"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 12 de maio de 2017

Aquilo tudo é fachada. Vão ser executados nas matas de Marracuene ou Moamba

sexta-feira, 12 de maio de 2017
Momade Assife Abdul Satar
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7 h · 

Socar paredes!
Não sou jornalista e muito menos analista político ou de qualquer outra natureza. Tenho feito os meus pronunciamentos no Facebook, como forma de satisfazer alguns pedidos que me são feitos por amigos e seguidores. Geralmente abordo questões candentes da nossa sociedade moçambicana. Aliás, é por este meu amável país que gasto algumas horas no Facebook todos os dias.
A modéstia não me permite negar isto: sou detentor de muita informação valiosa que diz respeito à esfera pública, principalmente ao sector da justiça. Aqui, ao longo dos anos, fui cultivando alguns amigos e são estes que me facultam a dita informação sigilosa, também porque sabem das injustiças que passei e ainda passo.
No dia 24 de Abril, por volta das 13 horas, recebi um telefonema de uma fonte minha que trabalha directamente com a Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili. Era uma chamada pertinente. Queria me dar uma boa nova. Por isso não usou de rodeios e disse logo: “Mano Nini, acaba de acontecer um filme a alguns metros da Procuradoria-Geral da República”.
“O que aconteceu?”, perguntei-lhe eu, em meio a gargalhadas. “Roubaram duas pessoas”, disse ele. “Como assim roubar pessoas?”, voltei a questionar. Foi quando deu-me a entender que o assunto tinha que ver com o “resgate” de José Ali Coutinho e Alfredo Muchanga.
“Aquilo tudo é fachada. Vão ser executados nas matas de Marracuene ou Moamba e farão de tudo para sumir com os corpos”, 
E depois vâo dizer que é sua obra.
Todos os crimes a serem praticados vão ser atribuídos a Coutinho e a si. E por este motivo que vâo fazer desaparecer os corpos.
são da minha fonte estas palavras. Perguntei-lhe usando o termo que temos usado quando falamos da Procuradora-Geral: “A mana Buchili sabe disso?”
Respondeu sem hesitações: “Claro que sabe. Todos os crimes envolvendo os esquadrões da morte são do seu domínio. Ela é informada de imediato para não accionar nenhum mecanismo de investigação. E…mano Nini: está-se a preparar um comunicado forte contra si para ser distribuído amanhã pela imprensa”. Antes de me dizer que comunicado era esse, ouvi um “tchau”. Não lhe voltei a ligar. Presumi que devia se ter aproximado alguém, por isso o desligar rápido do telefone.
Há uma coisa que vos vou garantir meus amigos, fãs e seguidores: as minhas fontes nunca me mentiram. Muitas das vezes para alicerçarem o que me dizem, mandam-me comprovativos (documentos). É por isso que escrevi, aqui mesmo, que Coutinho e Muchanga foram levados para serem executados.
Socar paredes
Aproveitem saber os que não sabiam. Eu, Nini Satar, tenho uma filha de nove anos. É bastante inteligente e com ela discuto sobre variados temas. Sou muito apegado a ela. E foi numa dessas abundantes conversas que me disse: “O pai nunca se apercebeu que tudo o que escreve no Facebook é o mesmo que socar paredes?” Isto foi há um ano. Não havia entendido perfeitamente onde é que ela queria chegar.
Caminhei este ano todo ignorando o dito dela, mas hoje rendo-me: a minha filha sempre teve razão. Quando aparecem dois corpos sem vida e a população de Moamba testemunha de quem são e a Polícia desmente, não é socar paredes?
Quando diante de todas as evidências, quer seja reportagem da STV, relatório da autópsia, certidão de óbito, a Polícia continua a teimar que os corpos não são de Coutinho e Muchanga, isso não é socar paredes?
Quando o porta-voz da PRM, Orlando Mudumane, diz, de viva voz, que aqueles corpos, mesmo diante de todas as evidências, não são de Coutinho e Muchanga, isto não é socar paredes?
Quando o próprio ministro do Interior, Basílio Monteiro, queima as energias que deviam ser usadas para coisas úteis, a dizer que não são de Coutinho e Muchanga os corpos encontrados, isso não é socar paredes?
Que dizer dos familiares dos assassinados que reconheceram os corpos? Choraram a morte de desconhecidos? Isto não é desrespeitar, grosseiramente, as famílias de Coutinho e Muchanga?
Tinha razão a minha filha. Estou a socar paredes. São insensíveis, como todo mundo sabe. Mas um dia, a justiça será feita. Não me vou render. Nunca fui homem de jogar toalha ao chão. Quando abraço uma causa vou até ao fim. Não sei qual será o desfecho, mas um dia muitos dirão: Nini fez o que devia fazer. Lutou!
Nini Satar

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