01/11/2020
O líder dissidente da Renamo, Mariano Nhongo, revelou neste sábado, 31, ter fracassado o novo esforço de negociações de paz com Maputo, após acusações, do grupo, de sucessivas violações de trégua de sete dias, decretada por Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e que terminou a 31 de outubro.
“Não havia trégua, e não há trégua, e dentro deste ano pode não haver trégua, e nem no próximo ano pode não haver trégua. A Renamo tem sua agenda, e sua agenda é governar o país” com uma democracia independente, disse à VOA Mariano Nhongo ao anunciar o colapso do diálogo com o governo.
O Governo moçambicano suspendeu qualquer investida contra membros da autoproclamada Junta Militar da Renamo a partir de domingo, 25, por um período de uma semana, que terminou a 31, como forma de abrir caminho para um diálogo com o grupo dissidente do principal partido da oposição.
O general da Renamo assegurou que teve “demoradas conversações” esta semana com o enviado especial do Secretário-geral das Nações Unidas, Mirko Manzoni, e denunciou a violação da trégua unilateral ao registar novos casos de raptos e assassinatos durante os sete dias do cessar-fogo.
“Por isso ontem (sexta-feira, 30) eu falei ao embaixador, Mirko Manzoni, eu expliquei ‘amigo já não tem mais serviço aqui você, só está a passear’, não está a fazer nada”, precisou Mariano Nhongo em declarações por telefone algures da Gorongosa.
Para Mariano Nhongo a trégua foi “uma batota” do governo para perseguir os dirigentes da autoproclamada Junta Militar da Renamo, sem retaliação dos dissidentes, e insistiu que não houve honestidade no cessar-fogo.
“Não há, não há, qual trégua em que estávamos. A (autoproclamada) Junta Militar renega enganar o mundo, e não pensem que a Junta Militar está a procura de dinheiro não, nós não estamos a procurar dinheiro não” disse Mariano Nhongo, sem fazer menção se foi feita uma proposta neste sentido.
O dirigente da autoproclamada Junta Militar da Renamo, reiterou que para qualquer negociação, o governo deve divulgar a petição enviada pelo grupo em setembro de 2019, onde constam as suas verdadeiras reivindicações.
“Esse nosso irmão, Filipe Nyusi, é batoteiro. Ele sabe que quando ler (divulgar) este documento as queixas que fazemos contra ele” serão conhecidas, supostamente por ter “rasgado” o que tinha já acordado com Afonso Dhlakama, antes de morrer, e ter implementado um acordo “viciado” que assinou com Ossufo Momade.
“Quando faleceu (Afonso) Dhlakama já tínhamos um campo (pista), no lugar onde foi realizado o Congresso da Renamo. Aquele campo não era para o Congresso, realizou-se o Congresso quando Dhlakama perdeu a vida. Aquele campo era de helicópteros para transportar os homens da Renamo para irem ser enquadrados em todos os ramos das Forças de Defesa e Segurança”, explicou Mariano Nhongo.
“Eu já estive naquele campo, como general, e isso (que foi acordado na altura) está aonde? E hoje estão a procura de paz, há de vir de onde?” questionou.
Contudo, o antigo estratega militar de Afonso Dhlakama, disse que ainda espera um bom senso do governo para avançar com as negociações do novo acordo com o grupo, que passa, primeiro, pela divulgação da petição.
“Por isso solução vamos ter a frente, do momento não temos solução” continuou Mariano Nhongo.
O governo ainda não se pronunciou sobre a nova falha no esforço para pôr fim a meses de ataques em estradas e aldeias nas províncias de Manica e Sofala, no centro de Moçambique.
O Presidente moçambicano anunciou esta semana que já tinham iniciado os contactos para a abertura ao diálogo.
VOA – 01.11.2020
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