"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

PCA das empresas das dívidas diz que “caldo foi entornado” pela mediatização


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Antonio_Rosario7Relatório de inquérito às dívidas ocultas
Afinal, as “dívidas ocultas” foram negociadas para serem mesmo ocultas. O PCA da ProIndicus, MAM e Ematum, António Agostinho do Rosário, explicou que, contra a vontade do proponente moçambicano, o financiador das operações, o Credit Suisse, decidiu lançar uma operação aberta e pública de emissão de títulos no mercado de capitais via online. A partir daí, sentenciou o gestor, “o caldo já estava entornado, o que conseguimos fazer foi gerir as coisas”.
Rosário revelou que estava claro para o credor, desde o início, que não era conveniente partilhar publicamente a informação. Uma das consequências da divulgação dos empréstimos, segundo o PCA, foi a guerra aberta entre os empreiteiros navais, por alguns terem sido preteridos em benefício de concorrentes. 
“Não podíamos dizer”
“É claro que, para nós, não podíamos vir dizer, nem para os bancos nem para quem quer que fosse, que a pesca não era a parte principal. não era para nós o objectivo inicial, é complementar, aumentar e reforçar aquilo que nós queríamos, que não conseguimos via Pro Indicus. Foi preciso criar uma outra empresa do zero, sem passivo nenhum, mas com um estudo de viabilidade próprio e que nós conseguíssemos convencer os bancos. E conseguimos! Foi a primeira operação de emissão de títulos na República de Moçambique no mercado de capitais, em Setembro de 2013”. António do Rosário disse que a mediatização trouxe problemas: “primeiro, entre os bancos, porque escolhemos o Credit Suisse em detrimento de outros; em segundo, a guerra entre empreiteiros, porque antes de escolhermos a quem escolhemos, andamos por muitos países à procura de quem tinha capacidade, pelo que, no fim, os outros queriam saber por que foram preteridos; por último, a querela pela partilha e controlo do canal de Moçambique e do Oceano Índico. 
Parlamento desviou foco da Ematum
“A Ematum surge com o objectivo duplo: um é parte integrante do Sistema Integrado de Monitoria e Protecção da Zona Económica Exclusiva em Moçambique, tem esta componente e tem equipamento para o efeito, e tem a parte da pesca. O estudo de viabilidade em relação à parte da pesca está correcto, os números são esses. Mas não era só a pesca... a pesca não era a actividade principal do projecto Ematum. Mas quando a Assembleia da República decide que a Ematum tem de separar a parte não comercial (da dívida) e entregar ao Estado, aí a Ematum tem que se reinventar. O objectivo da empresa moçambicana de atum, segundo o nome diz, e segundo o que os estatutos dizem, é pescar. A parte da fiscalização, pela sua natureza estratégica, não convinha que fosse aberta a todos, que fosse explícita”.
“Se hoje que já temos as coisas, temos o barulho que temos, imagine na altura em que essas pessoas e instituições e países que fazem barulho soubessem que tem a possibilidade de impedir. Como é que teria sido? Esquecemos que há aqueles que quando nós dizemos que queremos fazer isto, sentem-se acossados, porque perdem mercado...
“Primeiro fazer, depois explicar”
Primeiro, é fazer e, depois, vir a terreiro explicar como é que fizemos. Aí pelo menos não há como impedir. Parece que resultou. Agora, o que se pode fazer é talvez (nos) responsabilizar por termos feito como fizemos. Mas fizemos de forma deliberada, tínhamos um objectivo de servir o Estado. E conseguimos”. 
O PAÍS – 07.12.2016
NOTA: Proponho erguer estátuas a todos estes “heróis” nacionais. P’ra valer.
"Tínhamos o objectivo de servir o Estado." E o povo? Quem o servia?
Fernando Gil

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