28/06/2020
O grupo de insurgentes que reocupou neste sábado, 27, a sede de Mocímboa da Praia, três meses depois de outra violenta invasão e captura da vila, raptou oito raparigas, um comerciante e um líder religioso relataram à VOA moradores.
O ataque provocou a fuga de centenas de pessoas em barcos ou a pé e a intervenção de helicópteros sul-africanos.
“Eles raptavam as pessoas e deixavam numa mesquita na vila e outros metiam no armazém do empresário Imo” relatou um dos moradores, Assane, pouco antes das comunicações serem interrompidas no local.
“Eles (insurgentes) entraram as 05:00horas locais na vila e começaram a disparar. Todos que conseguiram fugir, fugiam para a costa e apanhavam qualquer barco que encontrassem”, contou à VOA Amina Juma, uma deslocada que chegou este domingo, 28, a Pemba.
Anteriormente a agência de notícias Reuters tinha noticiado que os suspeitos insurgentes islâmicos tinham atacado Mocímboa da Praia no sábado. A vila está situada perto de projetos bilionários de gás das multinacionais Total e Exxon Mobil, reportou a Reuters citando fontes da polícia e segurança.
A fonte policial da Reuters disse que o ataque, o mais recente na vila estratégica vila de Mocímboa da Praia, 60 km a sul de projetos de gás, foi "muito violento" e as forças de defesa e segurança moçambicanas (FDS) sofreram várias baixas.
"As FDS estão a travar uma luta feroz", disse a fonte, acrescentando que as comunicações agora estão cortadas.
Uma fonte de segurança confirmou o ataque deste sábado e disse que helicópteros operados pela empresa de segurança privada sul-africana Dyck Advisory Group reagiram após a melhoria de condições de visibilidade.
Residentes locais citados pela imprensa suspeitam a ocorrência de muitas mortes.
Contactados pela Reuters para comentários sobre o ataque, porta-vozes do ministério da Defesa e da Polícia não responderam de imediato.
As petrolíferas Exxon e a Total não responderam também a pedidos de comentários enviados fora do horário comercial.
NOVO ATAQUE NO CENTRO DE MOÇAMBIQUE
Uma criança morreu e outros quatro adultos ficaram gravemente feridos durante um ataque armado contra um autocarro de passageiros neste domingo, 28, numa aldeia a 5 quilómetros de Inchope, junto à EN1, na província moçambicana de Manica.
Várias testemunhas contaram a VOA que o autocarro foi “metralhado” cerca das 06:00 horas locais na zona de Arco Íris, no distrito de Gondola (Manica). Várias vítimas ficaram feridas, a criança não resistiu e morreu a caminho do hospital.
“De repente ouvimos tiros, no meio da agitação, eu mesmo percebi que tinha sido atingido com bala no braço” contou à VOA Noémio Gonçalves, um sobrevivente que encontramos a receber cuidados médicos no hospital distrital de Gondola.
O autocarro fazia ligação Nampula (Norte) e Maputo (Sul), pernoitou na vila da Gorongosa, de onde partiu cerca das 05:00 horas, e foi atacado numa zona sem um histórico de emboscadas junto a EN1, a principal estrada que liga o Sul e o Norte de Moçambique.
Este é o primeiro ataque que ocorre na EN1, quase uma semana depois do enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas a Moçambique, Mirko Manzoni, ter anunciado em entrevista a uma estacão privada de televisão, STV, que fracassaram as tentativas de negociar com o líder dissidente da Renamo, acusado pelas autoridades de protagonizar ataques armados no centro de Moçambique.
VOA – 28.06.2020
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