"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 26 de maio de 2014


Moçambique: Jorge Khálau acusa «Nini» de comandar os raptos em Maputo e Matola

Maputo – O Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique, Jorge Khálau, acusou Momad Assif Satar, mais conhecido por «Nini», condenado a pena de prisão maior pela morte do jornalista Carlos Cardoso, de ser o «patrão» dos raptos que têm abalado as cidades de Maputo e Matola.

Nini tem escrito cartas aos jornais, a informar que tem colaborado com a polícia para a detenção dos mentores dos raptos.

Numa entrevista publicada pelo jornal pró-governamental «Notícias», editado em Maputo, Jorge Khálau disse que Nini não colabora com a polícia e quer «enganar as pessoas» para parecer inocente.

«Devo esclarecer que Nini não está a ajudar a Polícia na identificação dos raptores, como alguma imprensa procura dar a entender. A verdade é que Nini quer tapar a cara às pessoas, fingindo que não sabe de nada sobre os raptos. Nini está sim por detrás de grande parte dos raptos. Ele quer lavar a sua imagem fingindo que não sabe de nada, enganando as pessoas como se estivesse a ajudar a polícia na neutralização dos raptores. Isso não constitui a verdade. A única verdade é que Nini é o patrão dos raptos e a polícia vai continuar a exercer o seu papel no combate a este fenómeno que, felizmente, estamos a vencer aos poucos», disse o Comandante.

Em vários julgamentos os suspeitos e condenados sempre mencionaram o nome de Nini como sendo o mandante dos raptos, mas sempre foi despronunciado por falta de provas.

Sobre o assunto Khaláu disse que «aqueles que vão sendo neutralizados pela Polícia têm revelado que Nini é o patrão dos raptos. A profissão de Nini é orientar o crime organizado e, infelizmente, vai tentando enganar-nos dizendo que não sabe de nada ou que tem estado a prestar colaboração na identificação dos criminosos. É tudo mentira. Ele é que comanda os raptos. Grande parte dos raptores detidos aponta o seu nome», acusou Khálau.

Voto do MDM nas regalias dos deputados: Daviz Simango pede desculpa

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clubofmozambique (2014-05-26) “Queremos pedir desculpas ao povo moçambicano pelo facto de a nossa bancada ter cometido um grande erro ao aprovar as regalias, quando a maioria da população vive na pobreza”, afirmou Daviz Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e candidato às presidenciais.

Daviz Simango considera que a bancada do MDM cometeu um grande erro ao ter aprovado as duas leis que atribuem regalias aos deputados e aos ex-Presidentes da República, numa altura em que a esmagadora maioria da população moçambicana vive asfixiada pela pobreza.

O presidente do MDM afirmou já ter reunido com os seus chefes de bancada e deputados a propósito da votação favorável e unânime que estas medidas mereceram do seu partido.

Simango declarou ainda que tenciona pedir uma audiência ao Presidente Guebuza para lhe transmitir esta posição e solicitar que o mesmo devolva estas medidas à Assembleia para reapreciação.
Dhlakama deseja sair das matas para começar pré-campanha rumo às eleições de 15 de Outubro
Escrito por Redação   
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, manifestou esta sexta-feira (23) a vontade de sair das matas de Gorongosa, onde supostamente se encontra, de modo a poder iniciar a pré-campanha eleitoral rumo ao escrutínio de 15 de Outubro, mas diz que tal não acontece porque continua cercado pelas Forças de Defesa e Segurança. “Eu gostaria até de sair hoje, mas estou trancado, cercado pelas tropas. Vou continuar a ter paciência como forma de evitar o pior. Mas eu gostaria, de facto, de fazer o trabalho de pré-campanha. Ainda não sou candidato do partido que dirijo, mas sou líder. Tudo vai depender também da boa vontade da outra parte [Governo]”, afirmou.
Dhlakama diz que a sua saída de Gorongosa está condicionada ao acordo de cessar-fogo, cuja matéria está a ser debatida em sede de diálogo [Centro de Conferências Joaquim Chissano] pelas delegações do Governo e da Renamo. Dhlakama expressou a sua vontade a um numeroso grupo de jornalistas que o ouviam via telefone, na sede do seu partido, hoje, em Maputo.
“Eu estou preocupado com a situação do país, sobretudo com as eleições de 15 de Outubro. Faltam poucos meses, os outros já estão a fazer pré-campanha e eu estou aqui nas matas”, afirmou o líder do maior força da oposição em Moçambique, lamentado o facto de os candidatos da Frelimo, Filipe Nyusi, e do MDM, Daviz Simango, estarem já em actividades de pré-campanha.
Logo após iniciar a sua intervenção, Afonso Dhlakama afirmou aos presentes o seguinte: “eu quero sair daqui de Gorongosa, quero começar a andar. Quero sair e já demonstrei que tenho essa vontade de estar com a família e com vocês, amigos, mas o Governo continua a mandar as suas tropas para aqui, embora eu, Afonso Dhlakama, tenha mostrado boa vontade”.
Para fundamentar a demonstração da sua “boa vontade”, recordou que de forma unilateral mandou cessar-fogo em todo o território moçambicano, contudo, o Governo continua a enviar tropas para o cercarem. Segundo entende, essa postura do Executivo visa impedir-lhe que “comece a organizar-se como candidato do partido, embora ainda não tenha sido legitimado”.
Para a sua saída das matas, o líder da “perdiz” quer que lhe seja garantida a retirada das tropas que o “cercam” em Gorongosa. “Uma das garantias seria que hoje Guebuza demonstrasse boa vontade que eu tenho demonstrado e mandar retirar o Exército que está a cercar-se, para eu poder circular a vontade”, afirma, recordando que ele é um cidadão com o direito de votar e ser eleito.
Que paz Guebuza quer?
Afonso Dhlakama criticou ainda o Presidente da República, Armando Guebuza, por estar a mandar continuamente tropas para Gorongosa. Diz ele ter garantido aos observadores do diálogo político que há quatro dias o pediram para que continuasse com esta boa vontade de manter o cessar-fogo que não iria ordenar novos ataques. “Apesar de a Frelimo está a provocar, eu não quero atacar”.
“E eu disse sim [ao pedido dos observadores], até porque está a pesar-se a consciência, como chefe da família, ordenar de novo ataques mesmo que sejam em defesa própria. Pesa-me muito,” assevera.
Dhlakama diz que o PR está a enganar o povo dizendo que quer paz e não entende como é que este está em presidência aberta numa altura em que o povo clama por paz. O líder da Renamo questiona: Que paz o Guebuza quer, quando o outro cessou fogo e mesmo assim manda tropa para cercar Dhlakama e ele está a passear a fazer presidência aberta?
Não queremos que cada partido tenhas forças armadas
Sobre a exigência da paridade nas Forças de Defesa e Segurança, Dhlakama reiterou que o princípio está previsto no Acordo Geral de Paz (AGP) assinado em Roma, do qual o actual Presidente da República foi um dos negociadores.
“Está escrito [no AGP] que a Renamo tem direito a 50 porcento, a Frelimo 50 porcento nas Forças Armadas. Hoje já não querem discutir o acordo, mas querem que a Renamo entregue armas. Como é que o Dhlakama vai entregar armas da segurança que o proteja e do partido às forças do outro partido?. Temos que criar um exército técnico-profissional. Não queremos que cada partido tenha as suas forças armadas”.
“A Renamo não está a exigir uma coisa nova, apenas a implementação do AGP testemunhado pela comunidade internacional. Se não querem unificar as tropas que o digam à comunidade nacional e internacional para que eu possa reorganizar o meu exército”.
Dhlakama diz estar bem de saúde
O líder da perdiz garantiu à imprensa que ele está bem de saúde. Diz que os rumores de que ele está com a saúde fragilizada é invenção dos membros da Frelimo que temem que ele concorra às eleições.
“Estou bom, bom mesmo. Só o cabelo está branco. Não estou doente, são os irmãos de Frelimo porque têm medo de o Dhlakama concorrer com eles, até dizem que apanhei trombose, que estou doente, morri, estou no Quénia, na América”.
Recorde-se que Dhlakama apareceu em público há cerca de duas semanas na Serra de Gorongosa para se recensear, mas mesmo depois disso o seu paradeiro continua desconhecido.
Castelo-Branco esclarece que não escreveu carta a criticar Presidente Guebuza, disse que fez um post no Facebook
Escrito por Redação   
O economista e professor universitário moçambicano, Carlos Nuno Castel-Branco, foi ouvido esta segunda-feira (26) pela Procuradoria-Geral da República da Cidade de Maputo acerca das duas cartas abertas, supostamente da sua autoria, publicadas na imprensa, no ano passado, nas quais se criticava duramente o Presidente da República, Armando Guebuza, e a sua governação.
No âmbito das duas missivas, a Procuradoria instaurou na altura um processo com o número 503/13- B. Durante a audição de hoje, este órgão questionou ao antigo director do Instituto do Estudos Sociais e Económicos (IESE) se teria sido ele o autor das cartas publicas na imprensa, informou a sua advogada Alice Mabota, presidente da Liga dos Direitos Humanos. Esta disse ainda que o seu cliente negou a autoria das cartas, argumentado que apenas fez um "post" na rede social facebook.
"Ele foi chamado para se saber se a carta é da autoria dele ou não. E ele disse que não é autor da carta, ele é autor de um post," informou Mabota à saída da audição, ocorrida no Tribunal Judicial do Distrito-Um (1a e 3a secções).
Por sua vez, Castelo-Branco disse não estar arrependido por ter feito o seu "post" no facebook. "Como vou estar arrependido se o post foi feito com a intenção de provocar debate sobre coisas que eu considero serem sérias no país. Tenho direito de fazer essas considerações e continuo a considerar essas questões sérias," afirmou, acrescentando que "aproveitamento que cada um quer fazer e as interpretações [do post] é problema dele, mas eu não estou e nunca vou estar arrependido. A luta continua."
Sobre os próximos passos, a advogada disse que tudo irá depender da procuradoria, no entanto, ele considera que o processo não tem "pernas" para para prosseguir.  "(...) isso não tem pernas nem barriga para andar. O post não pode ser analisado, não é o lugar próprio. A carta pode ser analisada, mas o post não pode ser analisada porque não é lugar próprio," esclareceu a advogada.
A verdade é que não existe nenhuma legislação que regula o uso de redes sociais em Moçambique, daí que "post" do economista no facebook e que mais tarde foi replicado na imprensa como carta aberta ao Presidente da República não cobertura legal para ser analisada em juízo. Ao fazer aquele publicação, Castelo-Branco entende que estava a compartilhar com seus amigos do facebook seus pontos de vista sobre uma matéria que julga ser importante e em nenhum momento enviou o mesmo à imprensa para publicação.
E sobre esse aspecto, Alice Mabota argumenta: ele fez um post para os seus amigos e ele é livre de fazer isso. Agora que me tragam a lei que diz que é proibido que alguém dialogue com seus amigos. Eu posso conversar consigo e lhe dizer o que acho que devo dizer, isso não é proibido. Não conheço uma lei que diz isso.
Em Dezembro do ano passado, a Procuradoria ouviu sobre o mesmo processo os editores do semanário Canal de Moçambique e do electrónico MediaFax, Fernando Veloso e Fernando Mbanze, por terem publicado nos seus órgãos as referidas cartas.
Nessa audição pretendia-se saber se o autor das cartas publicadas por estes meios de comunicação social tinha sido o professor Castel-Branco. “A Procuradoria quis saber se de facto é o professor Castel-Branco o autor da carta e como ele nunca apareceu a contestar, acabámos por confirmar [que é ele o autor] ”, disse Veloso.
Na altura, Fernando Veloso explicou que ao se publicar a carta no semanário que dirige entendia-se que se estava a contribuir para a consubstanciação de Estado de Direito e também por ter se apercebido que as pessoas estavam a discutir o conteúdo das mesmas sem o seu devido conhecimento.
Veloso disse na altura que com a sua forma de proceder, a procuradoria estava a perder oportunidade de mostrar que Moçambique é um país verdadeiramente livre e democrático, com uma imprensa que pode levar aos cidadãos opiniões mais diversas que circulam, de forma que a democracia e o estado livre se consubstanciem

 

Gerais 2014: Reunião da Frelimo limita serviços no Hospital Central de Nampula

segunda-feira, Maio 26, 2014
Mais de vinte funcionários afectos a diversos sectores no Hospital Central de Nampula (HCN) foram coagidos, na manhã desta segunda-feira (26), a abandonar os seus postos de trabalhos com vista a participarem numa reunião a porta fechada promovida pelo partido no poder, a Frelimo, facto que condicionou, sobremaneira, o atendimento de pacientes.
A reunião decorreu no anfiteatro daquela unidade sanitária, a maior da região norte do país. Os órgãos de comunicação social foram impedidos de realizar a cobertura do encontro que visava, dentre vários assuntos, instar os técnicos e profissionais de saúde a fazerem parte das células da Frelimo criadas nos bairros da cidade de Nampula.
Os quadros seniores da Frelimo simularam que estavam no HCN para divulgar as normas traçadas durante o último encontro dos “camaradas”, sobre o passos a serem observados para se chegar a deputado da Assembleia da República.
Fonte: @Verdade - 26.05.2014

KERYGMA - O ANTRO DA FRUSTRAÇÃO NACIONAL

POR: Cremildo Bahule   

Normalmente, na segunda-feira, a maioria das pessoas anda desanimada. No fim-de-semana, parece-me, gasta-se mais energia do que nos dias laborais. Alguns rostos que se vêem na segunda-feira assemelham-se aos que saem de escombros. Algumas faces precisam de ser engomadas porque o seu definhamento, no primeiro dia laboral, é assustador. O álcool, para além de ser catalisador de acidentes de viação, é o motivo que gera o desânimo nas segundas-feiras.
Por causa disso o meu amigo Chau, numa conversa sobre esse assunto, dizia o seguinte: “No dia que as empresas públicas, privadas e algumas agências decidirem usar bafómetros muitas pessoas vão perder o emprego”. Particularmente, acho a ideia da utilização do bafómetro genial. Alguém consegue fazer chegar esse recado à ministra Maria Helena Taipo? Temos de aprovar a introdução de bafómetros nos locais de trabalho. (Estou consciente de que muitos amigos estarão contra esta sugestão. Mas de disciplina e produtividade precisa-se).
A parte inicial deste texto é para fazer a ponte sobre o que o meu amigo Filipão me confidenciou.
– Bahule, já percebeste que se consome muito álcool neste país? As pessoas andam frustradas.
Eu, entontecido, com aquela confissão, perguntei:
– Filipe, porque as pessoas estão frustrados e a beber muito?
– Andam frustradas por causa das coisas que estão a acontecer no dia-a-dia.
Faço-me de desentendido para chegar ao alcance da inquietação do meu amigo:
– O que está a acontecer no dia-a-dia?
– São as cenas deste país. É coisa má a acontecer e isso afecta muita gente.
De facto, admiti sem abrir a boca, são muitos acontecimentos para um povo que ainda tem a guerra no seu imaginário. Muitos enredos para um país que almeja pão, água, transporte digno e uma paz efectiva, seja ela por meio de uma paridade sem consistência ou de uma paridade alicerçada numa etnicidade que se quer forjar em nome de uma moçambicanidade genuína. O cansaço que a maioria dos moçambicanos sente já deixou de ser físico.
Tornou-se psicológico. Todos os dias somos bombardeados com notícias de instabilidade porque os que se deviam entender no lugar onde se realizam conferências, na zona da Costa do Sol, andam a brincar com as lógicas de paridade como se dois mais dois fosse igual a dez. Nunca saberemos realmente o que querem. Se todos querem vincar serem os donos do poder ou se querem todos servir o povo.
– Mano, a bebida é fácil de se ter. Até dizem que no tal de Mutxope seis cervejas custam cem meticais. O voo do meu pensamento foi quebrado com este detalhe alcoólico.
– Tens razão, Filipe. Há muito exagero nessas coisas.
– É isso. Os governantes sabem disso e não fazem nada. Querem embebedar a juventude para não perceber o que está a acontecer.
– O preço do livro é dez vezes mais elevado que uma grade de cerveja. Se a educação é essencial porque é que os manuais escolares têm preços elevados? Até o livro que é gratuito ainda não chegou aos destinatários. Um país com muita madeira, mas os alunos sentam-se no chão. Não vou falar do “my love”, o maior retrocesso deste país. Na capital do país, o lixo confunde-se com uma noite de estrelas.
Frustrado em dose dupla, o meu amigo falava com um nervosismo de derrubar o prédio mais alto de Moçambique. Eu escutava-o e não tinha o que dizer, pois também vivo os mesmos problemas.
– Sabes Bahule, enquanto essas coisas continuarem assim este país não terá um sobrevivente. Todos estaremos alcoolizados porque continuaremos a beber para não encararmos os problemas que o país vive.
Filipe respirou fundo e voltou à carga:
– Só há uma solução para isto.
– Qual seria a solução?
– Perguntei inocentemente.
– Pedirmos a Deus que faça cair um dilúvio só em Moçambique.
– !?
– Sim e entrariam na arca os que não têm nada a ver com essas coisas de política e paridade. Na arca podem admitir algumas bitolas para se garantir alguma diversão enquanto esperammos que a terra seque.
Que sugestão hilariante! Mas uma coisa é certa. O país anda frustrado e precisa de alguma cura divina. Entre o álcool e a cura divina oscilam as frustrações de muitos moçambicanos. A verdade é uma apenas – temos de saber anular, com alguma serenidade e sabedoria, os dias fortes que se aproximam.