"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

 

O B.I do DAESH[Elementos de Autocrítica]

Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola

O auto-intitulado «Estado Islâmico» do Iraque e do Levante¹ fundado no ano 20[03], é uma Organização Jihadista² Islâmica de orientação Wahhabita▼, que opera maioritariamente no Médio Oriente. Em 20[14] precisamente no dia [29] de Junho, passou a se intitular simplesmente «Estado Islâmico», afirmando autoridade sobre os muçulmanos do mundo todo.

O Napoleão teria dito, que na guerra [Deus] está sempre do lado daqueles que têm armas mais potentes e sofisticadas. Certamente, hoje ele provavelmente não diria isso. O DAESH tem na publicidade e na violência a sua nota típica. Sem dúvida algumas pessoas, que lêem isto estão relembrando experiências que prefeririam esquecer. No meio, o DAESH actua de modo que o conhecimento das suas tropelias se difunda ampla e rapidamente com o fim de conseguir uma atmosfera de [terror] favorável aos seus objectivos e de propagar os seus ideais de reforma.

Mas, em qualquer caso pode-se dizer que o DAESH, os seus actos não são isolados e espontâneos, mas planificados para conseguir o enfraquecimento da ordem vigente. O «Estado Islâmico» é também conhecido pelas siglas EIIL¹, EIIS², ISIS¹, ISIL² e mais recentemente pela sigla DAESH muito difundido pelos mídia.

O DAESH é a sigla em árabe para «al-Daulá al-Islaiya al Iraqwa Sham», significado na língua portuguesa «Estado Islâmico do Iraque e Sham [Levante]». De maneira geral, é defendido, que por ser menos forte, menos conquistador e mais neutro, o termo DAESH, retira o peso simbólico que é dado pelo termo Estado Islâmico. Reconhecer o grupo como «Estado Islâmico» dá-lhe dois [2] Estatutos fundamentais:

  1. O de Estado, que sob o ponto de vista jurídico-político é, o Estatuto mais nobre do Direito Internacional;
  1. E o Estatuto de representação islâmica ou religiosa.

Certamente, o nome «Estado Islâmico» implica uma certa noção de Instituição política semelhante a outras como por exemplo; Estado moçambicano, Estado angolano, Estado português, Estado alemão, Estado brasileiro, Estado mexicano e…, etc. E então, para [evitar] esta noção, os Estados preferem referir-se aos terroristas usando o termo DAESH, visto que, os terroristas em questão representam um quase Estado, que nunca foi reconhecido formalmente.

Além disso, em árabe a palavra DAESH é semelhante a [Daes] que significa «aquele que esmaga algo» ou [Dahes] «aquele que semeia a desordem». Destarte, em árabe a sonoridade da palavra é semelhante a vocábulos, que têm para os terroristas sentido pejorativo. Então, por esta razão o «Estado Islâmico» não reconhece a sigla DAESH, e criou severas penalizações para quem for encontrado a usar o termo.

Para além do sentido pejorativo da sigla, o DAESH limita o campo de actuação da Organização terrorista. Nos últimos anos a Organização adotou o nome «Estado Islâmico» retirando todas as referências ao Iraque, Síria e a região do Levante, posicionando como uma formação religiosa supranacional, que não respeita fronteiras estatais e que pretende construir um califado global³ recusando, destarte, referências aos nomes de Estado.

Portanto, a sigla DAESH é preterida em detrimento de outras como “ISIS” ou “ISIL”, uma vez que, manifesta-se como um meio de diminuição do Estatuto do «Estado Islâmico» retirando-lhe a posição de Instituição política ou religiosa, reduzindo seu campo de actuação para a região do Levante, ao mesmo tempo, que pela sonoridade do nome o descredibiliza.

n/b:

¹. Levante é, uma região não determinada de forma precisa da Costa mediterrânea, que abrange a Síria, Palestina, Jordânia e Líbano.

²O termo Jihadista tem sido usado para distinguir os muçulmanos sunitas não violentos. Os Jihadistas, entendem que a luta violenta é necessária para defender a comunidade muçulmana.

³No direito muçulmano, conjunto de princípios seguidos por Chefes políticos e religiosos após a morte de Maomé c [570]-[632].

▼O wahhabismo está no centro do fundamentalismo e do radicalismo islâmico da atualidade, mas suas origens remontam ao século XVIII.

¹Estado Islâmico do Iraque e Levante

² Estado Islâmico do Iraque e Síria

¹Islamic State of Iraq and Levante

²Islamic State of Iraq and Syria

Manuel Bernardo Gondola

Desde Maputo, [15] de Dezembro 20[20]

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