"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 4 de novembro de 2020

 

Trégua e ataque estratégico ao... ‘tacho’

EM causa, o ataque perpetrado pelas forças governamentais, semana passada, contra a famigerada base ‘Síria’, nas matas de Cabo Delgado, com um saldo favorável a incluir a destruição de 16 panelas de 50 litros/ /cada e três toneladas de produtos alimentares diversos.

Isto contado pelo próprio comandante geral da polícia, Bernardino Rafael, na abertura, em Pemba, do conselho coordenador do Comando Geral da Polícia.

Não é caricato, nem de somenos importância o facto de o comando conjunto ter direccionado os canos precisamente contra as panelas em período de preparação das refeições, acabando por precipitar a vã tentativa de recuperação do ‘tacho’, por parte de 19 elementos, que num ápice foram mortalmente alvejados.

Sem o ‘tacho’, os que fazem a guerra perdem a animosidade de prosseguir em frente, acabando por engendrar acções criminosas que visam aceder aos produtos alimentares, preferencialmente prontos a consumir.

Por esses momentos, as machambas agrícolas são alvos de um misto de vandalização e de busca incessante de ‘mata-fome’.

No caso dos que escaparam com vida, na incursão surpresa das forças governamentais contra a base ‘Síria’, a estratégia passa pela tal busca do que comer, só possível nas comunidades que, por estas alturas, rareiam pelas matas da província, em virtude da violência armada.

Para lugares distantes, o inimigo não tem como se fazer com a necessária celeridade, visto que Bernardino Rafael garante terem sido destruídas 15 viaturas e 20 motorizadas, meios pelos quais o inimigo encurta as distâncias, sobretudo nas mais longíquas.

Entretanto, as forças governamentais estariam de sobreaviso, para os casos em que o inimigo abandona os seus esconderijos em busca de alimentos e de água, para o sustento.

Os dois ataques referidos por Bernardino Rafael teriam acontecido na quarta e quinta-feira. Filipe Nyusi, por essas alturas, revelou o aumento da capacidade operativa na frente norte, em Cabo Delgado, sobretudo, de modo a devolver a segurança na região.

 Não foi necessariamente preciso em que consistiria o tal reforço, uma vez pairar alegada insatisfação por parte dos elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), ávidos de serem rendidos, volvidos três meses depois de lá terem permanecido. Com a aparente dificuldade em garantir reforço para a rendição, questiona-se onde é que Nyusi irá reunir capacidade operativa para Cabo Delgado.

Mas quando o comandante chefe das forças de defesa e segurança, na mesma altura, anuncia trégua unilateral de sete dias, para a frente operativa centro, nomeadamente nas províncias de Manica e Sofala, imediatamente salta à vista a eventual transferência de parte do comando conjunto para operações em Cabo Delgado.

Ou seja, Nyusi tenta resolver dois problemas numa assentada. Transmite a ideia de que está efectivamente interessado em dar espaço para a Junta Militar da Renamo entrar para a via do diálogo, para isso fazendo relaxar os ataques e perseguições à Junta Militar, mas, ao mesmo tempo, dá maior musculatura em Cabo Delgado.

A ser válido este fio de raciocínio, as operações em Cabo Delgado passam por ser céleres e acertivas o suficiente para, imediatamente a seguir, devolver os homens para a frente centro. Enquanto isso, as manobras dilatórias na gestão do tal diálogo tripartido, não sendo obra do acaso o sururu causado por acusações públicas de Amade Miquidade que acabaram por irritar Ossufo Momade e sua malta.

O ministro do Interior disse aos moçambicanos que, para aniquilar a Junta Militar, precisa de informações classificadas que estariam na posse de Ossufo Momade, que entretanto, sabe-se agora, não está disposto a fornecer, por ser da responsabilidade do executivo, nomeadamente dos vários ramos das forças de defesa e segurança.

EXPRESSO – 03.11.2020

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