01/05/2020
Ataques: Grupos usam “capa do Islão” para terem mais aceitação - Conselho Islâmico
O Conselho Islâmico de Moçambique alertou que os grupos armados responsáveis pelos ataques em Cabo Delgado estão a usar “a capa do Islão” para terem mais seguidores na região, que tem um número significativo de muçulmanos.
“Eles nada sabem sobre a nossa religião e estão a usar a capa do Islão para terem mais aceitação em Cabo Delgado, numa zona que tem muitos muçulmanos”, disse à Lusa o xeque Abdul Magid António, representante do Conselho Islâmico em Nampula, a província mais populosa do país, com cerca de 5,7 milhões de habitantes.
A região vizinha de Cabo Delgado tem sido apontada pelas autoridades como uma das escolhidas pelos grupos armados para o recrutamento de jovens, tendo a polícia moçambicana, já por várias vezes, anunciado o desmantelamento de redes com este objetivo e apelado às comunidades para cooperarem com as Forças de Defesa e Segurança.
“Na nossa província, eles têm escolhido as zonas rurais da parte costeira. Chegam nestes locais como muçulmanos e aliciam os jovens com postos de emprego e bolsas de estudo em madraças. Eles sabem que os pais destes jovens são pobres e pouco informados”, observou.
Abdul António relatou casos de falsos muçulmanos que tentaram, por várias vezes desde que os ataques começaram, recrutar jovens nos distritos de Moma, Angoche, Mogincual, Mossuril e Ilha de Moçambique, na província de Nampula.
“O Conselho Islâmico instruiu as delegações a reportarem todas estas situações e, a nível central, quase todos dias recebemos informações dando conta de que há pessoas que circulam nestes distritos prometendo bolsas de estudo e empregos. De imediato, pedimos para que as comunidades notifiquem as autoridades”, declarou.
Abdul António lembrou que, quando as incursões dos grupos armados começaram em Cabo Delgado, em outubro de 2017, o Conselho Islâmico informou as autoridades sobre a existência de pessoas com "ideologias contrárias aos mandamentos do Islão".
“Nós alertámos o Governo desde o primeiro dia”, observou.
Para o líder muçulmano, os grupos têm outros objetivos e planos, até agora desconhecidos, mas as suas ambições são “totalmente distantes dos mandamentos islâmicos”.
“Se eles fossem muçulmanos nunca vandalizariam as nossas mesquitas. Eles desrespeitam tudo e matam até muçulmanos”, frisou Abdul António, acrescentando que é errado classificá-los como ‘jihadistas’, na medida em que não se está perante uma “guerra santa”.
O líder muçulmano pede maior vigilância para travar as incursões destes grupos, considerando que a violência armada em Cabo Delgado deve ser vista como um desafio de todos os moçambicanos.
“Eles nada sabem sobre a nossa religião e estão a usar a capa do Islão para terem mais aceitação em Cabo Delgado, numa zona que tem muitos muçulmanos”, disse à Lusa o xeque Abdul Magid António, representante do Conselho Islâmico em Nampula, a província mais populosa do país, com cerca de 5,7 milhões de habitantes.
A região vizinha de Cabo Delgado tem sido apontada pelas autoridades como uma das escolhidas pelos grupos armados para o recrutamento de jovens, tendo a polícia moçambicana, já por várias vezes, anunciado o desmantelamento de redes com este objetivo e apelado às comunidades para cooperarem com as Forças de Defesa e Segurança.
“Na nossa província, eles têm escolhido as zonas rurais da parte costeira. Chegam nestes locais como muçulmanos e aliciam os jovens com postos de emprego e bolsas de estudo em madraças. Eles sabem que os pais destes jovens são pobres e pouco informados”, observou.
Abdul António relatou casos de falsos muçulmanos que tentaram, por várias vezes desde que os ataques começaram, recrutar jovens nos distritos de Moma, Angoche, Mogincual, Mossuril e Ilha de Moçambique, na província de Nampula.
“O Conselho Islâmico instruiu as delegações a reportarem todas estas situações e, a nível central, quase todos dias recebemos informações dando conta de que há pessoas que circulam nestes distritos prometendo bolsas de estudo e empregos. De imediato, pedimos para que as comunidades notifiquem as autoridades”, declarou.
Abdul António lembrou que, quando as incursões dos grupos armados começaram em Cabo Delgado, em outubro de 2017, o Conselho Islâmico informou as autoridades sobre a existência de pessoas com "ideologias contrárias aos mandamentos do Islão".
“Nós alertámos o Governo desde o primeiro dia”, observou.
Para o líder muçulmano, os grupos têm outros objetivos e planos, até agora desconhecidos, mas as suas ambições são “totalmente distantes dos mandamentos islâmicos”.
“Se eles fossem muçulmanos nunca vandalizariam as nossas mesquitas. Eles desrespeitam tudo e matam até muçulmanos”, frisou Abdul António, acrescentando que é errado classificá-los como ‘jihadistas’, na medida em que não se está perante uma “guerra santa”.
O líder muçulmano pede maior vigilância para travar as incursões destes grupos, considerando que a violência armada em Cabo Delgado deve ser vista como um desafio de todos os moçambicanos.
“Nós, como Conselho Islâmico, temos tentado apostar na sensibilização das comunidades muçulmanas para que não abracem este tipo de ideologias. Não só em Nampula, como também na Zambézia [província do centro do país] e mesmo em Cabo Delgado. Mas é necessário que se veja o problema da violência no norte de Moçambique como um desafio de todos e só assim podemos perceber o que realmente está a acontecer”, concluiu.
Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos de extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já provocaram a morte de, pelo menos, 500 pessoas nos últimos dois anos e meio.
Na terça-feira, após uma sessão do Conselho de Ministros, O ministro do Interior de Moçambique, Amade Miquidade, disse que as Forças de Defesa e Segurança abateram, só no mês de abril, um total de 129 "terroristas" na província de Cabo Delgado.
As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afectados pela violência armada.
No final de Março, as vilas de Mocímboa da Praia e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um alegado militante 'jihadista' justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objectivo de impor uma lei islâmica na região.
Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram.
LUSA – 01.05.2020
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