08/05/2020
Empresa chinesa mantém 50 moçambicanos em confinamento condicionado
Uma denúncia anónima efectuada na manhã de hoje, vinda de um estaleiro, localizado em Mafambisse, no distrito de Dondo em Sofala, dando conta de um suposto internamento condicionado desumano, como medida de prevenção contra o novo Coronavírus, a cerca de 50 trabalhadores moçambicanos, protagonizada por um empreiteiro chinês, que garante a manutenção da estrada nacional número seis, levou uma equipa mista, composta pela polícia, procuradoria, sector de saúde e do trabalho a se deslocarem até ao local. O portão estava fechado e na porta um aviso indicando que as actividades estavam encerradas.
Pela vedação feita de muro e uma rede, era possível ver a parte frontal do estaleiro, onde aparentemente não estava ninguém. Os elementos da comissão mista bateram a porta várias vezes mas ninguém atendia. Depois de muita insistência, cerca de 10 minutos depois a porta foi aberta pelos responsáveis do estaleiro, de nacionalidade chinesa e minutos depois a comissão ficou a saber que afinal os trabalhos estavam a decorrer normalmente naquele estaleiro e que estavam em período de intervalo.
Os trabalhadores que de imediato foram submetidos ao rastreio. Em contacto com à nossa equipa de reportagem alegaram que estão a ser submetidos a tratamentos desumanos desde o passado dia 29 de Março e quem tentar sair do estaleiro perde o emprego.
“Estamos a cumprir uma quarentena que não estamos a perceber. Não podemos sair daqui. Mas, infelizmente não criam condições para a nossa permanência neste local. Não temos máscaras e a empresa não disponibiliza nenhum material de higienização. Quando exigimos melhores condições ameaçam-nos com expulsões. Aliás, a regra aqui é: quem for a casa perde o emprego. No final de cada dia somos obrigados a ir tomar banho num riacho.
Se até as 18 horas e 30 minutos não estarmos aqui dentro, perdemos emprego. O nosso maior desejo é que trabalhemos em escalas tal como sugere o decreto presidencial neste tempo da COVID-19”, explicou Alberto Faquir, um dos responsáveis daquele grupo.
Os funcionários em causa, para se alimentarem recorrem aos poucos trabalhadores da empresa, os motoristas, que por vezes saem do recinto para adquirir alguns bens para os chineses. Dada a exiguidade financeira compram quase sempre peixe seco e farinha de milho, que é a alimentação básica.
Em pleno tempo de combate contra a pandemia da COVID-19, vivem confinados e sem nenhuma protecção e pernoitam em compartimento que se parecem com casernas, onde as condições de saneamento são precárias. O responsável da empresa reconhece que atropelou alguma medidas mas alega que pretendia evitar uma eventual propagação da COVID-19, uma desculpa que não convenceu a polícia e ele foi encaminhado para o comando distrital de Dondo onde foi aberto um processo-crime.
A procuradoria garante que há matéria suficiente para se abrir um processo-crime, “pois os responsáveis do estaleiro sabem que há um decreto que deve ser observado e não o fazem.
Submetem os trabalhos a vários riscos não criando condições para se alimentar adequadamente e muito menos para se protegerem. Portanto há matéria suficiente para se abrir um processo-crime”, explicou Latifo Jafar, procurador que fazia parte da comissão mista.
O PAÍS – 07.05.2020
Pela vedação feita de muro e uma rede, era possível ver a parte frontal do estaleiro, onde aparentemente não estava ninguém. Os elementos da comissão mista bateram a porta várias vezes mas ninguém atendia. Depois de muita insistência, cerca de 10 minutos depois a porta foi aberta pelos responsáveis do estaleiro, de nacionalidade chinesa e minutos depois a comissão ficou a saber que afinal os trabalhos estavam a decorrer normalmente naquele estaleiro e que estavam em período de intervalo.
Os trabalhadores que de imediato foram submetidos ao rastreio. Em contacto com à nossa equipa de reportagem alegaram que estão a ser submetidos a tratamentos desumanos desde o passado dia 29 de Março e quem tentar sair do estaleiro perde o emprego.
“Estamos a cumprir uma quarentena que não estamos a perceber. Não podemos sair daqui. Mas, infelizmente não criam condições para a nossa permanência neste local. Não temos máscaras e a empresa não disponibiliza nenhum material de higienização. Quando exigimos melhores condições ameaçam-nos com expulsões. Aliás, a regra aqui é: quem for a casa perde o emprego. No final de cada dia somos obrigados a ir tomar banho num riacho.
Se até as 18 horas e 30 minutos não estarmos aqui dentro, perdemos emprego. O nosso maior desejo é que trabalhemos em escalas tal como sugere o decreto presidencial neste tempo da COVID-19”, explicou Alberto Faquir, um dos responsáveis daquele grupo.
Os funcionários em causa, para se alimentarem recorrem aos poucos trabalhadores da empresa, os motoristas, que por vezes saem do recinto para adquirir alguns bens para os chineses. Dada a exiguidade financeira compram quase sempre peixe seco e farinha de milho, que é a alimentação básica.
Em pleno tempo de combate contra a pandemia da COVID-19, vivem confinados e sem nenhuma protecção e pernoitam em compartimento que se parecem com casernas, onde as condições de saneamento são precárias. O responsável da empresa reconhece que atropelou alguma medidas mas alega que pretendia evitar uma eventual propagação da COVID-19, uma desculpa que não convenceu a polícia e ele foi encaminhado para o comando distrital de Dondo onde foi aberto um processo-crime.
A procuradoria garante que há matéria suficiente para se abrir um processo-crime, “pois os responsáveis do estaleiro sabem que há um decreto que deve ser observado e não o fazem.
Submetem os trabalhos a vários riscos não criando condições para se alimentar adequadamente e muito menos para se protegerem. Portanto há matéria suficiente para se abrir um processo-crime”, explicou Latifo Jafar, procurador que fazia parte da comissão mista.
O PAÍS – 07.05.2020
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