30/11/2018
EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (122)
Bom dia, Presidente. Esta carta devia ser a última deste ano. Portanto, enviá-la-ia lá para os finais de Dezembro.
Todavia, antecipo antes que o estro me seque.
Presidente: hoje quero lhe falar de um País cujo sonho foi trocado pela tragédia. Um País onde a Força de Intervenção Rápida- mergulhada na sua ignorância-, insiste em defender uma elite avarenta, alheia ao drama do povo. Um País onde partido soa como ladrão e o voto popular é uma forma de legitimar o golpe. Um País onde qualquer migalha que cai é sinónimo de tragédia.
Foi assim em Tete quando um camião-tanque carregado de combustível explodiu. É sempre assim. O povo morre na Lixeira de Hulene!
Um País onde a elite de rapina, a cada dia, cava fundo o buraco da miséria. E, os paladinos do falso progresso, são equipados para inventar sonhos ao povo, em troca de migalhas que caiem da mesa opulenta da elite.
Um País de contrastes. Um País onde os filhos do mísero povo estudam ao relento para aprender, desde cedo, que é proibido sonhar. Um País onde o pão poderia alimentar a todos, mas a elite tirou até o do bebé que ainda está para nascer, devido à sua ganância pelo gás que ainda nem começou a jorrar. Um País de reassentamentos. Um País de construtores de miséria.
Uma terra decadente onde a morte não é estranha; o estranho é quando chega sem aqueles requintes de crueldade que actualmente preenchem a coreografia de Cabo Delgado. Um País onde alguns equipam-se com obuses para pedir o que a Constituição legitima. Um País onde as progressões no funcionalismo público dependem da exibição de um certo cartão vermelho. Um País onde vale mais ter conhecidos do que ser competente. Um País onde o povo anda cabisbaixo.
As notícias diárias da carnificina em Cabo Delgado, do bloqueio da Estrada Nacional Número Um pelos “soldados da democracia” e do fulano que foi mutilado algures nas matas de Chihango por ousar criticar os de “sangue azul”, já não assustam a ninguém. Um País onde a actividade política é sazonal.
Os políticos emergem quando há eleições e fazem promessas do que nem eles acreditam. Voam de helicóptero ao Xipamanine para pedir voto à mamana descamisada em troca de uma camiseta que ela vai exibir no “My Love”, flutuando ao sabor dos solavancos da estrada esburacada.
Um País onde há muita riqueza, mas enche somente os celeiros de uma elite de rapina, que insiste em espalhar que a crise foi arremessada de fora, quando tudo foi engendrado numa reunião da Comissão Política.
Um País onde o seu líder garantiu que há galinha de 50 meticais! Um País entulhado por ladrões que têm a Justiça no bolso. Um País onde a esperança do povo foi tirada à catanada. Esse País chama-se Moçambique.
Se o Presidente aceitar descer do seu pedestal, posso lho mostrar…
DN – 30.11.2018
Cartas ao Presidente da República (122)
Bom dia, Presidente. Esta carta devia ser a última deste ano. Portanto, enviá-la-ia lá para os finais de Dezembro.
Todavia, antecipo antes que o estro me seque.
Presidente: hoje quero lhe falar de um País cujo sonho foi trocado pela tragédia. Um País onde a Força de Intervenção Rápida- mergulhada na sua ignorância-, insiste em defender uma elite avarenta, alheia ao drama do povo. Um País onde partido soa como ladrão e o voto popular é uma forma de legitimar o golpe. Um País onde qualquer migalha que cai é sinónimo de tragédia.
Foi assim em Tete quando um camião-tanque carregado de combustível explodiu. É sempre assim. O povo morre na Lixeira de Hulene!
Um País onde a elite de rapina, a cada dia, cava fundo o buraco da miséria. E, os paladinos do falso progresso, são equipados para inventar sonhos ao povo, em troca de migalhas que caiem da mesa opulenta da elite.
Um País de contrastes. Um País onde os filhos do mísero povo estudam ao relento para aprender, desde cedo, que é proibido sonhar. Um País onde o pão poderia alimentar a todos, mas a elite tirou até o do bebé que ainda está para nascer, devido à sua ganância pelo gás que ainda nem começou a jorrar. Um País de reassentamentos. Um País de construtores de miséria.
Uma terra decadente onde a morte não é estranha; o estranho é quando chega sem aqueles requintes de crueldade que actualmente preenchem a coreografia de Cabo Delgado. Um País onde alguns equipam-se com obuses para pedir o que a Constituição legitima. Um País onde as progressões no funcionalismo público dependem da exibição de um certo cartão vermelho. Um País onde vale mais ter conhecidos do que ser competente. Um País onde o povo anda cabisbaixo.
As notícias diárias da carnificina em Cabo Delgado, do bloqueio da Estrada Nacional Número Um pelos “soldados da democracia” e do fulano que foi mutilado algures nas matas de Chihango por ousar criticar os de “sangue azul”, já não assustam a ninguém. Um País onde a actividade política é sazonal.
Os políticos emergem quando há eleições e fazem promessas do que nem eles acreditam. Voam de helicóptero ao Xipamanine para pedir voto à mamana descamisada em troca de uma camiseta que ela vai exibir no “My Love”, flutuando ao sabor dos solavancos da estrada esburacada.
Um País onde há muita riqueza, mas enche somente os celeiros de uma elite de rapina, que insiste em espalhar que a crise foi arremessada de fora, quando tudo foi engendrado numa reunião da Comissão Política.
Um País onde o seu líder garantiu que há galinha de 50 meticais! Um País entulhado por ladrões que têm a Justiça no bolso. Um País onde a esperança do povo foi tirada à catanada. Esse País chama-se Moçambique.
Se o Presidente aceitar descer do seu pedestal, posso lho mostrar…
DN – 30.11.2018
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