"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 19 de novembro de 2020

 

Analistas questionam posicionamento do Presidente moçambicano sobre negociações com insurgentes

Eles criticam o trabalho dos Serviços de Informação e Segurança do Estado

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, de forma reiterada, tem afirmado estar aberto a dialogar com os insurgentes que aterrorizam a província de Cabo Delgado, mas não tem como fazê-lo porque eles não dão a cara.

Analistas, no entanto, rejeitam o argumento e criticam os serviços de inteligência por não fazerem o seu trabalho.

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Para o pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP), Borges Namire, este argumento não é convicente porque alguns dirigentes de mesquitas em Cabo Delgado conhecem algumas das pessoas que lideram os atacantes.

"Para além disso", realçou Namire, "eu não sei que trabalho é que os Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE), fizeram com as irmãs missionárias que haviam sido raptadas pelos insurgentes".

Ele lembra que "duas freiras da paróquia de Mocímboa da Praia estiveram nas mãos dos terroristas durante aproximadamente 24 dias, mas depois foram postas em liberdade”.

Para Nhamire, “este pode ser um canal de aproximação para diálogo porque as freiras podem conhecer algumas pessoas que possam indicar a liderança dos terroristas".

Serviços Inteligência “ao serviço da Frelimo”

Por seu lado, o político Raúl Domingos diz que o trabalho de inteligência não é feito porque "os Serviços de Informação e Segurança do Estado , estão apenas para defender os interesses da Frelimo".

O académico João Feijó, coordenador do Conselho Técnico do Observatório do Meio Rural, discorda da justificação de que não se sabe com negociar e defende que é preciso identificar quem são os líderes desses grupos.

Feijó adianta que " há todo um trabalho de inteligência que deve ser feito, no sentido de identificação dos líderes desses grupos, há uma mensagem, frequentemente difundida, segundo a qual este movimento não tem rosto e não se sabe com quem negociar, se eles não são conhecidos é porque a inteligência não está a fazer o seu trabalho".

"É preciso identificar esses indivíduos e abrir canais para ver quais são as suas reivindicações, e ver o que é que isso pode dar", defende aquele académico.

A província de Cabo Delgado está a braços com ataques de insurgentes há três anos, e a estimativa de mortes é agora de duas mil pessoas, entre civis e militares.

Dados oficiais indicam haver, pelo menos, 435 mil deslocados internos devido a violência protagonizada por grupos, localmente conhecidos por al-shabab, que contam com alguma simpatia do Estado Islâmico, que já reivindicou vários ataques do grupo nos distritos do norte e centro de Cabo Delgado.

VOA – 18.11.2020

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