13/04/2020
Por Yussuf Adam
A situação em Cabo Delgado esta a ficar cada dia mais grave. Tristeza o ataque a Missão de Nangololo. Em 1963 os da MANU ou doutra organização mataram o Padre Holandês Mathyas Boorman. Infelizmente 57 anos depois atacaram a Missão. Onde está o Cristo maconde que existia na Igreja. Depois da Independência encontrei-o dentro de um abrigo subterrâneo sem um braco. Depois estava no altar com o braco que algum escultor repôs com muita arte, técnica e amor. Os detalhes que vem de Cabo Delgado correm o risco de ofuscar o problema. Os grupos djihadistas, os ahle al sunna, os grupos extremistas violentos, os insurgentes foram criados por um processo politico e administrativo interno que não lhes deu voz, que os discriminou, que os marginalizou, tornou as suas características socio económicas, pobreza, etc. extremas. Estes grupos ficaram alienados do governo dos postos administrativos, dos governos dos distritos, dos governos provinciais e dos seus serviços, do governo moçambicano. Ficaram marginalizados pelo Estado ou do Estado. factores como a corrupção, o neptismo, a falta de democracia, de liberdade de expressão, uma justiça pouco rigorosa marginalizou ainda mais estes grupos que encontraram na violência armada e nos apoios em todo o Mundo uma forma de luta . Destroem, matam, decapitam e ao mesmo tempo vão ganhando apoios actuando como Robyn Hood dos Pobres. Estes insurgentes não tem militantes de uma única religião ou grupo étnico em Cabo Delgado. Estes grupos marginalizados culpam outros grupos e segmentos da população para os seus medos e sofrimentos. A resposta às primeiras manifestações destes grupos extremistas violentos foram baseadas numa análise da guerra fria 'trabalho da CIA, captura dos minerais e do gás and oil, desestabilização de Cabo Delgado. Jovens muçulmanos radicais foram perseguidos e presos. Nas mesquitas os velhos imaams não conseguiam enfrentar esta juventude radicalizada e às vezes formada em madressas no exterior e em guerrilhas islâmicas contra os russos no Afeganistão, na Líbia, Sudão. As suas redes estendem-se pela internacional djihadista pelo Mundo fora e pela Africa Austral e Oriental.
Estes Grupos violentos e extremistas culpam outros grupos da população pelo seu sofrimento. Desde 1990 os Extremistas tem ganho terreno. As nossas estratégias nacionais para prevenir e lutar contra o extremismo não violento não surtiram efeito. Um alto quadro do exercito moçambicano que era um dos participantes num seminário em Stelebosch de 7 a 11 de maio de 2018 disse-me que devia deixar de estudar esses djihadistas pois o exército já tinha os chefes na cadeia, que um contentor com 40 toneladas de armas tinha sido capturado e o chefe corrupto que os apoiou estava morto. Que eu arranjasse outra coisa para fazer. Infelizmente eu continuo a estudar o assunto, o chefe que era participante no seminário organizado pelo centro africa de estudos estratégicos e pela Universidade de Stelenbosch e onde estavam combatentes veteranos de Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique não sei por onde anda. Necessitamos de desenvolver uma estratégia de resposta que não esteja só baseada no uso da forca, na tortura, nos julgamentos fictícios, na repressão de jornalistas e da liberdade de expressão. O facto dos extremistas violentos estarem a controlar territórios e realizarem ataques diários em Cabo Delgado com mortes e destruições torna a situação mais difícil. A repressão e a resposta militar é necessária mas não deve permitir que os insurgentes se transformem em mártires e salvadores da pátria. Há um trabalho de mobilização e de esclarecimento, de organização em conjunto com as comunidades a ser feito urgentemente e dispomos de pessoas, instituições e capacidades para levar a cabo esse trabalho. A violência cega e a desconfiança não nos ajudarão a repor a ordem. O extremismo violento controla aldeias, regiões bastante vastas em Cabo Delgado. Treina jovens nos antigos campos de reeducação como Ruarua. Critica o regime pelos seus erros. Mas não me parece que a maioria dos moçambicanos mesmo os Muçulmanos os considerem Muçulmanos. Consideram os insurgentes terroristas, loucos, falsificadores do Islão. Muitos destes born again muslims muçulmanos renascidos tem programas e projectos para montar os seus esquemas de exploração económica e politica. A luta contra o terror não pode ser baseada no terror. Há uma necessidade de uma resposta militar que os contenha mas também de sistemas de mobilização que lhes retire a capacidade de se transformarem no peixe na agua que não são...
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