"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sábado, 6 de maio de 2017

O verdadeiro sentido do diálogo triunfou em Moçambique


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Dialogar é negociar, é estar disposto a ceder. É aceitar 75 porcento ou mesmo 50% quando poderia levar a totalidade dos 100%.
Este meu raciocínio surge a propósito do recente discurso do líder da Renamo, Afonso Dhlakama proferido no dia 4 de Maio corrente que, dentre várias coisas, afirmou que o partido por si liderado já não considera prioritária a sua exigência de governar nas seis províncias onde alega ter ganho no escrutínio passado.
Diz ainda que a sua luta actual é garantir que até o final deste ano consiga a aprovação pelo parlamento do dispositivo legal que permita que, nos próximos pleitos eleitorais, os governadores provinciais possam ser eleitos democraticamente, ou seja, através do voto popular a semelhança do que acontece para os restantes postos, nomeadamente: o de Presidente da República, de deputado da Assembleia da República e de membro da Assembleia provincial: “[Para as eleições de 2019], já faltam quase dois anos, a prioridade agora é que, doravante, tenhamos governadores eleitos em Moçambique”, declarou Dhlakama.
Há quem considere que esta atitude denuncia a falta de comprometimento daquele líder. Tais vozes são de opinião de que custasse o que custar, a Renamo deveria continuar na tecla de exigência de governar em tais províncias porque, segundo dizem, é o que o partido alegou para o retorno do conflito armado agora em trégua indeterminada, pelo que não tem qualquer sentido desistir neste momento.
Não gostaria de dizer aqui que este pensamento é incorrecto. Longe disso! Até porque, o direito de pensar diferente é inerente ao ser humano e inclusive encontra acomodação no nosso ordenamento jurídico.
Queria mesmo é recordar sobre o bem superior que nós todos devemos ter sempre em consideração, a paz.
Insistir na exigência de governar nas seis províncias recorrendo ao derramamento de sangue provou-se ser pernicioso ao nosso país. Tanta gente morreu, outra contraiu lesões graves entre curáveis e permanentes, muitos bens perderam-se, a economia estagnou-se, e em geral, todos nos ficámos prejudicados. Daí que quaisquer que sejam as nossas razões convém que as exijamos de tal maneira que não incorramos também no risco de cometer injustiças. A forma como se reivindica uma razão pode perder a justeza da causa, e este pareceu ser o caso.
O volta-face tomado pela Renamo, desde a ala política até a militar, deve merecer aplausos, pois, devolve o sossego aos moçambicanos que há muito clamavam para colocarem em acção as suas ideias e esforços tendo em vista desenvolver o nosso país.
Por qualquer que seja a injustiça de que estejamos a ser alvos e como forma de repor a legalidade recorramos também a injustiças, psicológica ou violenta, todos sabemos que o fim último é entendermo-nos por meio do diálogo, e dialogar pressupõe estar disposto a ceder nalgumas vezes parte da nossa razão.
Delfim Anacleto Uatanle
(Recebido por email)

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