13/05/2020
PESSOAS DECAPITADAS E ABUSOS ATRIBUIDOS AO EXÉRCITO GOVERNAMENTAL
A crescente insurgência islâmica, cada vez mais ousada e cruel, forçou nas últimas semanas uma fuga massiva de vários dirigentes distritais e população das zonas costeiras de Cabo Delgado.
O ataque mais audaz dos insurgentes foi a 28 de Abril, contra a aldeia de Nacoba, em Metuge, a quase 33 quilómetros da capital, Pemba.
Fontes militares, em Pemba, revelaram que com o ataque os insurgentes pretendem atingir a cadeia civil de Mieze, supostamente para libertar centenas de presos ligados à insurgência. “No início atacavam aldeias isoladas, depois passaram a atacar os carros nas vias publicas e no inicio do ano começaram a atacar as vilas, já cheias de gente que fugiu das aldeias,” disse o bispo de Pemba, Dom Luíz Lisboa.
Só em Abril os insurgentes atacaram 18 aldeias de Cabo Delegado, oito dos quais em apenas dois dias, nos distritos de Muidumbe e Quissanga.
Até 2 de Maio, os insurgentes continuaram as incursões, no sul e norte de Quissanga, destruindo e decapitando pessoas, e forçando novas fugas.
Alguns administradores de distritos estão refugiados em Pemba, onde também já chegaram cerca de 200 mil deslocados que fogem da insurgência.
Numa base quase diária, atracam em Pemba três embarcações artesanais lotadas de deslocados. Muitos deslocados que chegam a Pemba fogem agora de dois fenómenos: a insurgência e abusos (raptos e assassinatos) atribuídos às forças estatais.
Filipe Nyusi reconheceu recentemente que o país enfrenta uma “agressão externa perpetrada por terroristas” e admitiu também haver “violações involuntárias” dos direitos humanos pelas autoridades.
“Os ataques (dos insurgentes) sempre tiveram um requinte de crueldade, não só matando as pessoas, mas decepando as cabeças”, recordou o bispo de Pemba.
Relatos indicam que a 12 de Maio, os insurgentes mataram 14 moradores de Natugo, entre Napunda e Nacoba.
No dia 17 de Abril, perto da aldeia Nangololo (Macomia) foram mortas por decapitação seis pessoas, cujos corpos foram abandonados nas bermas da estrada EN380, cerca de 40 quilómetros da sede de Macomia. A 10 de Abril, 41 jovens, incluindo 15 raparigas, foram raptados por insurgentes na ilha Quirimba, no distrito de Ibo, e continuam desaparecidos.
O rapto ocorreu dois dias depois dos insurgentes terem executado a tiro 52 jovens – relatos de moradores apontam para mais de 60 – na aldeia de Xitaxi, supostamente por se terem recusado a integrar as suas fileiras.
O grupo, que incluía adultos e idosos, tinha sido convidado para uma reunião com os insurgentes, tendo os jovens sido separados para servir as fileiras dos insurgentes, e quando alguns se rebelaram abriram fogo contra eles, tendo alguns escapado com ferimentos.
Alguns corpos foram encontrados nas matas e outros não foram mais vistos.
“Esse grupo de Al-shaabab devia ser eliminado, não estamos bem” disse Amade Sulemane, que ficou 21 dias internado no hospital, após sobreviver a uma emboscada dos insurgentes. Um dos seus amigos morreu por não ter tido socorro imediato. “Nós já tínhamos esquecido essa coisa de massacres, foi no tempo colonial. Eu cresci sem nunca ter visto uma cabeça cortada, mas hoje é normal” disse Martins Ninta, um outro sobrevivente, poucos dias depois de enterrar um parente decapitado.
DN – 13.05.2020
O ataque mais audaz dos insurgentes foi a 28 de Abril, contra a aldeia de Nacoba, em Metuge, a quase 33 quilómetros da capital, Pemba.
Fontes militares, em Pemba, revelaram que com o ataque os insurgentes pretendem atingir a cadeia civil de Mieze, supostamente para libertar centenas de presos ligados à insurgência. “No início atacavam aldeias isoladas, depois passaram a atacar os carros nas vias publicas e no inicio do ano começaram a atacar as vilas, já cheias de gente que fugiu das aldeias,” disse o bispo de Pemba, Dom Luíz Lisboa.
Só em Abril os insurgentes atacaram 18 aldeias de Cabo Delegado, oito dos quais em apenas dois dias, nos distritos de Muidumbe e Quissanga.
Até 2 de Maio, os insurgentes continuaram as incursões, no sul e norte de Quissanga, destruindo e decapitando pessoas, e forçando novas fugas.
Alguns administradores de distritos estão refugiados em Pemba, onde também já chegaram cerca de 200 mil deslocados que fogem da insurgência.
Numa base quase diária, atracam em Pemba três embarcações artesanais lotadas de deslocados. Muitos deslocados que chegam a Pemba fogem agora de dois fenómenos: a insurgência e abusos (raptos e assassinatos) atribuídos às forças estatais.
Filipe Nyusi reconheceu recentemente que o país enfrenta uma “agressão externa perpetrada por terroristas” e admitiu também haver “violações involuntárias” dos direitos humanos pelas autoridades.
“Os ataques (dos insurgentes) sempre tiveram um requinte de crueldade, não só matando as pessoas, mas decepando as cabeças”, recordou o bispo de Pemba.
Relatos indicam que a 12 de Maio, os insurgentes mataram 14 moradores de Natugo, entre Napunda e Nacoba.
No dia 17 de Abril, perto da aldeia Nangololo (Macomia) foram mortas por decapitação seis pessoas, cujos corpos foram abandonados nas bermas da estrada EN380, cerca de 40 quilómetros da sede de Macomia. A 10 de Abril, 41 jovens, incluindo 15 raparigas, foram raptados por insurgentes na ilha Quirimba, no distrito de Ibo, e continuam desaparecidos.
O rapto ocorreu dois dias depois dos insurgentes terem executado a tiro 52 jovens – relatos de moradores apontam para mais de 60 – na aldeia de Xitaxi, supostamente por se terem recusado a integrar as suas fileiras.
O grupo, que incluía adultos e idosos, tinha sido convidado para uma reunião com os insurgentes, tendo os jovens sido separados para servir as fileiras dos insurgentes, e quando alguns se rebelaram abriram fogo contra eles, tendo alguns escapado com ferimentos.
Alguns corpos foram encontrados nas matas e outros não foram mais vistos.
“Esse grupo de Al-shaabab devia ser eliminado, não estamos bem” disse Amade Sulemane, que ficou 21 dias internado no hospital, após sobreviver a uma emboscada dos insurgentes. Um dos seus amigos morreu por não ter tido socorro imediato. “Nós já tínhamos esquecido essa coisa de massacres, foi no tempo colonial. Eu cresci sem nunca ter visto uma cabeça cortada, mas hoje é normal” disse Martins Ninta, um outro sobrevivente, poucos dias depois de enterrar um parente decapitado.
DN – 13.05.2020
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