07/06/2020
Uma comunidade de carmelitas descreve o ataque que decorreu no final de maio no norte do país.
É a primeira vez que as Irmãs Carmelitas Teresas de São José descrevem o mais recente ataque de grupos terroristas em Macomia, que ocorreu no final de maio. Segundo a descrição da irmã Blanca Nubia Castaño, “o ataque”, que começou na madrugada de 28 de maio, “foi forte, cruel e durou três dias”.
As irmãs, sabendo “do risco” que corriam, pois a região estava já sobressaltada pela ameaça dos grupos armados que reivindicam pertencer ao Estado Islâmico, abandonaram a missão dias antes.
Só na passada quinta-feira, dia 4 de junho, “apesar de os riscos não terem passado totalmente”, as irmãs decidiram regressar a Macomia para ver a dimensão dos estragos causados pelos terroristas.
Nas palavras da irmã Castaño, a destruição foi brutal. “Como resultado desta barbárie, temos a zona urbana totalmente destruída, a maioria das infraestructuras do Estado danificadas e a zona comercial reduzida a cinzas.”
Além da destruição material, importa apurar o número de vítimas. Mas essa contabilidade ainda está por fazer. “Ainda não sabemos o número de vítimas civis e nem das forças [de segurança]. Só ontem, [dia 3 de junho], as pessoas começaram a voltar lentamente para as suas casas, algumas foram queimadas, outras saqueadas... Lembrem-se que há apenas um ano que vivemos a destruição da passagem do ciclone Keneth...”
A missão das Irmãs Carmelitas Teresas de São José foi poupada, mas, ao que parece, segundo a irmã, apenas por estar situada relativamente fora da zona atacada pelos terroristas. “A nossa missão salvou-se por estar na parte alta, ao lado de uma base militar. Apesar de os riscos não terem passado totalmente, hoje [dia 4 de junho] decidimos ir visitar, encorajar e ajudar pelo menos os nossos trabalhadores e as suas famílias. Por questões de segurança, tivemos que voltar hoje mesmo para a outra missão onde estamos refugiadas.”
A Irmã Blanca Castaño refere ainda, na mensagem que colocou nas redes sociais, o sentimento de indignação perante o cenário de destruição a que ficou reduzida a zona. As irmãs estão presentes em Macomia há 16 anos, desenvolvendo um trabalho notável na área educacional. “Desde há dois anos e meio”, escreve ainda a religiosa, a região de Macomia, como aliás toda a província de Cabo Delgado, tem vindo a ser “aterrorizada” por ataques cruéis por parte de grupos armados jihadistas.
“Dói-nos a alma pelo atropelamento aos nossos irmãos, ficamos indignadas com a injustiça, ficamos tristes com a incerteza e sentimo-nos impotentes. Só nos resta esperar e confiar no Deus da Vida”, escreve ainda a Irmã Castaño.
RENASCENÇA(Lisboa) – 06.06.2020
NOTA: Porque será que os midia ainda lá não foram se até as freiras já voltaram? Medo ou proibição?
Fernando Gil
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