05/05/2020
Exército zimbabweano por cá
OS críticos de Emmerson Mnangagwa condenam o alegado envio de militares zimbabweanos para a guerra moçambicana contra os terroristas, em Cabo Delgado. Dizem que a medida presidencial devia ter passado pelo Parlamento Nacional ao que depois, independentemente da resposta dalí saída, o presidente da República não teria nenhum impedimento para materializar os alegados entendimentos assumidos com Filipe Nyusi, na passada quinta-feira, na capital da província de Manica, Chimoio.
Jonathan Moyo é das vozes críticas que recorda o facto de o reformado coronel Lionel Dyck ter sido contratado para combater ao lado do governo moçambicano, “pelo dinheiro” e questiona se a iniciativa de Emmerson Mnangagwa de enviar as Forças de Defesa do Zimbabwe (ZDF) é em prol da paz ou do dinheiro, escreve Moyo na sua conta de twitter, citada ontem pelo ZimbabweNews.
Quinta-feira (01), o presidente Filipe Nyusi, seguido do ministro da Defesa Nacional, Jaime Neto, ainda do director-geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), além de outros quadros seniores, recebem, em Chimoio, o homólogo zimbabweano, Emmerson Mnangagwa, este acompanhado pela ministra da Defesa Nacional, Oppah Muchinguri, ainda do chefe das ZDF.
O comunicado daí resultante não faz referência a assinatura de acordo de cedência do exército zimbabweano na guerra em Cabo Delgado. A publicação cita Nick Mangwana, funcionária sénior do governo de Mnangagwa, a declinar que o Zimbabwe tenha enviado tropas para combater os insurgentes islâmicos no norte de Moçambique. O ZN faz referência aos jihadistas islâmicos de origem francesa, denominados Al Rasak, que estariam envolvidos na guerra de Cabo Delgado, a prometer invadir o Zimbabwe no espaço de seis meses, em retaliação ao envio de militares no apoio a Moçambique na guerra de Cabo Delgado.
Referido na mesma edição como Al Rasak, o grupo francês de jihadistas vira-se contra Nelson Chamisa, líder da oposição zimbabweana, por permanecer no silêncio em vez de encontrar formas de combater o regime de Emmerson Mnangagwa, desse modo libertando o país da actual liderança. A France Al Rasak acusa Chamisa de recear pedir ajuda ao Haftar para esse combate contra o regime de Mnangagwa, em prol de uma população zimbabweana que passa fome extrema.
A organização terrorista oferece inclusive asilo ao líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), no Líbano, devendo retornar aoZimbabwe após derrube de Emmerson Mnangagwa e imediata ocupação do palácio presidencial. Entretanto, comentarista da portuguesa SIC, Nuno Rogeiro, mostra vídeos filminados com recurso a drones, sobrevoando as matas do distrito de Metuge, onde aparecem indivíduos, alguns deles, na boleia de motos em contacto com outros grupos aparentemente todos terroristas que actuam na província de Cabo Delgado. Numa outra passagem, o drone filma um indivíduo numa moto, imediatamente cercado por dezenas de jovens para, no momento seguinte, estes se afastarem à pressa quando se apercebem da presença do drone.
O comentarista do canal SIC diz que o homem em causa é um dos dirigentes terroristas. Estas motos teriam entrado ao país via o Malawi, atravessando as matas do Niassa até ao destinatário, em Cabo Delgado. O comentarista considera que o sistema de abastecimento das referidas motos, em combustível, é interno, sugerindo, por isso, ao controlo apertado por parte das autoridades moçambicanas na circulação desse líquido.
Outro vídeo que anteontem caiu na conta do ET, mostra presumíveis militares moçambicanos a atear fogo em cabanas abandonadas, no interior de Cabo Delgado, enquanto o autor da filmagem revela tratar-se de lugares onde os terroristas construíram como linhas de avanço, através delas, é facilitada a logística ao grupo dos ‘Sem Rosto’.
Com a eliminação de tais cabanas e toda a cadeia de apoio logístico, o grupo vai ficar sem meios de subsistência. Recentemente, de resto, o Programa Mundial de Alimentação (PMA) em Cabo Delgado denunciou o primeiro assalto terrorista aos seus armazéns, num distrito da província, onde foram roubados essencialmente bens alimentares armazenados à espera de oportunidade para serem distribuídos pelas vítimas de violência armada.
EXPRESSO – 05.05.2020
EXPRESSO – 05.05.2020
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