"O pior é que estado da Nação nem está bem encaminhado para vir a ficar bom. Está péssimo!"
EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (41)
Sei que o Presidente, por estes dias, vai ao Parlamento prestar o seu informe anual sobre o estado geral da Nação. Ou seja, vai fingir que está a fazer uma radiografia sobre o País, porque para mim, o verdadeiro informe devia abrir espaço para questionamentos.
O Presidente não pode, anualmente, chegar ao Parlamento e dizer que “o Estado geral da Nação é bom” quando é uma verdadeira mentira, e ir embora. Devia ser questionado. O engraçado é que nenhum Presidente da República- é sabido que todos são oriundos da Frelimo- chegou a dizer que o Estado geral da Nação é mau. Mesmo quando é.
O que significa que o mesmo discurso proferido por Joaquim Chissano, durante o seu consulado, pode servir para Filipe Nyusi, bastando, para o efeito, actualizar alguns pontos. O estado geral desta Nação sempre foi “bom”, mesmo quando o desemprego de pessoas economicamente activas e o nível de burocracia no aparelho do Estado para complicar as pessoas que querem fazer negócios são evidentes.
O pior é que estado da Nação nem está bem encaminhado para vir a ficar bom. Está péssimo! O Presidente já reparou quantas vezes se disse que o estado da Nação é bom? Cada ano que passa a ladainha é a mesma, mas as pessoas só se queixam.
Afinal, o que significa estar bom o estado da Nação? No País temos raptos que afugentam investidores, como se não bastasse o golpe duro da Covid-19. Temos “jihadistas” a dizimar Cabo Delgado. Temos Mariano Nhongo e as suas incursões pela zona centro. Temos desemprego assustador. As senhoras já não vendem pão ou badjias na esquina. Foram escorraçadas pelo município ou por causa da Covid-19.
O julgamento dos que defraudaram o País em mais de dois biliões de dólares não conhece nenhum desenvolvimento. O Presidente nega que está implicado no calote, apesar de Jean Boustani ter dito- e com provas- que lhe deu milhões de dólares para a campanha eleitoral.
Os ricos-um punhado- continuam cada vez mais ricos. Os pobres- a maioria- cada vez mais pobres.
Mas há-de o Presidente dizer que o estado da Nação é bom e ir dormir o sono dos justos. E chego à conclusão que se não fosse por imperativos da lei, o Presidente até delegava um dos seus vários porta-vozes para ir ao Parlamento dizer que o estado da Nação é bom.
Não é preciso nenhuma técnica. É só falar e ponto. Talvez até seria uma gravação de áudio. Ligavam na Assembleia da República e os deputados ouviam aconchegados e sonolentos nas suas cadeiras e no fim batiam palmas-os da Frelimo. Os da Renamo ou MDM trarão o discurso de sempre: o informe não espelha a realidade do País.
E assim vamos andando!
DN – 11.12.2020
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