O Índice de Desenvolvimento Humano e o lugar incómodo [181] para Moçambique[Elementos de Autocrítica]
Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
O Índice de Desenvolvimento Humano [IDH], foi criada em década de [90] para puder calcular a qualidade de vida, acompanhar os países e principalmente estabelecer uma hierarquia entre eles, para que os melhores fossem exemplo e para que os piores tomassem cuidado e tentassem melhorar. Infelizmente, nós sabemos que nem sempre isso acontece, mas o índice tem sempre uma clara razão.
Mas…, como esse IDH é avaliado? É medido de zero a um. E, o que vale salientar, que nenhum país chega a zero, destarte como nenhum país chega a um. Só que alguns países já conseguem bater [0,96], [0,95] isso já virou um patrão. Muitos países, posso citar de [15] países para cima na casa dos [0,9] ou até mais dependendo da pesquisa, dependendo do ano.
Então, o IDH caminha com muitos países no topo. Infelizmente, muitos países na parte de baixo, e a maioria parte desses países na parte de baixo são africanos. Destaco; Moçambique, Burkina Faso, Níger, Libéria, Sudão do Sul, Burundí, República Centro-Africana, Serra-Leão. A Serra-Leão, que várias vezes foi o pior IDH do mundo.
Destarte, nós temos os dois [2] lados da moeda. Do lado bom quem destacamos obviamente é a Noruega é, o país que ganha e tem ganhado muitas vezes; o Canadá já teve o seu período de sucesso muito grande. Um país, que se destaca bastante actualmente é a Austrália, com crescimento de qualidade de vida de fazer inveja, e cresce muito nesse ranking de IDH. Em 20[13] ficou em segundo lugar. E Isso é muita coisa porquê. Porque quando o foco saiu do Canadá emigra para o Norte da Europa, o Norte da Europa mantém essa qualidade de vida.
A Suécia, sempre apareceu bem, a Noruega sempre lá em cima, a Dinamarca se mantém, Alemanha tem um IDH muito bom, os países baixos têm um IDH muito excelente. Outros destaques como; o Japão, os Estados Unidos, a Nova-Zelândia, que também tem aparecido cada vez melhor. Mas…, a Austrália merece mais destaque principalmente pelo segundo lugar, e isso tem se tornado um [alvo] de emigração. Porquê! Porque primeiro ela apresenta boa qualidade de vida, e segundo não tem tantos problemas com a temperatura como têm o Canadá e Noruega, que as pessoas têm o problema de adaptação. Destarte, o IDH acaba sendo, também um indicador de tendências, por exemplo a procura de países de melhor qualidade de vida.
Nesse sentido, o nosso Moçambique, melancolicamente não melhorou, mas agravou o seu IDH, ou seja, a nossa posição não é reconfortante, nós somos o número [181] dessa lista de [189] países, coisa que Moçambique poderia melhorar e/ou pode melhorar e estar menos incómodo na classificação se considerarmos, que o nosso país é viável e esperançoso.
Agora! O que é que nós como país temos que pensar. É como é que esse IDH é feito, o que é que leva em consideração o IDH. Primeiro, o IDH leva em consideração três [3] grandes esferas de pesquisa. E quais são essas esferas?
Primeiro; a renda per capita² ou a renda bruta desse país. Vai analisar por cabeça o que é que essa renda significa. A renda per capita, sempre foi a divisão total do PIB¹, pelo número total da população, não levando em conta corrupção e desvio do dinheiro. Ou seja, dividir tudo para todos.
Segundo critério escolaridade. Repare! Não só…, os anos de estudo normais, mas os anos em que você espera, que toda criança estude até a sua formação. Ou seja, não simplesmente o grau de escolaridade é importante, mas também a qualidade dessa escolaridade. Destarte, quanto maior for a escolarização de uma população maior será o desenvolvimento de seu país. Ou seja, exites uma relação directa entre educação e desenvolvimento.
Terceiro e último; a espectativa de vida. Repare! Se você prestar atenção nesse três [3] factores, você percebe como eles são complexos, e como eles acabam gerando um ciclo; um ciclo virtuoso ou um ciclo vicioso dependendo de como estamos observando. Tomemos como exemplo; imagine você, que um país com alto grau de escolaridade, ou seja, um perfil de obras cada vez mais qualificada, e a mão-de-obra cada vez mais
qualificada, por consequência, tende a receber mais. Se ela tende a receber mais, se ela tende a produzir mais, ela consegue aumentar sua renda.
Destarte, você tem um país com alto grau de escolaridade, consequentemente, acaba gerando trabalhadores com alta renda, e esses trabalhadores de alta renda, têm muitos acessos. Acesso a infra-estruturas de saúde com qualidade; a remédios eficientes, a tratamentos excelentes o que acaba aumentando a espectativa de vida. Esse[s] paíse[s] nessa conjuntura; quando ele[trabalhador] acaba tendo um filho, ele acaba colocando seu filho para estudar e ele acaba repetindo esse ciclo de seu pai. Esse ciclo, que se repete constantemente chama-se ciclo virtuoso, porque ele é positivo, uma vez que, as pessoas tendem a estudar mais, a ganhar esse dinheiro e a manter a qualidade de vida do[s] paíse[s]. Por isso, se percebe que os países de alto IDH acabam se repetindo.
Mas…, quando você olha o IDH doutra forma, você percebe como ele é complicado ou fica complicado. Porquê! Porque, geralmente um país de baixa escolaridade como o nosso, é um país, também de baixo grau de desenvolvimento e se ele tem um baixo grau de desenvolvimento, e se pode esperar duas [2] coisas:
Primeiro; uma renda per capita baixa com um agravante terrível; e qual é? O dinheiro desse[s] países[s], quando se dividi na renda per capita acaba sendo muito baixo, e quando se analisa acaba sendo muito pior. Porquê! Porque os países menos desenvolvidos acabam sofrendo bastante, dado que, existe muita concentração de renda em poucas pessoas. Destarte, o que é determinnate entre um país desenvolvido e subdesenvolvido, é que, nos países desenvolvidos a renda é desconcentrada, ou seja, todos possuem recursos necessários para garantir a sua sobrevivência, mas nos países subdesenvolvidos a renda é concentrada, existe uma pequena parcela da população, que possuí uma elevada quantidade de riqueza[recursos], enquanto que a maioria não possuí.
Segundo; os dados às vezes podem enganar. quando você olha uma renda distribuída pela população, quando na verdade temos uma forte concentração de renda e isso fica muito complicado para os nosso[s] paíse[s]. E porquê é que fica complicado? Pois, isso nos diz, que boa parte da nossa população moçambicana, vive com baixíssima qualidade de vida, com baixíssimas condições de sobrevivência. Ou seja, suas espectativas de vida estão seriamente comprometidas, no meio, são pessoas que tendem a morrer mais cedo, que pessoas que vivem em condições melhores.
E o IDH, é fundamental? É obvio que é muito fundamental. Pois, ao olharmos essa avaliação é um iniciou, mas precisamos mais para sabermos disso. Como! Você analisa o IDH, você consegue ter uma visão geral. Agora; para fazermos um planejamento, um planejamento estatal, um planejamento de acções, você precisa analisar mais dois [2] factores. Que factores são esses, além do IDH? Você precisa analisar a concentração de renda, do país como acima atirei; você precisa saber se esse dinheiro é distribuído ou se está na mão de pouquíssimas pessoas e o resto vive numa pobreza muito grande.
E outra coisa que temos, que entender é o seguinte; além da distribuição de renda, você tem que olhar para a distribuição da população nas classes. Repare! Imagine, que eu diga para você o seguinte: eu tenho [30] milhões de pessoas num país, e eu pergunto para você, quantos Colégios você criaria? Quantas Instituições de Ensino Básico você criaria? Certamente você não saberia me responder. Porquê você não saberia me responder?
Primeiro; desses [30] milhões, você não sabe quantos [%] necessitariam de Ensino Público, ou quantos pagariam o Ensino Privado, e isso determina quantas Escolas o Estado, tem que criar. Então, a concentração de renda ajuda nisso. Imagine você, que eu estou falando de um país extremamente concentrado, que pouquíssimas pessoas têm condições de pagar seu próprio estudo. Destarte, você teria que criar mais Escolas estatais, mais infra-estrutura estatais. Começa, destarte o seu raciocínio.
Segundo; desses [30] milhões, quantos são crianças, quantos são adultos, quantos são idosos. E isso determina seu tipo de política. Se nesses [30] milhões você tiver uma porção ou % muito grande de [4/7] milhões de crianças, que é uma percentagem muito alta, nesse caso e o que é que você está observando; uma necessidade muito grande de você criar muitos Hospitais, muitas Escolas pelo país todo.
Repare! Você tem um país com [30] milhões de habitantes, com pequena quantidade de crianças e uma grande quantidade de idosos, você espera, que ele invista em saúde e também em casas de asilo. Destarte, analisar a distribuição de renda para saber quantas pessoas precisariam dos serviços do Estado, e você analisar a distribuição etária, ou quantas pessoas por faixa etária, quanto dessa população serve de mão-de-obra, é fundamental para você analisar.
Termino lembrando, que nesta pesquisa Moçambique está atrás de países como; Burkina Faso, Níger, Libéria, Sudão do Sul, Burundí, República Centro-Africana, Serra-Leão, que são países, que têm muitas dificuldades. E é bom chamar atenção, que o nosso problema de IDH não é um problema actual só…é um problema histórico; Moçambique carrega um conjunto de [mazelas] que precisa enfrentar.
Por isso, o que nós temos que ter é, clareza de projecto para onde queremos que o nosso país vá. Vá para frente e não retrocessos como acontece; de preferência distribuindo renda, diminuindo níveis de desigualdades [pobreza] e melhorando a vida da população no geral. É o que pelo menos, nós esperamos e o Serviço Público passa necessariamente por cumprir essa missão.
n/b:
Indicadores Económicos
¹Produto Interno Bruto ou o Produto Nacional Bruto [PNR], que é a quantidade total de bens e serviços produzidos dentro de um país, durante um período de tempo.
² Renda Per Capita, é a renda média da população. Ela é calculada dividindo-se PNB pelo número de habitantes.
³ PNB, é a soma do PIB mais o valor das remessas de dinheiro vindas do exterior.
▼Renda Nacional, é a soma de todos os rendimentos recebidos pelas empresas e pelas pessoas durante um ano.
Manuel Bernardo Gondola
A partir, de Maputo, aos [20] de Dezembro 20[20]
Sem comentários:
Enviar um comentário