Traumatizado com o seu irmão em Cristo - depoimento de Ricardo Manganhe, amigo do matador Nóbrega Chaúque
O professor Ricardo Manganhe, colaborador do Município do Chibuto, foi o último dos arguidos a depor perante o Tribunal Judicial de Gaza, dado que o Toyota MarkX, que estava na sua posse foi utilizado pelo “esquadrão da morte” que perpetrou o atentado contra o activista Anastácio Matavele, não muito longe do edifício conhecido como “Os salgadinhos da mamã Argentina”.
Muito nervoso e com longos silêncios nas suas declarações, Manganhe disse que adquiriu o MarkX do seu “camarada” da Frelimo Henriques Machava, o actual edil do Chibuto que foi despronunciado no presente processo, uma das surpresas com que a imprensa foi confrontada no primeiro dia do julgamento.
Há de facto responsabilidades a assacar a Machava, uma vez que o carro ainda estava em seu nome no momento do atentado e do acidente em que se envolveu a seguir, do qual resultaram danos em três viaturas.
Juristas que seguem o caso estranham igualmente que o Ministério Público não tenha recorrido do despronunciamento do autarca do Chibuto. Manganhe disse que adquiriu a viatura por 250.000,00 Mt. E já tinha pago 200.000,00 Mt. depois de ter conseguido um empréstimo no BIM para comprar materiais de construção.
A ideia inicial era adquirir uma viatura na África do Sul, mas acabou por optar pela viatura do seu chefe hierárquico. Ela estava na sua posse desde 29 de Agosto de 2019. Nóbrega Chaúque veio levantar a viatura na tarde de 5 de Outubro invocando “motivos familiares”, numa ocasião em que era suposto estar “numa reunião de copos” na barraca Xirico, conjuntamente
com os outros quatro operacionais e o comandante de companhia do GOE (Grupo de Operações Especiais), Tudelo Guirrugo.
O dia também foi muito movimentado para o professor Ricardo, pois esteve envolvido numa cerimônia de “Kupahla” na qual “participou a primeira dama da República”. O Chibuto fica a 66km. do Xai-Xai.
O tribunal tomou conhecimento que Nóbrega não tinha carta e a viatura não estava segurada. Manganhe achava que Nóbrega tinha carta, mas nunca viu o documento. Nóbrega era um amigo do Chibuto, era “um irmão em Cristo”, pois frequentavam a mesma congregação religiosa.
“Emprestei a viatura sem compromisso, apenas como irmãos”. Quando tomou conhecimento do atentado “fiquei em pânico, fiquei traumatizado”. Por isso, na sua explicação, desligou os dois telemóveis que possui porque estava a receber muitas chamadas telefónicas sobre o que tinha acontecido no Xai-Xai no final da manhã do dia 7 de Outubro.
Disse que as chamadas vinham de conhecidos que identificaram a viatura e a placa de matrícula. Não lhe ocorreu comunicar à polícia que a viatura era sua mas sabia que o titular (do livrete) o havia de contactar. Não contactou também com os donos das três viaturas acidentadas pois achava quer seria feito através do titular, “o que efectivamente veio a acontecer”.
Muito nervoso e com longos silêncios nas suas declarações, Manganhe disse que adquiriu o MarkX do seu “camarada” da Frelimo Henriques Machava, o actual edil do Chibuto que foi despronunciado no presente processo, uma das surpresas com que a imprensa foi confrontada no primeiro dia do julgamento.
Há de facto responsabilidades a assacar a Machava, uma vez que o carro ainda estava em seu nome no momento do atentado e do acidente em que se envolveu a seguir, do qual resultaram danos em três viaturas.
Juristas que seguem o caso estranham igualmente que o Ministério Público não tenha recorrido do despronunciamento do autarca do Chibuto. Manganhe disse que adquiriu a viatura por 250.000,00 Mt. E já tinha pago 200.000,00 Mt. depois de ter conseguido um empréstimo no BIM para comprar materiais de construção.
A ideia inicial era adquirir uma viatura na África do Sul, mas acabou por optar pela viatura do seu chefe hierárquico. Ela estava na sua posse desde 29 de Agosto de 2019. Nóbrega Chaúque veio levantar a viatura na tarde de 5 de Outubro invocando “motivos familiares”, numa ocasião em que era suposto estar “numa reunião de copos” na barraca Xirico, conjuntamente
com os outros quatro operacionais e o comandante de companhia do GOE (Grupo de Operações Especiais), Tudelo Guirrugo.
O dia também foi muito movimentado para o professor Ricardo, pois esteve envolvido numa cerimônia de “Kupahla” na qual “participou a primeira dama da República”. O Chibuto fica a 66km. do Xai-Xai.
O tribunal tomou conhecimento que Nóbrega não tinha carta e a viatura não estava segurada. Manganhe achava que Nóbrega tinha carta, mas nunca viu o documento. Nóbrega era um amigo do Chibuto, era “um irmão em Cristo”, pois frequentavam a mesma congregação religiosa.
“Emprestei a viatura sem compromisso, apenas como irmãos”. Quando tomou conhecimento do atentado “fiquei em pânico, fiquei traumatizado”. Por isso, na sua explicação, desligou os dois telemóveis que possui porque estava a receber muitas chamadas telefónicas sobre o que tinha acontecido no Xai-Xai no final da manhã do dia 7 de Outubro.
Disse que as chamadas vinham de conhecidos que identificaram a viatura e a placa de matrícula. Não lhe ocorreu comunicar à polícia que a viatura era sua mas sabia que o titular (do livrete) o havia de contactar. Não contactou também com os donos das três viaturas acidentadas pois achava quer seria feito através do titular, “o que efectivamente veio a acontecer”.
O professor Ricardo Manganhe, 41 anos, está acusado nos autos de cúmplice do crime de Homicídio qualificado e Associação para delinquir.
Um armeiro com várias assinaturas
A sessão da manhã de sexta-feira, começou com as declarações de Justino Muchanga, 53 anos, polícia há 32 anos, com a patente de inspector e desempenhando as funções de “arseneiro” no quartel da UIR (Unidade de Intervenção Rápida), ou seja, o responsável pelo armeiro onde é depositado o material bélico ao serviço das duas companhias em serviço na unidade. Muchanga, ainda mais nervoso que Manganhe, disse quer só tomou conhecimento do atentado e do acidente no dia seguinte ao ocorrido.
“Recebi a informação dos colegas ao entrar na porta (de armas), estavam a lamentar (a detenção do operacional Mapulasse) e eu ouvi”. Muchanga é referido como tendo recolhido e registado a entrega de duas armas utilizadas no assassinato de Matavele e devolvidas no quartel pelo civil Sidónio Mabunda.
Nos autos, Muchanga assinou o livro de registos com o nome de Mapulasse mas, ao tribunal, declarou que fez a sua própria assinatura. Questionado se costuma variar a assinatura, disse que a “rubrica posso não conseguir” porque o espaço no livro “é muito pequenino”.
Muchanga é acusado de crime de Falsificação de assinatura, Associação para delinquir e encobridor no crime de Homicídio qualificado. Muchanga não reportou que as armas devolvidas tinham sido usadas para cometer um crime, reconhecendo que em todo o processo se violou o regulamento estabelecido.
Anteriormente também não comunicou o facto de os elementos do “esquadrão” terem solicitado armas diferentes das que lhe estão habitualmente atribuídas. Porém, declarou que se opôs a essa entrega e mandou que aos operacionais fossem entregues as armas que usam habitualmente.
O julgamento prossegue terça-feira com a audição de declarantes e testemunhas. A juíza Ana Liquidão vai ouvir os familiares de Anastácio Matavel, colegas e vizinhos dos envolvidos no assassinato e os três proprietários das viaturas sinistradas por Edson Silica, que era quem conduzia o MarkX durante o atentado e o capotamento, próximo do cruzamento da estrada da praia do xai-Xai com a N1. (Fernando Lima no Xai-Xai)
MEDIA FAX – 18.05.2020
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