29/04/2020
Ataques: Instabilidade agrava riscos associados aos projetos de gás natural, considera o Banco de Moçambique
A instabilidade militar em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, está a agravar os riscos associados ao avanço dos investimentos na produção de gás natural na região, considera o Banco de Moçambique.
A situação tem diversos "efeitos económicos para o país", entre os quais o "agravamento dos riscos e incertezas associados ao desenvolvimento dos projectos de gás natural", refere o banco central num documento com respostas a questões colocadas por jornalistas.
"O aumento dos custos com a segurança dos projectos ou o adiamento das decisões de investimento têm um custo socioeconómico elevado para o país", detalha.
Por um lado, estes custos com segurança "são custos recuperáveis", ou seja, são abatidos mais tarde no imposto que deve reverter para o Estado, na fase de produção.
Por outro lado, o atraso em investir "afecta a viabilidade e o sentido de oportunidade dos projetos, num cenário em que ocorrem descobertas noutras regiões do mundo, o que pode comprometer os ganhos económicos do país - receitas, dividendos, emprego e outros".
Dos três planos de desenvolvimento, um anunciou liderado pela ExxonMobil e ENI anunciou este mês o adiamento da decisão final de investimento, mas devido ao impacto da covid-19.
Os outros efeitos da insegurança em Cabo Delgado são a "deterioração do ambiente de negócios" e a "restrição do funcionamento dos serviços públicos e a circulação de pessoas e mercadorias na região".
O banco central destaca ainda a destruição de infraestruturas, gerando deslocados e agravando custos nas áreas de defesa, segurança e assistência humanitária, o que obriga o Estado a abdicar de alguns projetos de desenvolvimento, para atender as despesas associadas ao conflito".
A província nortenha de Moçambique vê-se a abraços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já mataram, pelo menos, 500 pessoas nos últimos dois anos e meio.
As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afectados pela violência armada naquela província.
No final de Março, as vilas de Mocímboa da Praia e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um alegado militante 'jihadista' justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região.
Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram.
LUSA – 29.04.2020
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