"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 7 de junho de 2020

ONU disponível para discutir com Mariano Nhongo


Mariano_NhongoO enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para Moçambique manifestou-se hoje disponível para discutir com Mariano Nhongo, líder dissidente da autoproclamada Junta Militar da Renamo, acusada de protagonizar ataques armados no centro de Moçambique.
"Estamos disponíveis para discutir se o objetivo é a paz", disse Mirko Manzoni, em declarações à imprensa, após uma cerimónia que marca a desmobilização de guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), no quadro do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, no posto administrativo de Savana, na província de Sofala, centro de Moçambique.
Em causa estão os ataques no centro do país atribuídos a um grupo liderado por Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da Renamo, que exige melhores condições de reintegração e a demissão do atual líder do partido, Ossufo Momade, acusando-o de ter desviado o processo negocial dos ideais do seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico que morreu em maio de 2018, quando decorriam conversações de paz com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique).
Para o enviado pessoal do secretário-geral da ONU, as reivindicações de Mariano Nhongo podem ser discutidas, mas o "importante é ver se são possíveis e pertinentes".
"Todos temos reivindicações", frisou Mirko Manzoni, acrescentando que já teve um primeiro contacto telefónico com Mariano Nhongo e que está disponível para discutir o tema pessoalmente.
"Eu não tenho medo, nem problemas. Não há problema no mundo que não possa ser resolvido com o diálogo. O diálogo é mais importante e melhor que todas as armas", realçou Mirko Manzoni.
Os ataques armados no centro de Moçambique têm afetado Manica e Sofala e já provocaram a morte de pelo menos 24 pessoas desde agosto do ano passado, em estradas e povoações das duas províncias.
Além do enviado pessoal de António Guterres, o chefe de Estado de Moçambique também se manifestou hoje aberto para dialogar com Nhongo.
Em contacto telefónico com a comunicação social hoje na cidade da Beira, Mariano Nhongo disse que não foi notificado sobre a desmilitarização do braço armado do partido, considerando o processo nulo e reiterando que é necessária a renegociação do acordo.
"O que eles estão a fazer não é nada. Os próprios guerrilheiros que estão a entregar as armas depois vão juntar-se a nós", afirmou Mariano Nhongo.
Apesar de ameaças e incursões atribuídas à autoproclamada Junta Militar da Renamo, o processo do desarmamento do braço armado do principal partido de oposição previsto no acordo de 06 de agosto do ano passado continua.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, empossou Aníbal Rafael Chefe, um oficial da guerrilha da Renamo, no cargo de diretor do Departamento de Comunicações no Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Em 03 de dezembro do ano passado, 10 oficiais da Renamo passaram a incorporar as fileiras do Comando-Geral da polícia moçambicana, no âmbito do processo de pacificação.
Em entrevista à Lusa, em março, Ossufo Momade disse que o desarmamento vai abranger 5.000 guerrilheiros da Renamo e que iria arrancar em breve, mas a pandemia de covid-19 levou à instauração de um estado de emergência em Moçambique e atrasou o processo.
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional foi o terceiro entre o Governo, da Frelimo, e a Renamo ,e pretende acabar com ciclos de violência que opõem as duas partes, de forma cíclica.
LUSA – 06.06.2020

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