"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 13 de novembro de 2020

 

"É espantoso que neste Moçambique os políticos da Frelimo não tenham vergonha nenhuma de serem nivelados a um larápio vulgar! "

EUREKA por Laurindos Macuácua

Cartas ao Presidente da República (37)

Bom dia, Presidente. Tudo bem, Excelência? A esfregar as mãos nem, por causa da criação do Fundo Soberano?! Sabe que isto, nas últimas semanas, perturba o meu sono? Não tenho conseguido pregar o olho.

Estamos a falar de muito dinheiro que estará ali, à mão de semear para esta Frelimo que nunca soube respeitar o bem público! Até parece que o partido especializou-se, fortemente, à arte de delapidar fundos do Estado.

Por exemplo: a propósito do que se convencionou chamar “dívidas ocultas”: mais do que o julgamento de Manuel Chang ou Ndambi Guebuza ou Gregório Leão ou Ernesto Gove, estarão em julgamento, no Tribunal, as opções nepotistas dos sucessivos Governos de Moçambique, sempre liderados pelo partido Frelimo.

Ou seja, mais do que meia dezena de co-réus, existem, aos magote, milhares de ladrões, de maior sofisticação, que, diariamente e em conivência com altos quadros da Frelimo, delapidam os parcos recursos do nosso empobrecido Estado, construindo e comprando mansões, por via de enriquecimento ilícito.

E se um dia Moçambique tiver de tomar uma posição firme contra a corrupção, onde deve começar a luta contra a corrupção é no Governo, sem deixar de lado o chefe desse mesmo Governo que mais parece um chefe de uma quadrilha de assaltantes vulgares do que um político que jurou servir, exemplarmente, o País.

É espantoso que neste Moçambique os políticos da Frelimo não tenham vergonha nenhuma de serem nivelados a um larápio vulgar!

Bom: é verdade irrefutável, Presidente, que a ideia da criação de um mecanismo de gestão judiciosa das receitas provenientes da extração e venda dos nossos recursos naturais merece aplausos de todos, mas quanto à sua administração, não posso dizer o mesmo.

Dinheiros públicos neste País continuam a ser drenados à sorrelfa e sobretudo agora com as adjudicações directas em nome da pandemia da Covid-19.

Nós até podemos chorar juntos os macabros assassinatos dos nossos irmãos em Cabo Delgado, mas quando se fala de gestão de finanças públicas, os moçambicanos têm mais razões para desconfiar. Porquê? Ou seja, é ou não é legítima essa desconfiança?

Quantas vezes os cofres das nossas instituições públicas foram assaltados pela elite frelimista? Helena Taipo não foi a primeira a dizer que o dinheiro que roubou no INSS foi para financiar a campanha do partido Frelimo. Diodino Cambaza já o havia dito.

Até Jean Boustani disse que, para além de ter dado dinheiro ao Presidente para a sua campanha eleitoral, também deu ao partido Frelimo.

Como é que o futuro Fundo Soberano vai se manter incólume às ávidas e enormes goelas da Frelimo?

Estou muito preocupado. No superlativo.

DN – 13.11.2020

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