"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Jovens condenam concessão de terra

Jovens condenam concessão de terra


 Pela primeira vez um grupo organizado que representa os jovens Moçambicanos, levantam a voz dizendo não as pretensões dos vovós da Frelimo. Estes sentindo que a concessão de milhares de terras aos brasileiros por 50 anos renováveis, trará um peso muito grande num momento em que os “vendedores” já não estarão entre nós, decidiram dizer não a esta concessão, isto é, condenaram o acto. Apesar de que a Frelimo nunca escuta o clamor do povo, embora sempre alegue fazer a vontade do povo coisa que nunca fez, esperamos que desta vez escutem e levem em consideração esta voz dos continuadores desta nação.  Esperamos que os senhores deputados da Assembleia da República sejam verdadeiramente ao menos pela primeira vez, dignos representantes do povo apoiando a voz dos jovens. 
PARABÉNS JOVENS! CONTINUEM A LUTAR DAQUILO QUE É VOSSO, PORQUE SE NÃO FAZEM NINGUÉM FARÁ POR VÓS, OS VOVÓS PENSAM SOMENTE NOS BOLSOS DELES EM VOSSO PREJUIZO. “O Parlamento Juvenil entende que o problema da terra afecta directamente os jovens, na medida em que estes, para além de constituírem a maioria, são os que num futuro breve vão carregar este pesado fardo que o Governo pretende deixar”
O Parlamento Juvenil, uma organização juvenil de advocacia de direitos da juventude, emitiu um comunicado no qual condena a pretensão do governo moçambicano de concessionar 6 milhões de hectares de terra aos agricultores brasileiros de Mato Grosso.
Nesse comunicado, aquela agremiação juvenil considera que o prazo – 50 anos renováveis por mais 50 – é extenso, representando uma geração. “O Parlamento Juvenil entende que o problema da terra afecta directamente os jovens, na medida em que estes, para além de constituírem a maioria, são os que num futuro breve vão carregar este pesado fardo que o Governo pretende deixar”, refere o comunicado, acrescentando que “este fenómeno cria condições suficientes para que no futuro tenha lugar a segunda epopeia de nacionalização da terra em Moçambique, para que a mesma seja de novo pertença dos moçambicanos”.

“O país vai viver dias de insegurança” -Dhlakama apela aos investidores para abandonarem o país

 O povo Moçambicano não quer voltar a guerra, pois ainda está cicatrizando as feridas causadas pelas duas guerras; a de libertação nacional e a civil que levou pouco menos pouco mais de 16 anos. No entanto, é inaceitável que um país com todos recursos minerais e humanos que tem continua abaixo da linha de pobreza absoluta. Não se deve admitir mais que a politica egoísta/partidária da Frelimo continua a descriminar, a separar/dividir, a explorar e a matar de várias formas, a empobrecer o país. Moçambicanos, deixem de serem escravos da politica separatista da frelimo, e olhem para o povo. Camaradas, olhem para as vossas famílias e mudem a vossa ideologia. O povo não está contra vós, mas sim contra a vossa politica e gestão de fazer de conta e a vida de disfarce. Devem aprendem com a Líbia. O povo quando diz chega, quer dizer que basta mesmo, mesmo que mate a alguns, os outros que vem de trás continuarão….   Leia as declarações do senhor Dhlakama.

O líder da Renamo quer um “Governo de Transição” alegando que “é preciso fazer desmoronar o império da Frelimo”
“Advirto aos estrangeiros, investidores, que Moçambique não está em segurança, por isso é melhor abandonarem o país muito cedo para não saírem a correr e perder muita coisa. Poderão voltar depois de Dezembro com o Governo de Transição” – Afonso Dhlakama
 Nampula (Canalmoz) - O líder do partido Renamo, Afonso Dhlakama, disse na manhã de ontem, na sua residência, na cidade de Nampula, que o clima de paz e segurança não está nos melhores momentos, por isso todo o investimento a esta altura poderá ser um desperdício. Numa entrevista exclusiva ao Canalmoz, Dhlakama lançou mesmo um apelo aos que tem Moçambique como destino preferencial para negócios e laser: “Advirto aos estrangeiros e investidores que Moçambique não está em segurança por isso é melhor abandonarem o país muito cedo para não saírem a correr e perder muita coisa. Poderão voltar depois de Dezembro com o governo de transição”, disse o líder da Renamo que já dirigiu uma sangrenta guerra civil durante cerca de 16 anos.
O presidente da Renamo diz não ter moral política para encorajar os investidores a se manterem em Moçambique, por o momento que se segue não ser dos melhores.  “Eu sempre encorajei para que fosse investido em Moçambique, mas não vale a pena enganar as pessoas que Moçambique está bem”, disse Dhlakama.
 “Lutar para dar poder ao Povo”
 “Tudo isto é para dar poder ao povo. Nós ainda somos jovens e temos força para lutar pela democracia”, acrescentou o líder da Renamo.
Ele acrescentou que “a Frelimo deve-se preparar para sair do poder”, “por bem ou por mal”, porque “estamos cansados da escravatura que o povo moçambicano está a passar, as humilhações e as injúrias”.  Dhlakama a quem a Frelimo tem chamado de ‘louco” entende que a mudança da actual ordem política no país não passa mais por realização de eleições, mas, sim, por se fazer desmoronar o “império” da Frelimo.
“Não pode haver eleições em Moçambique depois das últimas realizadas em 2009 enquanto a Frelimo está no poder”.
“Se voltar a haver eleições estaremos a reclamar o roubo de votos e eleições fraudulentas em vão”. “Acabamos legitimando os ladrões e criminosos da Frelimo”, concluiu.  Num outro desenvolvimento, Afonso Dhlakama assegurou que “um governo de transição (GT) é a única alternativa para que Moçambique saia da situação em que se encontra”.   “O País está partidarizado. Até os recursos naturais”.   “Moçambique, com o Governo de Transição, poderá realizar as primeiras eleições democráticas, livres, justas e transparentes”, disse Dhlakama. “Fora isso é inaceitável”.
 “Tudo vai ser pacífico”
 Dhlakama diz que este processo de mudanças no país ainda poderá ser pacífico, mas “tudo depende da Frelimo”. “Se eles [a Frelimo] quiserem que seja pacífico nós vamos reagir pacificamente, se não quiserem não nos restará alguma outra opção”, tendo em conta que “com a Frelimo no poder nada pode mudar”.
 “As instituições são falsas”
 O líder da Renamo não receia o apoio externo à Frelimo. Sustenta que “mesmo durante a luta pela democracia a Frelimo era bem apoiada por todo o mundo”, mas “agora isto vai ser para doer”.  Dhlakama refere que “com a Frelimo as instituições existentes no país são falsas”. “São instituições falsas, porque a Frelimo rouba e não aceita mudanças democráticas” e “todo o povo é refém da Frelimo”.
O povo moçambicano está incapacitado de poder contrariar os “caprichos da Frelimo”, por isso “como no passado assim como no presente dirigirei a revolução para desalojar a Frelimo, porque nenhum outro moçambicano pode fazer isso”. “Podem-lhe assassinar”.  “Olhando para Moçambique, ninguém mais pode fazer isso porque da maneira como a Frelimo está não é possível um moçambicano enfrentar”, conclui Dhlakama.
O carismático líder da “perdiz”, como se provou pelos banhos de multidão na sua digressão pelas províncias do Norte em que escalou Cabo Delgado, Nampula, Zambézia e Niassa, anunciou já os seus planos aos seus seguidores para derrubar a Frelimo. Alegou entretanto que “as pessoas não se arriscam” a derrubar a Frelimo, “porque temem represálias e têm medo de serem assassinadas, já que tudo em Moçambique é Frelimo”.
“Reconheço que vários intelectuais se tornam escravos da Frelimo. É assim que o sistema está, por isso aceito sacrificar-me para que o povo seja dono do país e tenhamos um governo do povo, vindo dos moçambicanos”, afiançou Dhlakama.
 Os quartéis
 Durante o seu périplo pelas províncias do norte do país, incluindo a da Zambézia, que acentuou frequentemente, Dhlakama anunciou a instalação de quartéis militares para o que considera “acomodação para os ex-guerrilheiros da Renamo expulsos” das fileiras das Forças Armadas da Defesa de Moçambique, exército único, produto do Acordo Geral da Paz, AGP.   Instado dos tais militares das FADM que segundo ele têm sido expulsos e compulsivamente passados à reserva, o nosso interlocutor garantiu que dentro de semanas “quase todos os quartéis estarão implantados no país”.
 Resposta ao incumprimento do AGP
 A implantação dos quartéis a que Dhlakama se tem referido “é a resposta ao incumprimento do AGP”, diz.
“Esta decisão não é para fazer guerra, mas, sim, para evitar que os expulsos das fileiras das FADM não possam cometer desmandos nas suas aldeias”, porque “eles sempre me perguntam o que devem fazer já que a Frelimo queria que fossem escravos deles e que para ocupar algum lugar de chefia no exército não dependia do mérito, mas, sim, do dispor de um cartão da Frelimo como membro”. 
Afonso Dhlakama tem sido frequentemente apontado nos últimos anos como umhomem que diz coisas que não cumpre, no entanto alguns académicos tem vaticinado ultimamente que a qualquer momento Dhlakama pode surpreender e agir mesmo. (Aunício da Silva)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Defender conquistas da independência ou defender o que já pertence a uns quantos?

São poucas as vezes que nos oferecem a oportunidade de avaliar e analisar o pensamento que sustenta as políticas do partido governamental. A pretexto do Ano de Samora Machel muitas são as palestras proferidas por diferentes membros da Frelimo, intelectuais afectos a este partido e governantes.
Se a tese defendida pelos diferentes membros da Frelimo no que se refere à posse da terra está em consonância com o plasmado nos estatutos e programa daquele partido nos tempos em que o mesmo era um movimento de libertação isso é fácil de ver. Quanto ao tratamento que essa questão fulcral tem recebido ao longo dos tempos isso já é algo bem diferente.

É fácil proclamar que a terra é do Estado. É fácil dizer que sem esse enquadramento legal o país estaria a produzir “sem-terras”. Mas a verdade é superior aos discursos por mais bem feitos e escritos que estejam.
José Chichava escamoteia a verdade quando avança com teses sobre a posse da terra que não correspondem a realidade.
Quem vendeu a terra aos sul-africanos que desenvolvem actividades turísticas em Inhambane não foram os candidatos a serem os tais “sem terra”.
Quem açambarca terras aráveis e outras susceptíveis de aproveitamento turístico e mineralógico não é o cidadão comum mas os membros da nomenclatura que se julgam donos do País.
Quem possui milhares de hectares de terra sem utilização ou exploração produtiva são membros do partido Frelimo com posições e funções de chefia no aparato governamental.
Quem determina se a petição de DUAT é aceite são as mesmas pessoas que dizem aos moçambicanos que a terra é do Estado.
Discursar para membros da Organização da Juventude Moçambicana sobre o tema “Posse da Terra” já se torna suspeito a partir do nome “OJM”. Sendo uma organização de massas do partido Frelimo estaremos perante uma tentativa discursiva de assegurar que os futuros membros da Frelimo filiados nesta organização continuem a defender o que todos os moçambicanos sabem que não corresponde a verdade.
A OJM jamais irá pautar-se pela defesa da posse privada da terra porque não pode desobedecer às orientações emanadas da direcção da Frelimo.
É um discurso falso, esgotado e podre continuar afirmando que a terra pertence ao Estado.
É correcto afirmar que a terra pertence aos altos funcionários governamentais e membros da cúpula da Frelimo. Estes ao abrigo dos esquemas que governam a atribuição dos títulos de uso e aproveitamento da terra definem quem obtém estes DUAT’s. Em geral o que fazem é açambarcarem as melhores terras e utilizarem os DUAT’s garantidos pela sua posição política e governamental para estabelecerem joint-ventures com entidades internacionais.
Todo o jogo e promoção da cultura da tristemente famosa “jatropha” foi feito com base neste tipo de esquemas.
O surgimento de companhias estrangeiras no domínio da agro-indústria explorando largos milhares de hectares resulta das “facilidades” oferecidas e da associação directa oi indirecta de altos funcionários governamentais no activo ou na reforma.
Outra forma encontrada foi garantir que entidades de governos “amigos” como Líbia ou China ou ainda Portugal tivessem acesso a terra moçambicana em associação com elementos moçambicanos indicados a dedo por quem manda e julga  que o País é exclusivamente seu.
Não adianta aparecerem pseudo-intelectuais procurando enganar os moçambicanos com palavras bonitas que não passam de mentiras.
Até é um insulto no “Ano de Samora Machel”, único dirigente moçambicano que defendia o preceituado na lei sobre a terra e discursar sobre algo que já não corresponde a verdade.
José Chichava mente como muitos outros. Mesmo aqueles veteranos da Luta de Libertação como Marcelino dos Santos sabem que já não corresponde à verdade o teor e conteúdo do discurso de Chichava. Até Marcelino dos Santos tem terras e insiste em continuar a enganar o Povo Moçambicano.
Jogo duplo destes senhores: falam muito que a terra é do Estado, mas eles próprios vão ficando com a terra toda e o Povo sem nada. Com toda a conversa de que a terra é do Estado o Povo nem terra tem para construir uma casita. É com estes discurso que adormecem o Povo.
Mas será mesmo que um dia isto não vai mesmo ter de acabar, nem que seja à força?
Irresponsáveis é o que se pode pensar desta gente que pensa que a fartura de que apenas eles usufruem, pelo caminho que as coisas estão a levar, vai durar sempre.

Noé Nhantumo

MAPUTO SERIA O MESMO QUE DIZER MOÇAMBIQUE? – PORQUE CINCO FABRICAS NA MESMA PROVINCIA?


Segundo informações vinculadas pelo Estado Moçambicano  nas vésperas da abertura da FACIM que pela primeira vez será em Marracuene, num futuro muito próximo entrará em funcionamento cinco novas fabricas de cimento na província de Maputo. Com entrada em funcionamento dessas unidades, o preço de cimento deverá baixar significativamente nas cidades de Maputo e Matola, a pesar de as que já existem, mesmo com a capacidade instalada aumentada continuarem a não conseguirem competir em termos de preços com o cimento importado.
Como estão a ver caros irmãos, está Frelimo não se interesse de Moçambique mas sim da Cidade e Província de Maputo. Maputo existem fabricas de cimento e segundo os seus interesses vão instalar outras cinco novas fabricas de cimento na mesma província. A questão que coloco se vocês me ajudam a reflectir é a seguinte. Se Maputo tem fabricas de cimento e os preços deste produto continuam elevados e pior de tudo sem um preço fixo. Porque não dividirem as tais fabricas em outras cinco províncias. Vocês sabem o quer dizer, uma pessoa que quer construir em Lichinga ter que depender do cimento de Nacala, e já pensaram a quanto essa pessoa vai pagar por cada saco de cimento e quanto lhe custará construir uma casinha condigna?
Porque tanta diferença no mesmo país e o mesmo povo? Claro na óptica de quem sabe ler os acontecimentos, os Moçambicanos estão divididos entre os do norte, os do cento e os do sul. Estes últimos são segundo a Frelimo os que merecem ter uma vida digna, pois são os mais inteligentes e sabem manipular os outros. Se não fosse isso, teriam um comportamento diferente e um tratamento ao menos aproximado. Mas a realidade é que a diferença é mesmo de fazer chorar o outro colonizado.
Pergunto eu, qual é a diferença entre o colonialismo português e a Frelimo? Não será a Frelimo o pior colonizar dos tempos que Moçambique conheceu? Fala-se de fabrica de anti-retrovirais, de montagem de viaturas e por ai. Tudo no Maputo, porque as outras províncias não merecem ou é porque os tubarões que devem gerir tais fabricas encontram-se no Maputo? Como pode desenvolver o país se acumulam tudo no mesmo sitio, ou seja, se a distribuição dos bens é exageradamente desigual?
Questão dos agricultores brasileiros no norte
Não quero ser pessimista quanto esta oportunidade de desenvolver a agricultura no norte do país. No entanto, coloco a questão de que, porque as industrias/fabricas no sul e a agricultura no norte. Quem será o verdadeiro beneficiário desta mecanização agrícola no norte? Macuas, Nyanjas, Macondes, Chuabos,…ou os mesmos tubarões em detrimento dos legítimos proprietários dessas terras que vão ser escorraçados?
Será por falta da agricultores brancos que Moçambique continua pobre? O algodão, o milho e a soja que se falam, produzimos em quantidade suficiente e até para abastecer mercados exteriores. A melhor coisa para sairmos dessa provocada pobreza, seria apostar na construção de vias de acesso e celeiros e mecanismos de processamento local desses produtos. Quantas fabricas de algodão foram fechadas nessas províncias do norte e porque não reabrirem essas fabricas pois elas têm suas machambas onde produziam?
Porque é que quando a produção do algodão do amendoim, do milho, castanha de caju, feijões…. produzidos nessas províncias aumenta, baixam os preços o que leva ao camponês a reduzir ou abandonar essa cultura? Porque é que muitos produtos apodrecem nos camponeses e depois quando passa a época passam fome? Simples a resposta, porque não têm quem lhes ajude a conservar esses produtos; não há onde processar os cereais.
Os cerais dessas províncias quase mais que a metade vão nos países vizinhos como Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e ai são processados  e conservados para depois voltarem a venderem aos produtores a um preço muito alto com pretexto de que são cereais deles, que na verdade são frutos da nossa produção. O camponês moçambicano está obrigado a um opção que em condições normais não tomaria. Ou opta por aceitar o preço de compra proposto pelos compradores ou ficar com seu produto e apodrecer porque não tem como conservar por longo tempo.
Risco
Será este projecto para beneficiar os nativos e o país em geral, ou para recuperar a colonização que fez empobrecer o país. Os brasileiros desenvolveram graças aos escravos africanos que eram tratados como animais sem direito de nada. Hoje ainda se nota as sequelas desta escravidão, será que não vão continuar essa politica colonial?
A Frelimo sempre quando quer alcançar os seus intentos sempre evoca, ser vontade do povo. No entanto, nunca estão ai para o tal povo,  nunca consultou o povo em coisas que vão afectar o próprio povo. Nunca se interessam das consequências das ofertas, mas sim o crescimento dos bolsos gordos deles.
Essas zonas vivem pessoas que aproveitam esses terrenos e tem autoridade local que representam de forma directa o povo. Não são deputados da assembleia da república que não representam a ninguém mas sim a sua família e seu egoísta bem-estar. Nesta ordem de ideias sugiro que consultem as populações que expliquem a verdade e que apresentem tudo; os termos de contrato, as modalidades de exploração, que produção levarão a cabo, em que áreas, onde e como ficarão os camponeses dessas terras, quais são os benefícios para o povo e para o país, quais são os pró e cons desse projecto, como vai ser a mão de obra, e em caso de irregularidade e maus tratos aos empregados Moçambicanos onde recorrer e quais são as medidas que serão tomadas aos infractores….
Que se faça um estudo de viabilidade envolvendo as populações locais e que respeitem a opinião e decisão povo local. Apelo ao governo da Frelimo que seja mais sensível a esta questão e procure proteger o povo. Que distribuam os bens de forma equitativa segundo a necessidade de cada província e de cada povo.  Ou pensam que o sul não tem terreno para esse tipo de agricultura, ou que o norte não merece ter fabricas e industrias? Lembrem-se, quem semeia vento recolhe tempestade e quem com ferro mata, com ferro morrerá…..

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

GESTÃO DANOSA, GESTÃO DE FAZ DE CONTA - VIDA DE APARÊNCIA 2

Assim vai o nosso belo Moçambique. Se uma pessoa quer viver e salvaguardar o seu pão e a sua família enquanto funcionário do estado Moçambicano deve viver de aparência, isto é, deve fazer de conta que tudo está bem. Se tu em qualquer momento querer ser o que tu és e vales, é visto como desafio a autoridade superior e a menor consequência disso são demissões forjadas como acabamos de assistir. Onde vamos parar com isto?
A vida tem três fases muito cruciais; a infância, a adolescência/juventude e a fase adulta actual. Na infância vivemos e aprendemos dos nossos pais tudo de bom, que era preciso SER. Ser honesto, ser educado, ser digno, ser respeitoso, ser amigo, ser leal…. Mas tarde, testemunhamos com os nossos próprios olhos a fase de ter. Era preciso TER. ter boa aparência, ter dinheiro, ter status, ter coisas, ter e ter….. finalmente na actualidade, estamos presenciando a fase do FAZ DE CONTA.  Hoje as pessoas fazem de conta que está tudo bem.
Pais fazem de conta que educam, professores fazem de conta que ensinam, os alunos fazem de conta que aprendem. Profissionais fazem de conta que são competentes, governantes fazem de conta que se preocupam com o povo e o povo faz de conta que acredita neles. As pessoas fazem de conta que são honestas, líderes religiosos fazem de conta que são representantes de Deus, e os fiéis fazem de conta que têm fé.
Doentes fazem de conta que têm saúde, os criminosos fazem de conta que são dignos e a justiça faz de conta que funciona e faz de conta que é imparcial. Traficantes fazem de conta que são cidadãos de bem e consumidores de drogas fazem de conta que não impulsionam esse nefando mercado do crime.
Os pais fazem de conta que não sabem que os seus filhos consumem drogas, que se prostituem, que estão se matando aos poucos, e os filhos fazem de conta que não sabem que os pais sabem.  Os corruptos da nossa praça se fazem passar de idealistas e os terroristas fazem de conta que são justiceiro,…. e os esposos/noivos/namorados fazem de conta que se amam……
A maioria da população faz de conta que está tudo bem….. mas uma coisa é certa: Não podemos fazer de conta quando nos olhamos no espelho da própria consciência. Podemos arranjar desculpas para explicar nosso faz de conta, mas não há como justificar. Importante salientar, todavia, que essa representação no dia-a-dia, esse faz de conta, causa prejuízos. Para aqueles que lançam mão desse tipo de comportamento, que comecem a reflectir. A pessoa que age assim termina confundindo a si mesma e caindo num vazio e acaba em uma frustração sem fim.
Raras pessoas são realmente autênticas. Por isso, elas se destacam em seus ambientes. Na nossa governação danosa encontramos estas pessoas? Claro que sim, mas são raras e pouquíssimas.  Essas são aqueles que não representam, apenas são o que são, sem fazer alarde disso. São profissionais, éticos e competentes, amigos, leais, pais zelosos na educação dos filhos, políticos honestos, religiosos fiéis aos ensinos que ministram.
São, enfim, pessoas especiais, descomplicadas, de atitudes simples, mas concretas e, acima de tudo, fiéis consigo mesmas.  Pessoas realmente autenticas são raras, mas existem. Na maioria das vezes são pessoas felizes…. Tu queres ser feliz?  Então abandona a vida de aparência, pára de fazer de conta…. e seja autêntico e coerente contigo mesmo e depois no serviço aos demais.
“Se não quiseres adoecer….. não viva de aparência. Quem esconde a realidade, finge, faz de conta, faz pose, quer sempre dar impressão que está bem, quer mostrar ser perfeito, bonzinho, etc.,  está acumulando toneladas de peso,… uma estátua de bronze, mas com as pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fechadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor….” Dr. Draúzio
Unamos as mãos para resgatarmos o autêntico real Moçambique e o ganho será para todos nós. Deixa de ser escravo de seu disfarce, do seu faz de conta e aparência. A mascara é para ameaçar e nós queremos viver livres e….

sábado, 20 de agosto de 2011

DEMISSÕES DOS EDIS PODERÁ CUSTAR 2 MILHÕES DE DOLARES OU MAIS

 A onda de demissões dos edis dos municípios no norte, centro e sul do país poderá rasgar o tesouro do estado cerca de Dois Milhões de Dólares Norte Americanos. Refere-se aos edis de Pemba, Cuamba, e brevemente para os de Quelimane, Manhiça e Chòkwé, todos por alegada gestão danosa dos municípios.  Lembrar que estes municípios são geridos pelos camaradas que normalmente são impunes…..
Segundo as informações que colhemos, os edis de Pemba e Cuamba já entregaram as cartas de renúncia esperando assim a marcação das datas para a eleições intercalares. Na mesma ordem de ideia e reconhecendo as acusações que recaem sobre outros camaradas, o edil de Quelimane seguirá o exemplos dos colegas anteriores apresentando a sua demissão. Este fará a sua despedida aos munícipes da sua autarquia no dia da cidade que será daqui a poucos dias. Assim poderá “evitar uma saída humilhante e pela porta pequena”, acenou Pio Matos.
A cosa não para por aqui. Depois destes seguiram os edis de Chòkwé e Manhiça que poderão apresentar os pedidos de renúncia dos cargos, porque também são acusados de uma gestão danosa.
Compatriotas, será que me podem ajudar a entender ou clarificar a minha ignorância, o que está acontecendo dentro da Frelimo. Será que não havia formas próprias para evitar esses danos que ajudaria de certa maneira a não gastar dinheiro que não estava orçamentado para o efeito? Porque deixaram chegarem a esse ponto? Ou os edis em causa deram-se conta dos problemas que se vivem dentro do partido e usando a inteligência preferiram afastarem-se ou…?
Lamentavelmente, não reconhecendo a má gestão da Frelimo dos bens do estado, o senhor Edson Macuacua, falando sobre as eleições intercalares de Cuamba dizia “apesar do edil de Cuamba ter renunciado ao cargo por alegada má gestão, a Frelimo acredita que ainda tem credibilidade e por isso, os eleitores vão escolher o seu candidato”. Justificava a vitória, na capacidade organizativa e idoneidade do partido.
A questão primeira é, será ele Deus que sabe o que existe no coração e na mente do ser humano? Se não é, como sabe que os eleitores escolherão o seu candidato? Ou é uma forma de preparar a fraude de sempre, para que quando chegue o momento dos resultados, diga que, já havíamos falado que ganharíamos! Ou terão que repetir o cenário de Nacala- Porto ou o quê?
Como é possível, tantas renúncias quase ao mesmo tempo onde existe idoneidade? Ou queria dizer o contrário e se equivocou, ou eu é que estou equivocado? Será que tem consciência que o povo moçambicano já perdeu fé com a Frelimo, porque só promove o sofrimento pela vida miserável que lhe proporciona? Capacidade organizativa até posso concordar com ele, mas de idoneidade, me desculpe, mas não tem nada como isso. Não há nenhuma credibilidade, nem confiança no partido no poder, porque todos pensam no seu bolso em detrimento do bolso da população garante, se deixaram corromper demasiado.
Não seria este um momento fértil para os camaradas reflectirem e mudar a maquina do partido. Essas demissões não serão uma amostra de descontentamento e rendição no seio dos camaradas?  Não se enganem pensando que estão enganar o povo, onde há renúncias de cargos revela que algo não está andar bem e os que tem auto-estima e para manter a sua reputação preferem demitirem-se. O que de certa maneira deviam fazer muitos dos nossos governantes. Não será fácil recuperar a confiança do povo, porque a traição foi muito pesada. Procurem escutar a voz do povo e sejam sensíveis ao seu sofrimento  colocando as coisas nos seus lugares.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MOÇAMBIQUE PROPRIEDADE PRIVADA DA FRELIMO!?

Algumas pessoas que são mentores desta atitude discriminativa poderão pensar que sou caluniador  ou simplesmente me chamarão profeta da desgraça  como fizeram com o nosso musico Azagaia. Infeliz e lamentavelmente a Frelimo tomou o País de todos nós como propriedade privada sua, fazendo dele o que lhe apetece, como lhe apetece, onde e quando lhe apetece. Com  esta visão separatória, coloca cada vez mais a falsa Unidade Nacional por ela evocada nos seus descartáveis  comícios populares.

Somente quem não quer o bem do povo, quem coloca sobre todas as coisas a lei da força do partido Frelimo, pode não entender o que digo neste artigo. O estado e a Frelimo é a mesma coisa e isso é normal para maior parte dos camaradas.  No entanto, estas duas coisas deviam e devem estar separadas. Este casamento do partido no poder e o estado/governo, é a causa de fundo, ou seja, a raiz de toda maldade que acontece no nosso empobrecido país( corrupção, criminalidade, violência, assaltos, falta de moral/respeito generalizado, matanças, roubos, subornos, falta de seriedade nos serviços públicos, incompetências, discriminação a de quase todos níveis,….. em fim muita injustiça).

Digo eu segundo a minha pobre visão político-social, as coisas não deviam funcionar assim. O funcionário do estado deve separar as duas coisas e colocar cada coisa no seu respectivo lugar. Estar ao serviço do povo ou da nação e não da sua bandeira politica como acontece com os camaradas.  Tudo o que é do estado pertence aos camaradas, pois eles fazem uso para os seus trabalhos políticos partidários. A exemplo deste, dá-se no momento da campanha eleitoral. Os funcionários seniores do estado, estão todos na campanha a favor do partido Frelimo e usam viaturas e dinheiro do estado.

Os funcionários do estado que não tenham cartão do partido Frelimo são mal vistos e em muitos casos são despedidos ou nunca progridem na sua carreira profissional (se tiverem sorte). Quer dizer são obrigados a ser/ter cartão do partido dos camaradas.

Quem não é dos camaradas não conta em nada, pode sofrer, pode morrer e não passa nada. Pior ainda, com a mentalidade ignorante tribo-regionalista de alguns, que o sul é que tem a capacidade e que deve mandar e o centro/norte mandados e obedecer, produzir para o sul viver bem e desenvolver.

Pergunto eu, chamariam esta forma de governação, promotora da unidade nacional? A própria constituição de todos nós diz que ninguém deve ser discriminado por motivo da sua religião, raça, cultura…. Filiação politica. Ou seja todos estão livres de escolher a sua filiação politica… então porque discriminar as pessoas por causa de filiação politica? Usar as coisas do estado para fins do partido e obrigar um funcionar a ter cartão do partido e fazer o que quer, como, onde e quando quer, não chamaríamos isso de fazer Moçambique como propriedade privada do partido?

Moçambique é dos moçambicanos e o povo Moçambicano é todo o conjunto de pessoas de várias confissões religiosas, etnias, culturas, partidos. Na falta de um, então Moçambique não é Moçambique, mas uma outra coisa que não sei como chamar. Pensar que todo povo é ou deve ser da Frelimo é um grande erro e absurdo porque nunca será possível. E o que deve estar claro é que por alguém não comungar as mesmas ideologias politicas comigo não quer dizer que está contra mim.

É tempo de mudar de mentalidade. Enquanto defendes os interesses do partido, seja funcionário do estado, ao serviço dos interesses do povo/da nação. É momento já de começar separar as coisas. O que é do estado seja do estado e ao serviço do estado e o que é do partido do partido e ao serviço do partido e não ao contrário. 

Não estão a ver o perigo que Moçambique corre com esta forma de governação e de fazer as coisas? Que num futuro próximo pode criar um conflito devastador pior que do passado 16 anos? Uma vez que a Frelimo tomou tudo como propriedade sua, o estado, a nação como pertença dela, não se sabe o que é da Frelimo e o que é do estado, será que fica algo que é pertença do nação? Ou pensam que o povo permanecerá parvo e deixará que a Frelimo continue a empobrecer o país, escravizando o povo eternamente no poder?

O que acontecerá se um dia perder as eleições, aceitarão entregar as coisas do estado ao novo governo diferente a deles? Não será este o objectivo porque não querem separar as coisas do estado e do partido? Não farão o que fizeram na Beira, que até alguns departamentos do município local tiveram que funcionar nas arvores por algum tempo? Não será este o momento de fazerem registo total e global a partir da base até ao topo de toda pertença do estado e apresentarem ao povo, para que todo o moçambicano saiba o que tem como propriedade sua e não do partido Frelimo?

Moçambicanos, parem, reflictam comigo estas questões e procuremos tomar uma precaução para o bem de todos nós. Estão errados todos os que pensam que Moçambique é propriedade da Frelimo, por isso, pode fazer com ele o que quer, como quer, quando e onde quer. Moçambique é dos moçambicanos sem distinção de raça, religião, etnia, cultura, filiação politica. Nem é do sul, nem do centro nem do norte, mas um todo. Por isso, trabalhemos para que haja de facto a Unidade Nacional, e não somente uma coisa que está nos discursos bonitos no entanto estéreis.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

ADMINISTRADORES DOS DISTRITOS DO NORTE E OS PRIMEIROS SECRETÁRIOS DOS CAMARADAS EM LUTA PELO TROFEU


Os primeiros secretários da Frelimo e os administradores dos distritos estão em uma luta sem tréguas pela conquista do troféu. Os primeiros usurpam o poder e autoridade legitima dos segundos com objectivo de ganhar a posição de deputado da assembleia da república ou ser administrador de algum distrito, como prémio do partido em caso de ganhar as próximas eleições.  Este facto se verifica quase em todo país, mas com maior  e forte índice nos distritos de Nampula onde há maior influencia da oposição, como é o caso de Murrupula, Memba, Muecate, Meconta (Namialo), Nacarôa, Nacala(s), Mussuril, Ilha de Moçambique, Angoche, Mogincual, Muecate,…. Aqui se justifica a razão porque Namialo, (uma vila industrializada e de um notável crescimento económico) ficou por fora na corrida das novas autarquias; vila que mais se qualifica que muitos dos municípios do país. Porque a oposição tem muita influencia nestes distritos e assim os camaradas colocaram os seus primeiros secretários para velar pelos distritos deixando de fora as legítimas autoridades do governo.

 “Os  camaradas primeiros secretários  fazem  visitas melhores que as dos senhores administradores” e se tiverem em conta o presidente da República “as actividades do partido são melhores que as do Governo”.
A capacidade de actuação dos administradores reduziu sobremaneira porque já estavam a comprometer o partido Frelimo”. As instruções da mais alta nomenclatura do partido, “prioriza a sufocação dos partidos da oposição para que desapareçam, e a meta é até 2013”.
No distrito de Muecate, por exemplo, “por vezes o primeiro secretário do partido trabalha de forma disfarçada com o administrador local”, para que “ele não tome decisões que possam prejudicar o partido”.
Ainda naquele distrito, “as decisões mais delicadas”, sobretudo no que se refere “aos sete milhões de meticais, são tomadas na residência do administrador, e ele apenas escuta o que o camarada primeiro secretário, secretário da mobilização e propaganda dizem”.
Naquele ponto de Nampula, para além destas duas figuras do partido, participam das referidas reuniões de tomada de decisão que sucedem na residência do administrador, o secretário distrital da Organização da Juventude Moçambicana, OJM, e a secretária distrital da OMM, Organização da Mulher Moçambicana, ambas organizações sociais do partido Frelimo.
Em Memba, para assinar um simples documento, a administradora é obrigada, antes, a levar pessoalmente ao gabinete de trabalho do primeiro secretário ou então à residência deste. O governo local, está por assim dizer, totalmente subjugado ao partido no poder. O Estado está, por assim dizer, subordinado a uma entidade para todos os efeitos de direito privado.
Uma fonte do Canalmoz no Governo do distrito de Memba afiançou-nos que “a senhora administradora quando leva documentos para a casa do camarada primeiro secretário até dá pena. É humilhada. Por vezes até vai a pé”.   Mais para o litoral, nos distritos da Ilha de Moçambique, Nacala-Porto, Nacala-a-Velha, Mussuril, Monapo, Mogincual e Moma, a situação é desastrosa, porque a orientação é para que estes locais sejam apertados para que nos próximos pleitos eleitorais o partido no poder, a Frelimo, vença e se elimine a influência da oposição.
A Frelimo quer colher resultados nesses distritos. Já não confia nos administradores. “Com as novas remodelações dos administradores a ideia é tentar ver se eles colaboram com os primeiros secretários distritais que detêm funções políticas e de revitalização das bases da Frelimo”, confidencia-nos uma fonte do aparelho da Frelimo em Nampula.

Luta-se pelo troféu
 O desafio colocado aos primeiros secretários distritais é terem ganhos pessoais no futuro. Segundo soube o Canalmoz no comité provincial do partido Frelimo em Nampula, o troféu que lhes está a ser prometido varia entre ser deputado da Assembleia da República e ser administrador distrital.
É, inspirados nesses troféus que os primeiros secretários distritais da Frelimo em Nampula, praticamente sufocam as agendas dos administradores distritais, como nos conta a nossa fonte da Frelimo em Nampula.
“Veja que agora qualquer ministro ou alta figura do Estado que se desloca a Nampula não se preocupa com o Governo, mas sim em saber do partido como vão as coisas”, conta-nos a fonte. Acrescenta que “os primeiros secretários distritais têm as suas equipas, com as quais contam formar um futuro elenco governativo se para administradores forem indicados”. Isto é, os secretários do partido Frelimo nos distritos, no quadro das suas ambições e promessas, estão a criar os seus séquitos.
A orientação de estar no encalço dos administradores não começou somente com a visita do presidente da República que é simultaneamente o presidente do partido Frelimo. Vem dos tempos depois da realização do último pleito eleitoral no país, quando a partir dos resultados mais favoráveis à oposição, se passou a suspeitar haver ligações entre certos administradores e os partidos da oposição. (Aunício da Silva)

Assim funcionam as coisas com os camaradas……

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Azagaia, profeta da Desgraça!!!!? Leia a entrevista feita ao músico

 

Uma Azagaia no coração da mentira (1)

Por Rui Lamarques

Dele conhece-se o lado cáustico e frontal com que analisa o dia-a-dia do país e critica os políticos. Mas há um outro Azagaia. Aquele que fala de amor e que um dia já passou por uma linhagem (na música) diametralmente oposta à que lhe valeu uma chamada à Procuradoria e o rótulo de persona non grata do regime. Deve ser desse Azagaia do passado que o statu quo, mesmo sem tê-lo conhecido, sente saudades.

Há quem lhe chame incómodo, pessimista, controverso, fatalista, apóstolo da desgraça. Edson da Luz está-se nas tintas. Aos 28 anos, sente-se na obrigação de não ser calado e de alertar os moçambicanos para a postura do Governo que “manda tirar vidas” para acabar com greves, numa alusão às manifestações de 1 e 2 de Setembro.

Fá-lo da única maneira que sabe: com frontalidade, sem medir as palavras. E, na passada semana, o Estado, através do seu braço repressivo, não mediu forças nem tempo para vasculhar a sua viatura até “achar” bolinhas de soruma que serviriam de mote para privá-lo da liberdade. Por 48 horas.“Eu só da geração que não deixa o nó da gravata prender o grito de liberdade que explode na garganta.”

Em 2007, Luís Carlos Patraquim escreveu no Savana, primeiro semanário independente de Moçambique, que “já havia a ‘Babalaze das Quizumbas’” de José Craveirinha para depois acrescentar: “Agora chegou outra babalaze via programa ‘Hip Hop Time’, da rádio. E um videoclip que já circula no ‘YouTube’”, cujo autor era um jovem com “uma letra de arrasar com o título em oxímoro.” A primeira impressão, disse, “quando se ouve este RAP – será RAP?

(...) é a de que o miúdo se passou. Saltou-lhe a tampa e resolveu sair à rua para um exercício escatológico total. Jogo demasiado arriscado dada a anárquica circulação do trânsito geral com um número crescente de acidentados. Um homem vai ao volante do que julga ser a sua verdade e surge-lhe, em sentido contrário, um Jeep que colide com ele ou uma kalash, dentro do veículo, que começa a disparar descontroladamente”.

Porém, não foi nem um Jeep e nem uma kalash com que Azagaia colidiu no último sábado. Foi com os agentes da Polícia de Investigação Criminal. Na avenida FPLM horas antes do espectáculo de lançamento de “A minha geração”, o seu mais recente videoclip no Café bar do Gil Vicente. Acusado de posse de drogas o músico ficou detido 48 horas, tendo sido solto na manhã de segunda-feira (1 de Agosto).

(@Verdade) – Mesmo depois de ter sido vítima de censura, continua a escrever e a criticar tudo e todos sem piedade. Afi nal, o que o move?

(Azagaia) – O desejo de mudança. O inconformismo com a situação actual do país e principalmente a vontade de ser a voz que o povo não tem, mas que precisa. Fundamentalmente, porque uma mudança para o povo é uma mudança para mim também. Acredito que devemos combater o mal quando ainda está na casa do vizinho, sob pena de sermos a próxima vítima, caso não o façamos.

Ninguém é imune o sufi ciente para não ser afectado pelos problemas do meio que o rodeia, nem que seja apenas emocionalmente, por mais rico ou abastado que seja. Mas mais do que um serviço público, é o refl exo da minha personalidade que não se consegue deter perante injustiças. Sejam elas de que natureza forem.

(@V) – Algumas pessoas dizem que é apóstolo da desgraça. Quando faz falta uma voz crítica, já se sabe a quem ligar. Não o preocupa ser o incómodo número um da juventude?

(A) – Preocupam-me outras coisas como a segurança pública, a distribuição da riqueza, a corrupção, a falta de educação com qualidade, o preconceito e fundamentalmente o medo que as pessoas têm de se expressar. Todos esses problemas afectam-me e às pessoas à minha volta, mais do que qualquer ameaça ao meu futuro.

Acredito também que a juventude moçambicana, por causa desses problemas, tem um futuro incerto. A qualquer momento podemos ser roubados e não podemos contar com a polícia. Ou, se quisermos contar com ela, temos de entrar num esquema podre de corrupção, onde também não se tem a certeza dos resultados. A má distribuição da riqueza afecta a juventude do país.

Jovens têm de vir à cidade de Maputo para agarrarem uma oportunidade. A cidade, por causa disso, está superlotada e a consequência directa é o desemprego, a prostituição, a vida ociosa, porque não há espaço para todos. Enfim, todos estes problemas, em última análise, afectam-nos directa ou indirectamente.

(@V) – Tem medo de si?

(A) – Sim, muitas vezes. É que quando penso em alguma coisa, o mais provável é que de seguida escreva ou diga e isso nem sempre é bom. É como se fosse vítima de mim mesmo.

(@V) – Nunca se arrependeu das suas palavras?

(A) – Não. Normalmente não me arrependo do que faço ou digo. Primeiro porque não há nada que se possa fazer depois da palavra sair da nossa boca. Depois porque mesmo que nos arrependamos, tudo o que dissermos a seguir para reparar o erro soa apenas como justificação e muita gente não entende. Como estou sempre consciente quando falo ou faço alguma coisa, para mim é cobardia fazer parecer o contrário. Aceito sim os erros que cometo e procuro aprender com eles.

(@V) – Costuma ver as suas actuações?

(A) – Raras vezes. Mas ultimamente procuro ver mais.

(@V) – E o que é que diz a sua família quando o vê?

 (A) – Risos (...). Geralmente, ‘parabéns’...mas sempre acompanhado de um ‘tens que ter cuidado’”.

(@V) – O que acha da governação de Armando Guebuza?

(A) – Péssima, triste e vergonhosa. Acredito que é das piores, senão a pior que já tivemos. Penso que é essa governação a maior responsável pela perda de valores humanos entre os moçambicanos, na medida em que promove única e exclusivamente o sentido de oportunidade e negócio, com todas as ferramentas necessárias: o lambebotismo, a corrupção e o crime organizado.

(@V) – Apoiou Deviz Simango para presidente da República. Como vê a sua actuação hoje?

(A) – Apoiei, sim. Actualmente, pouco vejo. Tenho-o sentido pouco interventivo, talvez porque agora possui uma máquina difícil de controlar. A política partidária em Moçambique está muito viciada no imediatismo e na procura de ganhos individuais por parte dos que a fazem.

(@V) – Como olha para a situação dos transportes no país?

(A) – Vergonhosa. O sector dos transportes devia ser maioritariamente público, não privado. O negócio privado implica o lucro e ganho imediato, o que faz com que se trate os passageiros como mera mercadoria. Aliás, o transporte é uma das coisas que qualquer Governo deveria garantir ao seu povo em troca dos impostos que recebe.

(@V) – O que sentiu quando foi chamado à Procuradoria?

(A) – Fiquei perplexo. Nunca imaginei que pudesse acontecer. Mas pude perceber que realmente, para defender o statu quo, tudo é possível neste país.

(@V) – Tem estômago para estas coisas?

(A) – Se não tivesse, já teria desistido...

(@V) – Nunca pensou em emigrar?

(A) – Já. Principalmente por causa da minha família. Este país consegue ser muito ingrato para as pessoas que dão até o que não têm, por ele. Mas é um país tão belo e especial que acredito que se partisse, pela primeira vez me arrependeria.

(@V) – Aceitaria um lugar no Governo? Se o convidassem para ministro da Juventude e Desportos?

(A) – Não. Neste Governo, jamais.

(@V) – Defende uma baixa de impostos?

(A) – Penso que o problema não é exatamente os impostos, mas a aplicação destes. A fiscalização dessa aplicação. Enquanto não se melhorar nesses aspectos, a tendência será pensarmos em aumentar os impostos para aumentar a receita fiscal.

 (@V) – Quando os moçambicanos tomarem consciência de que tudo isto é uma fraude, como diz, teremos uma nova revolução?

(A) – A revolução já começou. A prova disso é o caos em que vivemos. Estes são os últimos suspiros de um sistema moribundo. É sempre assim quando a mudança está para acontecer. Há mais violência e fúria por parte dos que sentem que estão para perder.

(@V) – Diz de si próprio que é Edson Mandela “pelo tempo que lhe aprisionaram”. Onde é que esteve preso? Isso tem a ver com a temática das suas músicas?

(A) – Falo de uma prisão mental em que muitos dos moçambicanos ainda se encontram. Muita gente ainda vive na era em que o partido oferece e garante tudo em troca da nossa completa submissão. Muita gente ainda acredita que melhor que saber fazer alguma coisa de concreto é ter uma boa imagem e saber falar ou convencer, mesmo que por dentro esta imagem seja podre e vazia. Isso para mim é prisão. Acredito que um dia já fui assim e agradeço por me ter conseguido libertar dessa mentalidade. Hoje valorizo mais quem sabe fazer, não quem simplesmente aparenta.

(@) – Onde gasta o seu dinheiro? Qual é o seu luxo?

(A) – Vivo como a maioria, sem muito espaço para luxo. O meu luxo é saber que não falta o mínimo aos meus filhos e à minha casa. O meu luxo é poder pagar as minhas contas a tempo. Não me permito mais luxos do que esses. Apenas quando viajo para o exterior, ou para fazer concertos fora de Maputo é que relaxo e decido ser menos eu e fingir ser alguém mais folgado e despreocupado. Quando tenho dinheiro mais do que suficiente, gasto em livros, filmes, alguma roupa e presentes para os que me são queridos, e, claro, alguma poupança.

(@V) – Quando era miúdo, o que gostava de fazer?

(A) – Ainda sou miúdo. Mas sempre fui amante do desporto. Joguei basquetebol durante 12 anos e sempre gostei de música.

(@V) – E o que é que recorda da sua infância em Namaacha?

(A) – Em Namaacha era muito bom. Pequeno e aconchegante. As pessoas conheciam-se e respeitavam-se. Tratávamos os vizinhos por tios. Éramos uma grande família. Penso que a minha infância foi a melhor época da minha vida. É que eu adoro ar livre e sempre fui de muitas brincadeiras.

(@V) – É um músico de factos e não de crenças?

(A) – Sou um músico de crenças. Os factos apenas sustentam as minhas crenças.

(@V) – É um homem romântico?

(A) – Sou, bastante. Mas não como as novelas brasileiras mostram. Sou uma pessoa emotiva. Emociono-me bastante com as situações da vida. Adoro uma boa gargalhada e não me impeço de chorar quando necessário.

(@V) – Tem saudades da Dinastia Bantu?

(A) – Tenho. Da mesma forma que tenho saudades da minha infância. De quando era mais inocente e só via prazer na vida.

(@V) – Acredita em Deus?

(A) – Sempre. Quem está com povo, está com Deus!