08/05/2020
Rosa, uma camponesa Moçambicana, da região de Chimoio, é acusada pela família do marido de ser a causadora do seu suicídio por se recusar a obedecer-lhe. Dizem que ela tem um “marido-espírito”. Para provar a sua inocência e recuperar os filhos e os poucos bens que o casal possuía, Rosa submete-se a dois julgamentos: o primeiro num curandeiro, o segundo num tribunal. É absolvida em ambos. O filme é interpretado pelos próprios intervenientes da história, o homem morto pelo seu irmão gémeo. Durante a rodagem, o realizador decidiu instalar uma segunda câmara para seguir este enredo de vingança sem fim. Uma montagem - que vai do documentário à longa-metragem - desta complexidade não tem paralelo no cinema Africano. Segundo o realizador: foi uma tarefa difícil convencer as duas famílias - a mulher e os irmãos do falecido marido - a participarem no filme, mas o conflito ainda estava longe de ser terminado. Por outro lado, eles nunca tinham visto um filme e, assim que as filmagens começaram descobri logo não tinham compreendido o propósito de sua participação. Eles simplesmente queriam aproveitar a oportunidade de reviver os eventos, com o propósito de uma retaliação de uma vez por todas. Cada vez que havia uma pausa nas filmagens o conflito retomava a um nível paralelo, com comportamentos imprevisíveis de ambos os lados. Isso fez-me trazer uma segunda câmara para cena para registar tais eventos e situações em que os personagens principais ignoram o guião e tentam introduzir outros elementos, ou simplesmente se recusam a cumpri-lo. Como estavam tão intimamente relacionadas com a história, este "making of" tornou-se num elemento fundamental para a estrutura dramática do filme.
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