"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Quando o primeiro ataque da insurgência teve como alvo uma esquadra de Polícia em Mocímboa da Praia em Outubro de 2017, todo o mundo pensava que era uma pequena brincadeira de ocasião.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019


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Marcelo Mosse
9 h

Quando o primeiro ataque da insurgência teve como alvo uma esquadra de Polícia em Mocímboa da Praia em Outubro de 2017, todo o mundo pensava que era uma pequena brincadeira de ocasião. Passageira. Uns gatos pingados haviam decidido brincar ao extremismo falsamente rotulado de islâmico. As autoridades chamaram-lhe de banditismo, um caso de polícia. Nesse ataque inaugural, os bandidos levaram armas e mataram. O simbolismo desse roubo era estratégico: dar a impressão de que eram um bando de maltrapilhos sem logística, uma malta errática à busca de um lugar ao sol. Um ano depois, num balanço que ‘Carta” fez, o número de vítimas era aterrador. Mais de cem mortos, a maioria por decapitação, e milhares de casas populares queimadas.
Não, não podia ser banditismo normal.
A teoria da insurgência extremista foi estudada. A da instrumentalização da desordem, cara a Patrick Chabal, repetida como tese inabalável. Mas, para quem, como este jornal, dedica muitas das suas linhas ao assunto, o traço islâmico da coisa era muito forçado: um islamismo arcaico, de aprendiz. Os atacantes são, mais do que milícias importadas, jovens da terra, recrutados em troca de dinheiro e futuros de abastança.
Nas últimas semanas, o Governo reforçou a zona de contingentes militares. Em resposta, bandidos abraçaram outra tática de terror: incendiar viaturas civis nas rodovias que vão dar a Palma. E, também, aproximarem-se dessa região, onde já estão implantados os acampamentos das ENI, Anadarko e Exxon Mobil, perto donde as duas últimas multinacionais preparam-se para construir 4 trains de produção de gás natural liquefeito, num investimento que vai catapultar Moçambique para o estatuto de principal “player” global no fornecimento do produto.
A aproximação do bandistimo à Palma, como a nova característica de queima de viaturas civis nas estradas que vão dar à vila, tornou mais claro agora o objectivo de que lhe financia: inviabilizar o gás. Afinal quem está interessado que nosso gás não aconteça? Qual é o país que ganha com o atraso do gás moçambicano? A resposta a esta pergunta está-nos na ponta, mas não ousamos mencionar sem termos evidências palpáveis do envolvimento desse país numa conspiração para desestabilizar Moçambique.
O efeito imediato do caos que se está a criar à volta de Palma levará a que a ENI, Anadarko e Exxon contratem empresas de mercenários para protegerem seus investimentos, criando-se pequenos estados dentro de Moçambique, “compounds” de acesso altamente restrito, condições suficientes para que nosso gás seja exportado sem o devido controlo por parte do INP. O cenário que se está a montar é o mesmo que o da SASOL, que bombeia o gás de Temane a rodos sem qualquer tipo de controlo por parte das autoridades. Moçambique está vai viver mais uma era de saque de rapina aos seus recursos.
Depois a aparição dessa figura sinistra do Erick Prince, um homem que só actua em lugares de desordem. O Governo tem a obrigação de clarificar quais são as actividades deste senhor em Moçambique. E por que é que ele anunciou uma entrada na Ematum (mudando seu nome para Tunamar), quando seu "core business" nunca foi a pesca de atum e quando esse anúncio não passava afinal de um golpe teatral abrindo abrir caminho para a presença da sua empresa de segurança, a Lancaster 6, em Palma? Quem lhe dá guarida cá dentro? Que acordos o Governo fechou com a Lancaster 6? E o que é que esta empresa tem a ver com a disseminação da insurgência em Palma?
Nos apetites empresariais de Prince em Palma poder estar também uma parte da explicação para o crescimento da desestabilização em Cabo Delgado que, agora é mais claro, não tem nada a ver com gatos pingados. Tem a ver com bilhões e bilhões de USD em disputa entre actores globais com o beneplácito da nossa elite política. Mesmo que não nos dêem respostas a estas questões, tal como no caso do calote da dívida oculta, a verdade um dia há-de cair de madura, como o caju do Juiz Paulino.


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Quando o primeiro ataque da insurgência teve como alvo uma esquadra de Polícia em Mocímboa da Praia em Outubro de 2017, todo o mundo pensava que era u...
Comentários




  • Francisco De Assis Cossa Ha dias ouví Ministro da Defesa a dizer que tratava dum grupo de jovens desempregados e que sao aliciados com um Valor mensal de 10mil meticais que sao simples bandidos, lembro tambem ter assistido na grande entrevista o já falecido general Moiane descrevendo como iniciou a guerrilha da renamo primeiro substimaram dizendo que era um grupinho de bandidos e que seriam combatidos e tivemos a guerra dos 16 anos.
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  • Mauro Jesus Mas uma coisa é certa Marcelo Mosse ninguém entra na tua casa e faz disparates sem lhe serem aberta as partas
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  • Aquino Silvestre Antes, o governo Sul Africano, já alertava sobre a existência de insurgentes, lembro que foi prontamente desmentido pela nossa segurança...
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  • Kelven Fernando Massala Um assunto que ainda merece muita investigação e explicação por parte do Estado moçambicano. Mas obrigado por nos ilucidar grande Marcelo Mosse.

  • Claudio Mario Simango Pk será o encontro recente entre os chefes de estado moçambicano e sul africano? Com assuntos chaves ligados a defesa e segurança?


  • Solomone Manyike Verdade seja procurada

  • Joao Cabral Terrorismo de nivel mundial aliado à incompetencia de corrupcao bilionaria!!
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  • Buene Boaventura Paulo A forma leviana como o assunto foi tratado, logo no início, mostra o rasto interno da montagem do grupo. As super potências podem ter o seu papel, mas o dedo interno é mais volumoso e rijo. A insatisfação com a ascensão maconde é outro factor a não descartar, servindo como "check-balance" no negócio mal fechado, que deu dívidas ocultas, entre os principais actores
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  • Agostinho Inguane Claramente, há muitos governos e singulares interessados neste "ouro" moçambicano. Pena que as polícias secretas (que deveriam investigar em surdina) a PGR, cá são eficazes para casos de paupérrimos...Mas, a concorrência internacional entre paises produtores de gás abriria espaço para um conflito destes? Teríamos, em breve, um Sudão do Sul e Norte instalado em Moçambique? Agora, os Lancaster 6, Prince e companhia são outros casos de corrupção pesada instalados em Cabo Delgado...
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  • Nascimento Bazo Subversão...

  • Ismael Chutumia Mistério

  • Silvio BieMavila Milton da cruz

  • Dalilo Agy Não seria oportuno para que a nossa força especial especializa se neste tipo de.matéria 
    Entram fazem e desfazem e nada de concreto nos dizem
    Será segredo de estado?

    Ou cá entre nós existe alguém com interesse maligno 
    insurgentes, desempregados, pé rapado, podem.dar o nome.que quiserem a situação está a ficar descontrolada insustentável ameaçador e mais não digo
    O terror chegou

  • Delvecchio ErnestoHomo Estamos "fodidos"!
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  • Nelsoncarlos Tamele Dalmiro Joel, recomenda se.
    Uma leitura seguida de uma reflexão profunda.
    O caso é muito sério.

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