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quinta-feira, 28 de março de 2019

Brunei vai punir sexo entre gays com apedrejamento até à morte


quinta-feira, 28 de março de 2019

Brunei vai punir sexo entre gays com apedrejamento até à morte

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Brunei vai punir sexo entre gays com apedrejamento até à morte

País do Sudeste asiático é o primeiro a adoptar uma versão rígida da lei islâmica em toda a região. Organizações de defesa dos direitos humanos tentam criar onda de condenação internacional.


28 de Março de 2019, 10:22

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O sultão do Brunei, Hassanal Bolkiah

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Brunei vai punir sexo entre gays com apedrejamento até à morte
País do Sudeste asiático é o primeiro a adoptar uma versão rígida da lei islâmica em toda a região. Organizações de defesa dos direitos humanos tentam criar onda de condenação internacional.
28 de Março de 2019, 10:22
O sultão do Brunei, Hassanal Bolkiah REUTERS/AHIM RAN

O pequeno reino do Brunei, perto da Malásia e da Indonésia, vai impor o apedrejamento até à morte para casos de adultério e de sexo entre gays, a partir da próxima semana. A decisão apanhou de surpresa as organizações de defesa dos direitos humanos, que já condenaram a adopção de “punições perversas” pelo sultão Hassanal Bolkiah.

Apesar de se destacar, há muito, como um dos países de maioria muçulmana mais conservadores do Sudeste asiático, só a partir de 2014 é que o Brunei começou a prever penas como o apedrejamento, a amputação para casos de roubo ou a flagelação.

Nesse ano, o sultão anunciou a adopção de um Código Penal assente numa interpretação ultraconservadora e rígida da sharia – o sistema islâmico que impõe castigos corporais.

As novas leis aplicam-se exclusivamente aos muçulmanos, num país com menos de 450 mil habitantes onde dois terços da população são muçulmanos.

“É horrível. O Brunei está a imitar os estados árabes mais conservadores”, disse Ryan Silverio, coordenador na rede Asean Sogie Caucus, que promove os direitos da comunidade LGBT+ em oito países do Sudeste asiático.

“A implementação da sharia vai aplicar penas severas contra as relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo, incluindo o apedrejamento até à morte”, disse Silverio à CNN.

Em 2014, uma onda de condenações internacionais, de organizações como a Amnistia Internacional e das Nações Unidas, levou o país a adiar a última fase da mudança do seu sistema de leis. Numa primeira fase, em 2014, foram adoptadas penas como multas ou prisão para mulheres que engravidem fora do casamento e para quem faltar às orações de sexta-feira.

O fundador da associação de direitos humanos The Brunei Project, Matthew Woolfe, disse à agência Reuters que está a tentar reunir apoios internacionais para pressionar novamente o Governo do Brunei, mas teme que isso seja impossível num tão curto espaço de tempo.

“O facto de o Governo estar a apressar a implementação destas punições, e de já ter marcado uma data, apanhou-nos de surpresa”, disse o responsável pela organização australiana.

Em comunicado, a Amnistia Internacional exigiu ao Brunei que “trave imediatamente os seus planos para a implementação de punições perversas no seu Código Penal, em conformidade com as suas obrigações em termos de direitos humanos”.

“A comunidade internacional deve condenar urgentemente a decisão do Brunei de pôr em prática estas penas cruéis”, disse Rachel Chhoa-Howard, investigadora da Amnistia Internacional para o Sudeste asiático, sublinhando que “alguns dos potenciais ‘crimes’ nem deviam ser considerados crimes, incluindo o sexo consensual entre adultos do mesmo género”.

Segundo a Amnistia Internacional, o novo Código Penal do Brunei prevê também, entre outras punições, a amputação de um pé ou de uma mão para casos de roubo, incluindo crianças.

Outros países da região, como a Birmânia, a Malásia ou Singapura, também têm endurecido as suas posições tendencialmente conservadoras, mas o Brunei destaca-se por ser o primeiro a adoptar a sharia.

Em 2014, quando anunciou a mudança profunda do Código Penal, o sultão Hassanal Bolkiah disse que o seu Governo “não espera que outras pessoas a aceitem e concordem com ela, mas seria suficiente que respeitassem a nação da mesma forma que a nação os respeita a eles”.

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