"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 27 de novembro de 2020

 

Filipe Nyusi acusa parte da imprensa de manipular informações sobre a guerra em Cabo Delgado

Analista adverte que tal acusação pode dar luz verde a mais ataques contra profissionais da imprensa

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, expressou nesta quarta-feira, 25, preocupação ao que classifica de prevalência de onda de desinformação e manipulação pública sobre a situação do terrorismo em Cabo Delgado.

O estadista moçambicano considerou que este é um dos factores que ameaçam a unidade nacional e que deve ser combatido.

 “Entre as ameaças à nossa unicidade e moçambicanidade constatamos a tendência crescente da desinformação e a tentativa de manipulação da opinião pública através das redes sociais”, disse Filipe Nyusi ao se dirigir aos quadros superiores do exército moçambicano, incluindo antigos ministros da Defesa.

No seu discurso, Nyusi visou directamente alguns órgãos de informação, e chegou a considerar estarem a servir interesses dos terroristas.

“Preocupa-nos, também, que nesta saga de distorção da realidade na divulgação de irrealidades, estarem a ser utilizados alguns órgãos de informação, que ao invés de pautarem pelo profissionalismo, acabam, deliberadamente ou inocentemente, agindo em vantagem dos inimigos ou dos terroristas" disse, sem no entanto, revelar os órgãos em causa.

Perante esta situação, Nyusi quer que o exército esteja vigilante e pronta para agir, por forma a “não ser denegrida, deliberadamente”.

Entretanto, o analista e activista social Borges Nhamire diz que as declarações do Chefe de Estado são consentâneas com o que tem sido o comportamento do Governo para a imprensa.

“O Governo nunca viu a imprensa como um parceiro com relação a Cabo Delgado. Sempre tratou a imprensa como inimiga”, afirmor Nhamire analisou.

Para aquele activista, mais grave ainjda é que as declarações podem estar "a dar carta-branca ao exército e os governos locais para serem repressivas com a imprensa".

Moçambique tem sido palco de desaparecimento e ataques contra jornalistas nos últimos anos, sem qualquer punição dos autores desses ataques, como têm denunciado organizações nacionais e internacionais.

Na terça-feira, 24, dois jornalistas do Media Mais TV foram agredidos em Nampula quando faziam uma reportagem a uma família desalojada.

Há algumas semanas, nove jornalistas foram perseguidos por insurgentes em Cabo Delgado, dois dos quais continuam desaparecidos.

O locutor da Rádio Comunitária de Palmo, Ibraimo Mbaruko, encontra-se desparecido desde 7 de abril depois de ter sido levado por indivíduos não identificados.

VOA – 25.11.2020

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