09/06/2020
O Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), organização não-governamental moçambicana, acusou hoje o Governo de "silêncio perturbador" por ainda não ter divulgado os resultados do inquérito à morte de 52 pessoas por supostos grupos armados em abril.
O Ministério da Defesa Nacional (MDN) disse em abril que as vítimas, maioritariamente jovens, foram mortas na aldeia de Xitaxi, distrito de Muidumbe, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, por grupos armados que protagonizam ataques na região.
Os assassínios foram resultado de retaliação ao facto de as vítimas se terem recusado a aderir aos grupos armados, disse o MDN.
Na altura, as autoridades referiram que uma equipa de especialistas se encontrava no terreno a fazer a avaliação e a produzir um relatório “para os moçambicanos e para o mundo entenderem a ocorrência de Xixati".
Num comunicado que divulgou hoje, o CDD assinala que dois meses após "o massacre", o Governo ainda não cumpriu a promessa de apresentar os resultados de um relatório sobre a ocorrência, considerando que prima por um "silêncio perturbador".
"A falta de uma informação oficial sobre as circunstâncias em que o massacre ocorreu e o ruidoso silêncio que marcou os dois meses após a ocorrência remete para o esquecimento dos chamados ´mártires de Xitaxi`", lê-se na nota.
O acontecimento, prossegue o CDD, não pode ser apagado da memória coletiva dos moçambicanos, porque representa uma das fases mais críticas da história recente de Moçambique.
"Depois de terem falhado na sua missão de garantir segurança às vítimas e neutralizar ataques violentos contra civis, o máximo que as Forças de Defesa e Segurança podem fazer é avaliar e compreender as circunstâncias em que o massacre ocorreu para evitar que atos como este voltem a acontecer", refere aquela organização da sociedade civil moçambicana.
A Lusa tentou ouvir o MDN sobre o inquérito às mortes em Xitaxi, mas sem sucesso.
Cabo Delgado, província onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural, está sob ataque desde outubro de 2017 por insurgentes, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista.
Em dois anos e meio de conflito, estima-se que já tenham morrido, no mínimo, 600 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afetadas, sendo obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros, perdendo casa, hortas e outros bens.
LUSA – 09.06.2020
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