18/06/2020
Frank said:
"O cenário mais provável" Este é o título do artigo do ex-ministro da segurança e chefe do SNASP Sr. Jacinto Veloso
1- O texto publicado não faz juz ao título do mesmo. Como se pode verificar ao ler o texto, o autor vai para além de um possível de cenário para argumentar em definitivo que a guerra no norte de Moçambique não é um conflito interno, nem é uma sublevação de descontentes locais e os rebeldes não podem ser considerados insurgentes. As passagens a seguir demonstram o real intento da mensagem do autor: "Pelos exemplos atrás se pode fazer já uma ideia da capacidade e poder do Estado Islâmico que estamos a enfrentar em Cabo Delgado, onde apenas se vislumbra a ponta do iceberg, pelo que tudo leva a crer que não são insurgentes, nem é uma sublevação de descontentes locais. O conflito de que se fala é aparente. Foi criado por serviço secreto especializado. Na realidade, estamos diante duma mega-operação de desestabilização de grande envergadura muito provavelmente dirigida por uma competente e poderosa central, situada algures no exterior do país . "
2- O autor argumenta que é uma mega-operação dirigida e executada do exterior para retardar os mega-projetos. A realidade no terreno não é a que o autor defende. Os alvos dos rebeldes têm sido as instituições e orgãos de repressão do regime da Frelimo, e não os mega-projecto. A Guerra progride em direção ao sul e não ao norte onde estão os projetos. Os rebeldes libertam os prisioneiros encerrados na cadeias da Frelimo. "Tudo leva a crer que se trata de uma mega-operação concebida, dirigida e executada a partir do exterior para, no mínimo, retardar os projectos de gás natural, porque eles são considerados uma séria ameaça comercial a gigantescos interesses económicos de grandes empresas envolvidas em projectos idênticos na região e que disputam os mesmos mercados."
3- O autor, adiante no texto, argumenta sobre as intenções do EI em Moçambique. Ele esquece-se que os traficantes de droga, madeira, pedras preciosas e marfim são os camaradas do seu partido e que é o seu partido que os protege . O presidente da Câmara de Maputo, Eneias Comiche, não conseguiu acabar com os mercados de droga existente no bairro militar. Quem passe por este bairro à luz dias vai encontrar as bancas de venda de droga. Um empresário traficante detentor de shopping em Maputo é procurado pelos EUA mas é protegido pela Frelimum. Maputo é um dos corredores da droga para a África do Sul. Os novos empreendimentos imobiliários em Maputo e Beira serviram para a lavagem de dinheiro sujo. "Acredito que alguns membros influentes do EI, para além do objectivo político-religioso, pretendem proteger também seus negócios mafiosos e ilegais e fazê-los prosperar em Moçambique e na região, como já aconteceu noutros países em África e no Médio Oriente. Negócios ligados ao comércio de pedras preciosas, ouro, marfim, madeira e em particular recepção e distribuição de drogas pesadas despachadas dos produtores do oriente, estão já identificados em estudos publicados."
4- O texto tem duas incorreções como se apresenta na passagema a seguir: a) O EI foi fundado em 1999 com o nome "Jamāʻat al-Tawḥīd wa-al-Jihād" com aliança à al-Quaeda. Mais tarde, em 2006 passou a designar-se por Estado Islâmico do Iraque e Levante. Em Junho de 2014 declara a criação ao Califado; b) O autor na mesma passagem refere "Lei da Sharia" que é incorreto. Basta mencionar Sharia. "O EI nasce no Iraque de um braço da al-Qaeda em 2003 e adopta o fundamentalismo islâmico como seu programa político e religioso, visando conquistar territórios e neles i5- O EI foi derrotado no Iraque e na Síria e o seu líder suicidou-se cobardemente em 26 de Outubro 2019 perante o raid das forças americanas. No final de 2017 o Exército Iraquiano declarou o fim do EI no Iraque. Em 23 de Março de 2019 as Forças Democráticas da Síria declararam o fim do último bastião do EI remanescente na Síria.
5- O EI foi derrotado militarmente mas a sua ideologia ainda mantêm-se. O Nazimo foi derrotado e as forças remanescentes assinaram a declaração de capitulação em 5 de Junho de 1945, mas a ideologia se matêm e com o tempo irá desaparecer. O autor defende que é o EI que a está a conduzir a guerra no norte de Moçambique, mas não apresenta provas concludentes como se pode mostrar nas passagens a seguir: "Mas para quê criar uma nova organização se já existe pelo menos uma, o Estado Islâmico, , que está disponível para pôr em prática o seu programa político-religioso, baseado na Sharia jihadista? " "Assim, é incentivado o EI para iniciar operações em Cabo Delgado actuando de forma a dar a entender que se trata de uma revolta interna." "Acredito que alguns membros influentes do EI, para além do objectivo político-religioso, pretendem proteger também seus negócios mafiosos e ilegais e fazê-los prosperar em Moçambique e na região" "E não acabaram com o EI que, refugiado nas montanhas do Iraque, continua a inquietar sob a forma de guerrilha. "
6- No final do texto o autor faz um apelo, que me parece, inspirado na transmissão via rádio feita por feita pelo ditador Stalin em 3 de Julho de 1941 para mobilizar os cidadãos da URSS contra a inavsão nazi. A seguir mostram-se as passagens do texto sobre o apelo: "É este fundamentalismo religioso conduzido pelo Estado Islâmico que temos que combater. Todos: políticos sem distinção de partidos, sociedade civil, governo e forças de defesa e segurança, académicos e jornalistas, sem esquecer todas as religiões e igrejas locais." "Encoraja-me verificar que a reestruturação político-militar do governo e FDS já está em movimento, havendo sinais claros de sucesso. "
7- Autor é um membro da nomencaltura da Frelimo e o seu texto, que se confunde com a posição do regime, tenta construir uma narrativa sobre falsidades corrobradas por outros membros da comunicação social internacional que visa perpetuar o poder da Frelimo. Conseguiram desmembrar a Renamo. Agora querem eliminar a resistencia no centro e norte de Moçambique. O COVID-19 veio num momento em que mostrou as fragilidades dos vizinhos de Moçambique que não estão dispostos a avançar.
Publicado no MPT em 06.06.2020
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