (como disse e repito inicialmente) como uma simples tempestade só porque não ocorreu no palco dos acontecimentos.
Tudo que acontece em Maputo, por mais que tenha uma dimensão pequena, vira grandioso porque está no centro das atenções.
O Ciclone IDAI atingiu Beira e destruiu completamente cidade. A nossa televisão fez referência no jornal da noite do dia 14 apenas alguns trechos e imagens que não traziam a real dimensão da coisa.
Por outra, a notícia sobre a conferência do sector privado tomou destaque do tempo de antena. Talvez porque aconteceu em Maputo e contou com a presença do Chefe de Estado.
Aí me perguntei sobre a noticiabilidade da informação, o que os chefes de informação e redação consideram como prioritário e importante.
Acredito que um derby futebolístico teria maior destaque porque ocuparia no mínimo 90 minutos das nossas telas. Cenário triste e até revoltante.
Sentimos um abandono a esses milhares de famílias que passavam por uma autentica provação e foram colocadas em terceiro plano. O alerta foi fraco. Na verdade a força de um ciclone foi minimizada a uma simples tempestade.
O papel do INGC não é apenas o de anunciar a ocorrência, juntar mantas e panelas com arroz e feijão, mas também explicar as famílias como se devem proteger. Esses fenômenos naturais constituem novidade para nós. Nascemos e crescemos sem ouvir falar e nem ver, senão em outros países e através das telas televisivas.
Como é que a população deve saber o significado de vento forte a 180 a 220km/h sem que lhes seja dado um exemplo ou explicação dos estragos desses ventos. Mal lhes foi explicado que deviam proteger suas casas, bloquear portas e janelas de vidro, não foi disponibilizado transporte para evacuar as pessoas para locais seguros entre outras medidas de precaução. Não basta trazer um porta voz para dizer que ocorrerá o fenômeno, vamos é preciso partir para acção.
Esta semana minha página toma as dores das províncias de Sofala, Manica, Zambézia e Tete, as maiores vítimas da fúria do Ciclone IDAI. Localizadas no resto do país. Senti-me estrangeira no meu próprio país ao assistir o tamanho descaso dado, inicialmente, a esse evento avassalador que vitimou pessoas, destruiu infraestruturas e desestruturou famílias, mas foi tratado (como disse e repito inicialmente) como uma simples tempestade só porque não ocorreu no palco dos acontecimentos.
Tudo que acontece em Maputo, por mais que tenha uma dimensão pequena, vira grandioso porque está no centro das atenções.
O Ciclone IDAI atingiu Beira e destruiu completamente cidade. A nossa televisão fez referência no jornal da noite do dia 14 apenas alguns trechos e imagens que não traziam a real dimensão da coisa.
Por outra, a notícia sobre a conferência do sector privado tomou destaque do tempo de antena. Talvez porque aconteceu em Maputo e contou com a presença do Chefe de Estado.
Aí me perguntei sobre a noticiabilidade da informação, o que os chefes de informação e redação consideram como prioritário e importante.
Acredito que um derby futebolístico teria maior destaque porque ocuparia no mínimo 90 minutos das nossas telas. Cenário triste e até revoltante.
Sentimos um abandono a esses milhares de famílias que passavam por uma autentica provação e foram colocadas em terceiro plano. O alerta foi fraco. Na verdade a força de um ciclone foi minimizada a uma simples tempestade.
O papel do INGC não é apenas o de anunciar a ocorrência, juntar mantas e panelas com arroz e feijão, mas também explicar as famílias como se devem proteger. Esses fenômenos naturais constituem novidade para nós. Nascemos e crescemos sem ouvir falar e nem ver, senão em outros países e através das telas televisivas.
Como é que a população deve saber o significado de vento forte a 180 a 220km/h sem que lhes seja dado um exemplo ou explicação dos estragos desses ventos. Mal lhes foi explicado que deviam proteger suas casas, bloquear portas e janelas de vidro, não foi disponibilizado transporte para evacuar as pessoas para locais seguros entre outras medidas de precaução. Não basta trazer um porta voz para dizer que ocorrerá o fenômeno, vamos é preciso partir para acção.
Lembremos que Beira, Chimoio e Quelimane, fazem parte de Moçambique. Lembremos que o facto do Porto da Beira ficar 2 dias sem funcionar, fecha-se uma fonte de financiamento da capital, serão menos autocarros para a metrópole e menos despesas de representação aos feudais sentados nos tronos na capital.
O pico do ciclone ocorreu entre as 19 e a meia noite. As 23h o nosso canal de televisão pública passava música e não actualizações sobre o estágio da situação, no privado se discutiam os desastres naturais, mas o foco era para um evento passado e a mão invisível do governo e a falta de distribuição do livro escolar.
Fora a escassos 1200km da capital, acontecia aquele que devia constituir um destaque noticioso que em qualquer país cobriria o tempo de antena de todos os meios de comunicação.
Muitos moçambicanos como eu ficaram colados as telas, fazendo um zapping entre a TVM e STV a procura de uma informaçãozinha que fosse para alentar o coração de tanta preocupação com os nossos familiares e amigos que se encontravam nesses locais. E nada. Afinal, era só um ciclone e ainda por cima na zona centro.
É altura de fazer valer a unidade nacional para além dos temas de debate e de discursos e oratórias. De dar importância ao que verdadeiramente importa. E de mostrar solidariedade a uma causa realmente existente seguindo exemplo da Anadarko (que foi a primeira de muitas outras a solidarizar-se) com os 200 mil USD os quais esperemos que sejam para recuperar o hospital da Beira, apoiar na reconstrução das casas das famílias, entre outros e não apenas para arroz e feijão.
Chegou o momento de tirar o orgulho de ser moçambicano das luzes, e colocar nos corações sem que precisemos de uma receita para sentir a dor de outrém.
Vamos fazer do resto do país, parte do país e da nação.
O luto nacional que hoje formalmente entra no seu terceiro e último dia será eterno para muitas famílias e que seja também para todos moçambicanos tendo em conta esta tragédia nacional.
WAMPHULA FAX – 22.03.2019
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