"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sábado, 26 de janeiro de 2019

DECLARAÇÃO DE TOMADA DE POSIÇÃO




Caça ao português em Angola a partir do dia 30...
Isto está a aquecer muito e agora com esta tomada de posição devidamente assumida a ameaça já me parece ser mais séria.
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DECLARAÇÃO DE TOMADA DE POSIÇÃO

Nós, os cidadãos autores e subscritores da presente declaração, servimo-nos da mesma para manifestar o nosso mais veemente repúdio pela agressão de que foram alvo cidadãos Angolanos residentes no Bairro da Jamaica, Seixal (Portugal), levada a cabo por agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP), a 19 de Janeiro do ano em curso.
Expressamos igualmente veemente repúdio às incontáveis manifestações de xenofobia e racismo, feitas por cidadãos portugueses, por escrito e por áudio, contra as vítimas do Bairro da Jamaica e, como tal, contra todos os Angolanos e todas as outras pessoas negras. Quem ataca um Negro, ataca todos os outros Negros.

A inqualificáveis declarações de xenofobia e racismo, proferidas de forma franca por cidadãos portugueses de diversos estratos sociais, constituem na verdade a expressão do que os portugueses em geral pensam e sentem realmente sobre os Negros, sejam Angolanos ou não, como inferimos nos seguintes enunciados, dos muitos proferidos na rede social Facebook:

«Estas pessoas vêm para um país que lhes dá tudo, e é assim que nos agradecem . . . se não estão felizes podem voltar para o seu paraíso chamado África» (Rodrigo Novais).

«Acolheram esta gente, agora aguentem as consequências . . . Portugal e o seu multiculturalismo [. . .]» (Silvia Tavares).

«Meteram os macacos em zona urbana e eles ficaram agitados; claro [que] não gostaram da presença humana» (Manuel Batata).

Os portugueses mantêm um pensamento racista de proporções inenarráveis, condimentado por sentimentos de ódio, desprezo e deboche do tipo hegeliano pela figura do ente Negro, sua civilização e sua História.
Os discursos xenófobos e racistas decorrentes dos acontecimentos do Bairro da Jamaica permitem compreender que, ao contrário do que as autoridades portuguesas tentam transmitir, não são apenas infelizes casos isolados. Antes, pelo contrário, são uma amostra mais do que relevante e suficiente que confirma que os portugueses – na sua generalidade – são essencialmente racistas, e já não é possível esconder este facto.
Neste sentido, exigimos:

1. Que o Estado angolano faça um protesto ao Estado português pela brutalidade de que foram vítimas cidadãos Angolanos residentes no Bairro da Jamaica e pelo generalizado discurso xenófobo e racista que tem sido produzido por cidadãos e cidadãs portugueses;

2. Que o Estado angolano exija do Estado português a responsabilização civil e criminal dos cidadãos portugueses autores (devidamente identificados) de tão hediondas declarações racistas;

3. Que o Estado angolano proceda ao levantamento do número de portugueses residentes em Angola, a fim de averiguar a legalidade da sua condição migratória e a legalidade das actividades económicas que desenvolvem no país;

4. Que o Estado angolano proceda sem contemplações à expulsão de todos os cidadãos portugueses que se encontram a residir em Angola de forma ilegal.
Entrementes, em defesa da dignidade dos nossos concidadãos vítimas da brutalidade policial em Portugal e em defesa da nossa dignidade e honra como Nação Negra, fazemos conhecer ao Estado angolano que, caso se mantenha impávido e ignore as nossas lídimas exigências, procederemos da seguinte maneira:

1. Realização de uma série de manifestações diante da Embaixada de Portugal em Angola, localizada na Avenida de Portugal (Luanda), e diante do Consulado de Portugal em Benguela;

2. Boicote sistemático aos produtos e serviços de estabelecimentos comerciais portugueses – não comprar nada nem pagar serviços oriundos de estabelecimentos comerciais pertencentes a portugueses;

3. Caça aos portugueses.
Não aceitamos reagir de forma silenciosa e subserviente aos actos de brutalidade da PSP contra os nossos concidadãos em Portugal nem aos insultos racistas dos cidadãos portugueses, os quais esqueceram-se de que vivem em Angola centenas de milhares de portugueses, que estão à nossa mercê e com os quais poderemos fazer o que quisermos em defesa da nossa dignidade.

Não somos dos que aceitam como axiologia absoluta e intemporal a regra de não pagar pela mesma moeda o mal que nos é feito por outros, porquanto, os outros, habituados a (neo)colonizar, insultar e humilhar conhecem apenas um lado da moeda – a agressão – e continuam a demonstrar que não aprendem (não conhecem o outro lado da moeda) a menos que sejam submetidos às mesmas sevícias a que nos têm submetido ao longo de séculos.

Sempre, mesmo sendo vítimas de um sistema explorador e racista, foi pedido aos nossos antepassados para que, em nome de uma ética que beneficia o opressor, fossem pacientes e suportassem as agressões sem revidar. E continuam a pedir-nos o mesmo, alegando que devemos ter cuidado.

Quem, afinal, deve ter cuidado?

Os agressores e seus descendentes nunca tiveram cuidado ao ocuparem a nossa terra; nunca tiveram cuidado ao pilharem nossas riquezas; nunca tiveram cuidado ao ajudarem a manter no poder gente da nossa cor, mas que é aliada dos agressores e que facilita o processo de alienação que eterniza o nosso sofrimento espiritual e material como Angolanos e Africanos; nunca tiveram cuidado ao tratarem-nos como macacos, logo, não vamos ser nós a ter cuidado ao reagir às agressões animalizantes dos portugueses e sua polícia.

NOTA IMPORTANTE: se o governo Angolano não se pronunciar até 30 de Janeiro de 2019, desencadearemos as acções anunciadas acima.

Declaração entregue e protocolada à:
- Presidência da República
- Assembleia Nacional
- Ministério do Interior
- Ministério das Relações Internacionais

UM EM NÓS, NÓS EM UM!

Luanda, 24 de Janeiro de 2019

Os subscritores

Nuno Álvaro Dala
Júnior Tomás
Afonso Gaspar Rocha
Disakala Ventura "Di Ventura Dissa"
Fanuel E. T. Da Gama
Benedito J. “Dito Dalí”
António Dembo
Luís Paulo
Afonso Matias “Mbanza Hamza”
Dádiva Francisco

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