14/04/2020
Défice operativo nas FDS
O trecho de uma conversa entre operacionais militares da Dicky Advisory Group (DAG), a partir das matas de Cabo Delgado, que teria sido interceptada na África do Sul, dá conta do reconhecimento dos mercenários da capacidade combativa dos terroristas.
Tanto que o operacional no terreno terá sugerido o envolvimento de profissionais em tais operacionais, dada a superioridade do inimigo. Um helicóptero dos mercenários foi quarta-feira abatido pelos terroristas, durante intervenção da força aérea a uma base inimiga, no distrito de Mueda. Há semanas, num dos vídeos publicados pelos terroristas quando da ocupação de uma vila distrital, a dado momento, o orador principal desafia militares ousados e dispostos a morrer pela causa, pois eles estavam inspirados a entrar numa confrontação a esses níveis.
Em março, mercenários russos da Wagner terão abandonado as operações militares para as quais haviam se comprometido, mas nunca foi tornado público o motivo desse recuo, depois de baixas no grupo. Orlando Mudumane, à ilharga um oficial militar, revelou sábado, em Maputo, operações conjuntas com a finalidade de devolver tranquilidade das populações e a soberania, sem avançar detalhes. Isto numa altura que em vários corredores circulam informações segundo as quais, a resposta aos terroristas tem sido questionada, havendo casos em que os ‘Sem Rosto’ invadem as vilas sede dos distritos aparentemente num à vontade, sem enfrentar a oposição, uma vez que a contra-parte teria fugido em debandada.
Por essas ocasiões, entretanto, um militar/polícia governamental teria estranhado como têm sido surpreendidos pelo inimigo. No ar, a ideia de que estaria a haver fuga de informação favorável ao inimigo.
Reorganização do exército
No âmbito do acordo de Roma, outubro de 92, o novo exército nacional ficou definido em 30 mil homens, nele, antigos guerrilheiros e ex-Forças Armadas de Moçambique (FAM). Durante largo período, estes militares estavam confinados nos quartéis, chegando a alimentar críticas de que estavam a alimentar o ócio, de nada estarem a fazer. Havia necessidade de modernizar as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), missão que não é feita com os sem canudo, sim, com militares com mínimo de escolaridade.
Havia que cortar no efectivo, mandando para a reforma antecipada os sem… canudo.
Acabadinhos de chegar às cidades, depois de parte significativa de juventude nas matas, logo, sem espaço para irem à escola, os sacrificados foram os da antiga guerrilha da Renamo. Era o chamado novo organigrama das FADM. Desde logo, um coro de protestos vindo da Renamo, ainda que Afonso Dhlakama considerasse a iniciativa louvável.
Tanto que o operacional no terreno terá sugerido o envolvimento de profissionais em tais operacionais, dada a superioridade do inimigo. Um helicóptero dos mercenários foi quarta-feira abatido pelos terroristas, durante intervenção da força aérea a uma base inimiga, no distrito de Mueda. Há semanas, num dos vídeos publicados pelos terroristas quando da ocupação de uma vila distrital, a dado momento, o orador principal desafia militares ousados e dispostos a morrer pela causa, pois eles estavam inspirados a entrar numa confrontação a esses níveis.
Em março, mercenários russos da Wagner terão abandonado as operações militares para as quais haviam se comprometido, mas nunca foi tornado público o motivo desse recuo, depois de baixas no grupo. Orlando Mudumane, à ilharga um oficial militar, revelou sábado, em Maputo, operações conjuntas com a finalidade de devolver tranquilidade das populações e a soberania, sem avançar detalhes. Isto numa altura que em vários corredores circulam informações segundo as quais, a resposta aos terroristas tem sido questionada, havendo casos em que os ‘Sem Rosto’ invadem as vilas sede dos distritos aparentemente num à vontade, sem enfrentar a oposição, uma vez que a contra-parte teria fugido em debandada.
Por essas ocasiões, entretanto, um militar/polícia governamental teria estranhado como têm sido surpreendidos pelo inimigo. No ar, a ideia de que estaria a haver fuga de informação favorável ao inimigo.
Reorganização do exército
No âmbito do acordo de Roma, outubro de 92, o novo exército nacional ficou definido em 30 mil homens, nele, antigos guerrilheiros e ex-Forças Armadas de Moçambique (FAM). Durante largo período, estes militares estavam confinados nos quartéis, chegando a alimentar críticas de que estavam a alimentar o ócio, de nada estarem a fazer. Havia necessidade de modernizar as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), missão que não é feita com os sem canudo, sim, com militares com mínimo de escolaridade.
Havia que cortar no efectivo, mandando para a reforma antecipada os sem… canudo.
Acabadinhos de chegar às cidades, depois de parte significativa de juventude nas matas, logo, sem espaço para irem à escola, os sacrificados foram os da antiga guerrilha da Renamo. Era o chamado novo organigrama das FADM. Desde logo, um coro de protestos vindo da Renamo, ainda que Afonso Dhlakama considerasse a iniciativa louvável.
A ala dura da Renamo pressionou o seu líder a não ceder. Gerou-se autêntico sururu político. Isso levou a hesitações na materialização da iniciativa, período durante o qual, nos bastidores, se tentativa convencer a contra-parte sobre a importância de um exército unificado, sim, mas forte para os desafios que poderiam se mostrar no futuro.
Com o lobbie frelimista fraquecido ante prepotência da Renamo, lá se avançou com a proposta de lei visando a aprovação do novo organigrama das FADM, o tal que punha no olho da rua os sem canudo, à maior para os oriundos da Renamo.
Na Assembleia da República, o tradicional esticar de corda, de um lado os deputados da Frelimo, do outro, os da Renamo. A proposta de lei acabaria por ser aprovada, com o voto maioritário da bancada parlamentar da Frelimo. Joaquim Chissano, presidente da República, tratou de promulgar a referida lei.
Assim, grande parte dos da Renamo passaram para a reforma, e uma ínfima das antigas FAM.
Claramente, havia pouca gente para a materialização do novo oganigrama de tal modo que até aos nossos dias não está claro ter sido concluído. O Serviço Militar Obrigatório (SMO) que seria a principal fonte de recrutamento de novos valores pretendidos para a concretização do organigrama, terá sido de inúmeras irregularidades. Por essas alturas, foi ganhando forma a ideia de que na tropa é onde as pessoas ganhariam a vida, sobretudo aos que já tinham algum canudo.
Dada a procura, provavelmente se tenha privilegiado uns em detrimento de outros (parentes) tantos, em concreto para determinados cursos de formação, como, por exemplo, o acesso à Academia Militar Marechal Samora Machel, em Nampula.
Enfim, um processo caduco e sem nenhuma perspectiva futurista, claramente de atropelo às intenções dos que elaboraram o organigrama das FADM. Na essência, o exército passou a ser um lugar onde a intenção suprema era fazer dinheiro.
Na memória, as escolhas feitas a dedo e ao sabor dos decisores finais nas escolhas para ‘Capacetes Azuis’ na República Democrática do Congo, que dava direito ao trust fund. Ora, os decisores militares moçambicanos cobravam comissões a troco da indicação, ainda partilha de demais regalias. Ou seja, só ia quem aceitasse dispensar parte do dinheirinho aos responsáveis moçambicanos. De contrário, zero.
Num outro momento, esta situação foi acompanhada de autêntico saque dos equipamentos militares colocados no mercado negro sul-africano, para onde eram inclusive encaminhadas armas do tipo AK-47, noutras temporadas temidas pelo exército sul-africano.
Na circunstância, muita sucata militar encheu o bolsos dos da nomeada e se as instalações da Marinha de Guerra, na baixa da cidade de Maputo, continuam intactas até aos nossos dias, se deveu a forte intransigência do governo e da Frelimo, pois de contrário teria caído nas mãos de um empresário moçambicano de origem asiática, na altura de indiscutível fama. O mesmo empresário, aliás, que chegou a aguçar apetites ao velho cemitério sito na avenida Eduardo Mondlane, na cidade de Maputo.
Fracassada a toma do quarteirão que pertence a Marinha de Guerra, acabou por se fixar paredes meia da Marinha. A situação em que a tropa se encontra hoje, é, pois, resultado de um longo período em que os oficiais superiores foram enriquecendo à custa do bem público, o suficiente para se distraírem nas prioridades futuras do país.
Hoje, os moçambicanos estão a pagar facturas elevadíssimas.
EXPRESSO – 14.04.2020
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