11/10/2020
Mais um rapto de um empresário, ontem, na cidade da Beira. Agora com uma cadência quase semanal, com cada vez mais ousadia, em publico, em estradas cheias de movimento e à luz do dia. Os raptores fazem o que querem, quando querem e como querem.
O Governo não fala disso e finge que nada de anormal está a acontecer.
A Policia omite-se completamente na tarefa de encontrar os raptores, desvendar a respectiva rede incluindo os mandantes, recuperar o dinheiro pago a título de resgate e assim pacificar as nossas cidades e a nossa sociedade.
A cada rapto as quadrilhas se tornam mais fortes operativa e financeiramente, mais audazes e capazes de “comprar” a omissão daqueles que tem por função e missão combater o crime e assegurar a segurança dos cidadãos.
Uma teia complexa de cumplicidades a nivel do nosso Estado está fomentar uma autêntica indústria de rapto.... só falta mesmo a AT cobrar legalmente impostos pelos fluxos de dinheiro que circulam nas elevadas transações que tal indústria movimenta diariamente.
Quando à luz do dia, de forma pública e impune floresce uma industria criminosa de raptos de cidadãos indefesos, é porque falta Estado, falta Governo, falta Polícia, falta liderança ... falta tudo. Prevalece a lei da selva, a lei do mais forte e cá, entre nós, o mais forte é invariavelmente aquele que tem a arma, independentemente desse porte ser licito ou ilicito.
Trocam-se mais uma vez os papéis: os criminosos sentem-se altamente protegidos e os cidadãos altamente desprotegidos.
Nós, a sociedade civil e os cidadãos deste pais, de tanta desgraça com que nos habituámos a conviver, já nem sabemos nos indignar e nem reagir perante tamanha omissão de quem é pago, com dinheiro dos nossos impostos, para assegurar a nossa segurança colectiva. Julgamos que, apesar de tudo, os raptos são um problema menor, de entre os muitos que temos, pois só afligem quem tem muito dinheiro.
É falso, ainda que não tenhas muito dinheiro, mesmo assim poderás ser raptado por quadrilhas menos sofisticadas e menos coligadas, .... mas indirectamente somos todos afectados, pois varios empresários que foram raptados depois saíram do País e outros tantos estão a preparar-se para o fazerem. Fecham empresas lucrativas, fecham-se postos de trabalho, outros empresários deixam de investir por falta de segurança e para aforrar dinheiro para pagar eventuais resgates e possiveis taxas de liberdade, cria-se uma imagem negativa do País perante a comunicade investidora, com todas as consequências negativas para a economia e para a sociedade.
Não nos deixemos enganar, a prosperidade de uma indústria de raptos em Moçambique afecta a todos nós moçambicanos, directa ou indirectamente... e afectará cada dia mais.
Por isso, o nosso silêncio também é cúmplice, mas é, sobretudo, um silêncio autodestruidor.
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