Da Redação, com AIM
30/08/2016 09:00
O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, disse que o "país fez tudo o que pode" no sentido de levar a bom porto a sua missão na liderança da Troika da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Oldemiro Baloi, ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros
Mbabane - O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, disse, segunda-feira (30), que o "país fez tudo o que pode" no sentido de levar a bom porto a sua missão na liderança da Troika da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Moçambique deixa a presidência da Troika na 36ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo deste bloco regional, que inicia terça-feira em Mbabane, na Suazilândia, onde certas vozes são críticas ao desempenho do bloco regional na resolução de conflitos.
A Troika da SADC sobre Defesa e Segurança é composta por Moçambique, África do Sul e Tanzânia.
O Chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, na qualidade de Presidente da Troika do Órgão da SADC para a Cooperação nas áreas de Política, Defesa e Segurança, vai apresentar, durante a Cimeira, o relatório sobre a situação política e de segurança na África Austral.
Nyusi chegou a Mbabane na manhã desta segunda-feira, liderando uma delegação que inclui a esposa, Isaura Nyusi, os Ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, da Indústria e Comércio, Ernesto Max Tonela, os altos-comissários de Moçambique no Botswana, Domingos Fernandes, na Swazilândia, Luís Silva, quadros da Presidência da República e de outras instituições do Estado moçambicano.
Numa declaração divulgada a propósito da cimeira, a Conferência dos Bispos Católicos da África Austral (SACBC, sigla em inglês) considera que a SADC é um "fracasso", porque os seus líderes "fracassaram em dar respostas as crises da região".
A SACBC sustenta o seu criticismo com o alegado malogro da organização regional em levar o Lesotho a implementar as recomendações do "Relatório Phumaphi".
Mphaphi Phumaphi, juiz do Supremo Tribunal de Justiça do Botswana, foi indicado pela SADC, em Julho, para presidir a comissão de inquérito de 10 membros encarregues de investigar o assassinato do antigo comandante das Forças de Defesa do Lesotho, Maaparankoe Mahao, o qual viria a agravar a crise político-militar no pequeno reino montanhoso.
No final do inquérito, Phumaphi elaborou um documento com várias recomendações que supostamente ajudariam a estabilizar o Lesotho.
O vice presidente da SACBC, o bispo Valentine Seane, disse que os bispos da região estavam "desapontados" pelo facto de os líderes da SADC não terem conseguido levar as autoridades de Maseru a executar as recomendações do "Relatório Phumaphi".
Eles também não pouparam críticas ao Chefe do Estado do Botswana, Ian Khama, que, nesta Cimeira, vai entregar a pasta da presidência do bloco regional à Suazilândia. Khama é também acusado pela SACBC de, supostamente, ter falhado na resolução das crises de liderança na região.
Os bispos mencionam as crises no Lesotho, Zimbabwe e República Democrática do Congo e dizem que estas eram a grande causa para preocupação e que Khama "não deu soluções".
O Ministro moçambicano disse que respeitava a opinião dos bispos.
"Os bispos representam Deus na terra, mas não são donos da verdade. A crise no Lesotho não se resolve em dois ou três anos. Nós tratamos o dossier Lesotho, tivemos um representante permanente no Lesotho que trabalhou com as igrejas e até tornou possível a realização de eleições", disse.
"Mas como o problema é demais profundo, que tem de ser resolvido de forma estrutural, o mesmo voltou. E não será num ano que vamos resolver o problema da revisão constitucional, da reforma do sector de segurança, mas, acima de tudo, da reconciliação, da paz de espírito entre os próprios cidadãos do país", acrescentou.
Para Baloi, os suthos é que são os sujeitos da acção. "Nós vamos ajudar. Se eles não nos ajudam a apoia-los, o que podemos fazer?", questionou o Ministro.
Segundo o diplomata moçambicano, "até agora a apreciação dos países membros (da SADC) é bastante positiva, quanto o que Moçambique pode fazer durante um ano. Essas presidências constituem um desafio muito grande. Um ano passa depressa e os 'dossiers' de que o órgão trata são complexos, pesados e o seu tratamento é lento".
"Portanto, nós iniciamos, concluímos outros processos que muitas presidências realizaram. Portanto, é uma prova de estafeta. Nós recebemos o testemunho e agora vamos passar esse mesmo testemunho. Mas o percurso que fizemos está a ser apreciado positivamente e isto deixa-nos satisfeitos".
Em reacção as críticas dos Bispos Católicos, o Ministro Swazi de Planificação Económica e Desenvolvimento, Príncipe Hlangusemphi, disse, por seu turno, ser responsabilidade dos bispos rezar para a SADC responder aos assuntos deste bloco como eles almejam.