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Escrito por Adérito Caldeira em 25 Janeiro 2019 |
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Discursando nesta quarta-feira(23) para os Membros do Corpo Diplomático e Consular Acreditado em Maput o presidente do partido Frelimo e de Moçambique, Filipe Nyusi, admitiu enfim que a crise económica e financeira que estamos a viver desde 2016 está associada à crise da dívida pública.
O Chefe de Estado equivocou-se afirmando que “Em 2015, por exemplo, a dívida pública era superior a 100 por cento do PIB”, na realidade nesse ano o stock da Dívida Pública total cifrou-se em 88,1 por cento.
Mas em 2016, e após a descoberta das dívidas ilegais, a Dívida Pública ascendeu a 128,3 por cento do Produto Interno Bruto(PIB) e então reduziu “a capacidade de endividamento e, subsequentemente, a capacidade de investimento público”, como referiu o Presidente Nyusi.
“No que se refere a questão da dívida comercial não declarada e a detenção, em território sul-africano, do Deputado e antigo Ministro das Finanças, Manuel Chang, reiteramos a disponibilidade do Governo de continuar a colaborar com as instituições de justiça para o desfecho deste processo respeitando, porém, o princípio de separação de poderes” declarou o Chefe de Estado não mencionando a falta de cooperação do seu Executivo durante a Auditoria da Kroll e as várias tentativas de tem ludibriar os moçambicanos e ao Fundo Monetário Internacional que aconteceram em 2016.
Aliás continuam a fazer parte do Governo de Filipe Nyusi pelo menos dois actores principais do endividamento ilegal das empresas Proindicus, EMATUM e MAM e posterior desvio dos milhões de dólares, são eles a vice-ministra da Economia e Finanças, Maria Isaltina Lucas, e o Assessor do Ministério da Economia e Finanças, Henrique Álvaro Cepeda Gamito.
Governo de Nyusi pagou as dívidas ilegais em 2016 e 2017
Secundando o Presidente da República, e do seu partido, o primeiro-ministro havia também apelado na segunda-feira(22) a “serenidade” do povo tranquilizando que: “desde 2016 o Governo não tem vindo a pagar a dívida comercial destas três empresas EMATUM, MAM e PROINDICUS. Portanto o Governo não está a pagar estas dívidas, as únicas dívidas que estamos a pagar são as dívidas bilateral e multilateral”.
No entanto Carlos Agostinho do Rosário faltou a verdade pois que durante o ano de 2016, de acordo com o Relatório Parecer do Tribunal Administrativo sobre a Conta Geral do Estado desse ano, o Governo pagou três prestações das dívidas da Proindicus e outras três da dívida da Empresa Moçambicana de Atum(EMATUM).
“O valor total dos pagamentos realizados pelo Estado, em 2016, relativos à dívida da Proindicus, foi de 67.514.720 dólares norte-americanos, sendo 58.758.498 dólares norte-americanos destinados ao Credit Suisse AG, 7.861.389 dólares norte-americanos à Palomar Capital Advisor AG e 894.833 dólares norte-americanos ao VTB Capital PLC”, pode-se ler no documento do tribunal que fiscaliza as contas do Estado moçambicano.
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Adicionalmente o Relatório sobre a Conta Geral do Estado de 2016 refere que: “A Administração do IGEPE decidiu transferir 510.000.000,00 meticais para o Banco Comercial e de Investimento, como comparticipação no pagamento do cupão da EMATUM, SA ao Credit Suisse. Este empréstimo do IGEPE teve como garantia uma carta de conforto emitida pela Direcção Nacional do Tesouro, a 29 de Junho de 2015”.
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Portanto para amortizar estas dívidas o Executivo recorreu a endividamento interno 199 milhões de dólares que a Direcção Nacional do Tesouro foi buscar ao Banco de Moçambique e outros 510 milhões de meticais, que o Instituto de Gestão das Participações do Estado contraiu no Banco Nacional de Investimentos.
O @Verdade apurou, nos Relatórios de Execução Orçamental, ainda que em 2017 o Governo de Filipe Nyusi injectou 189,2 milhões de meticais na EMATUM em suprimentos e para realizar o Capital Social da falida e inviável empresa.
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Presidente Nyusi apela a “serenidade” enquanto negoceia continuar a pagar as dívidas ilegais com receitas do gás de Cabo Delgado
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Como se tudo isto fosse suficiente para enfurecer o povo existe ainda a empáfia dos mentores e executantes das ilegalidades que enfermam as dívidas que pavoneiam-se impunes apesar de todos sabermos hoje que não lhe bastou contrair os empréstimos como ainda desviaram milhões de dólares para fins pessoais.
Ainda assim, e numa altura em que o seu Governo está a renegociar com os credores o pagamento das dívidas ilegais com as receitas futuras do gás natural de Cabo Delgado, o Presidente Nyusi apelou “a todos os moçambicanos para continuarem a aguardar com serenidade pelo desfecho deste processo, respeitando a ordem e tranquilidade públicas, distanciando-se de actos de agitação e violência capazes de perturbar o desenvolvimento de Moçambique.”
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"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
Endividaram, roubaram e apelam para “aguardar com serenidade” enquanto pagam as dívidas ilegais
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