Quirimbas abarrotada
Doentes de cólera impedidos de desembarcar no Ibo, têm nas Quirimbas o porto de acolhimento, hoje a ilha está abarrotada de gente, sem espaço para uma mosca sequer.
Difícil quantificar as pessoas que preenchem o território das Quirimbas, numa impressionante disputa por um pedacinho de terra que seja, situação agravada pelos incontáveis casos de cólera importados de Matemo.
A epidemia da cólera eclodiu em Matemo, tendo, em outubro, precipitado a morte de mais de 80 indivíduos – números nunca revelados pelas autoridades sanitárias –, situação que levou ao êxodo maciço dos ilhéus em busca de melhores condições sanitárias, para isso elegendo a ilha do Ibo.
Aqui, todos os que tentavam desembarcar, provenientes de Matemo, eram mandados voltar, por se temer a propagação da doença no Ibo. Desesperadas, as pessoas acabaram por desviar as embarcações não de volta para Matemo, sim, para as Quirimbas, ilha que por estes dias está abarrotada de gente.
As autoridades das Quirimbas muito se esforçaram em distribuir terrenos para os que chegavam, mas esses terrenos já não existem para mais ninguém, nem para uma ‘mosca’ que seja.
Não menos sonante, o número de deslocados que foi desembarcando em Paquitequete, Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado, muitos debilitados, outros tantos acabando perdendo a vida.
A seguir à mão pesada atribuída aos elementos das forças governamentais que, em Matemo, e durante a rotina das revistas, ‘roubam’ o dinheiro e outros bens pessoais dos ilhéus, fora este mal que já se generalizou, a cólera assume dimensões alarmantes, uma vez que o centro de saúde lá existente, é incapaz de dar resposta à altura das exigências.
Ou seja, Matemo foi deixado para trás por causa do que consideram ‘tortura’ dos militares e da cólera.
EXPRESSO – 18.11.2020
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