"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 12 de maio de 2017

Os beligerantes mudaram de tom


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Renamo e Frelimo com discursos adocicados sobre a paz
Está a confirmar-se a tendência do cessar-fogo a nível de discurso, por parte da Frelimo e da Renamo na Assembleia da República, sobre a questão do conflito armado que sempre pôs os dois lados da barricada com discursos inflamatórios. A aparente cordialidade recíproca no tratamento entre as partes revela um acordo de boa vizinhança entre os beligerantes. Na quinta-feira, 11 de Maio, as bancadas parlamentares daqueles dois partidos saudaram os esforços das duas chefias na busca da paz efectiva com protagonismo repartido. Até já foi criado o rótulo de “inimigos da paz” exteriores a Nyusi e a Dhlakama.
A chefe da bancada parlamentar da Renamo, Ivone Soares, disse, durante o seu discurso no encerramento da IV sessão da Assembleia  da República, que a paz definitiva está próxima. “A sede pela paz é tanta que, para todos, a trégua parece significar o fim da guerra e a entrada da paz efectiva no nosso país”, afirmou Ivone Soares e saudou Afonso Dhlakama e Filipe Nyusi pelo esforço que estão a empreender na busca de paz duradoira, afirmando que se trata de um esforço que não é fácil, “uma vez que tem que enfrentar os inimigos da paz e harmonia que ainda persistem na nossa sociedade”.
A Renamo diz que a trégua sem prazo é um “sinal de que é possível alcançar a almejada paz efectiva e definitiva de que o nosso país precisa”.
No seu discurso, Ivone Soares recuou no tempo para explicar por que é que o país ainda não teve a paz duradoura. Afirmou que, com o Acordo Geral de Paz de 1992, se criou no seio dos moçambicanos a expectativa de uma paz duradoira, “mas que nunca tivemos”, pois a paz limitou-se ao calar das armas, “sem um processo de reconciliação, muito menos o cumprimento do estabelecido no Acordo de Paz”. Segundo Ivone Soares, esse facto fez com que vivêssemos “no ciclo vicioso de paz precária, eleições com resultados inaceitáveis, devido à falta de liberdade, justiça e transparência nos processos eleitorais, e de novo conflito pós-eleitoral”. Diz que foi por isso que, em 2014, houve o Acordo de Cessação de Hostilidades Militares, o qual, mais uma vez, pareceu uma luz no fundo do túnel da estabilidade política do país. Mas, passadas as quintas eleições gerais, também elas não livres, nem justas nem transparentes, de novo, se voltou ao conflito pós-eleitoral. A chefe da bancada parlamentar da Renamo afirmou: “É urgente colocarmos um ponto final neste ciclo vicioso em que o país vive nos últimos vinte e cinco anos”.
Como solução para se conseguir a paz efectiva, Ivone Soares diz: “Precisamos de ter no país uma democracia multipartidária que permita ao povo moçambicano votar nos seus líderes livremente, isto é, que seja o povo moçambicano a decidir aqueles que devem governar os municípios, as províncias e o país”.
Margarida Talapa que já habituou o plenário aos seus insultos a Afonso Dhalakama e a traçar um perfil tenebroso da Renamo, também apareceu em tom suave, enaltecendo os esforços das duas chefias. Sem os habituais adjectivos contra a Renamo, Margarida Talapa também falou na necessidade do aprofundamento do diálogo. (André Mulungo)
CANALMOZ – 12.05.2017

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