"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 14 de maio de 2017

Frelimo aprisiona o povo


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Por Edwin Hounnou
A experiência de conflitos por que o nosso país vem atravessando desde que se tornou independente, a 25 de Junho de 1975, exige de todos uma atenção acrescida na elaboração e construção de um ambiente de paz que abranja a todos os sectores da sociedade. A paz não se limita somente ao silêncio das armas nem das viagens sem sobressaltos pelas estradas nacionais.
A paz efectiva é quando todos ficam a ganhar. A paz é um assunto de suma importância que a todos diz respeito, por isso, ela não pode ser discutida por a duas pessoas ainda que estejam imbuídos de muito boas intenções. A paz que se assente em simples entendimento menos na Constituição frágil, temporária e armadilhada que, a qualquer momento, pode explodir.
A nossa constituição e as demais leis tem sido a principal armadilha contra a paz. A paz que o povo precisa deve vir da justiça e inclusão nas oportunidades de todos, da revisão da Constituição da República de modo a permitir que quem vencer uma eleição não fique com tudo e o vencido não seja pária, num mero cidadão de segunda, aliás, como tem sido até agora.
Numa sociedade que se rege pelos princípios de um Estado de Direito ninguém fica rico sem causa, nem contrai uma dívida astronómica, inconstitucional em nome do povo e fica ileso. A injustiça e exclusão são uma fonte de onde brotam todos os conflitos quer sejam políticos quer sejam militares. Não sairemos do corredor de guerras enquanto se negoceia com intenções de aldrabar o outro, de passar à perna ao outro, como aconteceu com os acordos de Roma.
O problema não é Afonso Dhlakama nem é a Renamo mas a injustiça e a exclusão. O problema não é Daviz Simango nem é o MDM. A raiz do problema reside na Constituição da República, na forma como estão constituídos o STAE, CNE e o Conselho Constitucional. O problema vive no excesso de poderes conferidos à figura do chefe de estado. O judiciário não funciona porque está subordinado ao poder político e agora está ficando cada vez mais visível quando vemos a Procuradora-Geral da República e o Presidente do Tribunal Administrativo perfilados, em placas dos aeroportos para uma genuflexão ao chefe do governo.
Nada mais resta ao povo senão lançar as mãos à cabeça porque estamos bem perdidos. O país está mesmo entregue à bicharada.
Uma coisa é não trabalhar alegando a falta de meios e a outra, bem diferente, é entregar-se para ficar bem com quem o indicou para aquele cargo. Isso é perigoso e coloca em causa o funcionamento das instituições para além de demonstrar incompetência e vassalagem.
A Procuradoria e ao Tribunal Administrativo vão a tempo de proporem a construção de um memorial aos mentores das dívidas ocultas, como sinal da sua subserviência ao gangsterismo e bandidagem.
O relatório da KROLL, apresentado à Procuradoria Geral da República no dia 12 de Maio corrente, não se espera nenhuma acção devido aos compromissos políticos da justiça. Há razões fundamentadas para desconfiar.
Dos 2,2 biliões de dólares em questão, mais de 1,6 mil milhões não entraram nos cofres do Estado. Esse valor foi dividido pela turma do crime organizado que concebeu e pôs em marcha o plano das dívidas que a Frelimo endossou ao povo para pagar.

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