"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

 

No ano de 20[21][Elementos de Autocrítica]

Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola

No ano de 20[21] vamos valorizar mais as pessoas do que as coisas.

Vamos procurar dar trabalho ao maior número possível de pessoas. Talvez não estejamos, desta forma, produzindo directamente mais riquezas, mas estaremos certamente conferindo mais dignidade a um número maior de famílias moçambicanas.

Vamos também valorizar as pessoas dando a cada uma; habitação condigna, maternidade condigna, transporte condigno, boa alimentação, uma educação/saúde correctas. Ou seja, uma possibilidade de cada uma participar efectivamente no desenvolvimento do País não só…, demagogicamente, mas através de uma parcela de seu resultado económico, mas principalmente através da participação na construção de seus resultados.

Vamos em 20[21], valorizar as pequenas empresas, aquelas em que o relacionamento humano ainda prevalece e as pessoas não se transformam em peças de engrenagens.

Vamos valorizar a [obra] das nossas próprias mãos, o nosso próprio trabalho e suor, fazendo-o simplesmente bem melhor, deixando para lá a mentira e o desleixo.

Vamos valorizar as nossas Escolas e Universidades, nossos meios de comunicação social, nossas famílias, fazendo deles muito mais do que focos de preocupação económica, mais locais de transmissão de valores éticos, que tanto abandonamos nestas últimas décadas.

Vamos valorizar o futuro, as gerações dos nossos filhos e netos, que têm o direito de esperar que nossa avidez, nossa ganância e nossa sede de lucro imediato não inviabilizem o País que lhes deixarmos. Tem importância, também o seguinte aspecto:

em 20[21] o bem-estar de cada moçambicano e de cada família baseie-se não na propriedade pessoal, mas sim, no trabalho garantindo e no aumento dos fundos sociais de consumo. Vou assinalar, também que em 20[21] que a maioria das moradias pertençam ao Estado, que as distribua de graça e o aluguer não ultrapasse 3/4% da receita total de uma família com rendimento médio. Destarte, como vamos fazer de 20[21], o ano de uma verdadeira independência ética contra: O culto de personalidade, o laxismo, o narcisismo, o masoquismo, o roubo no aparelho do Estado, a ansiedade [luxo], o ressentimento, a [intolerância], relatórios distorcidos, inadimplência/fraude, deslealdade, [assimetrias regionais], indisciplina no trabalho, ociosidade, peculato, má qualidade de ensino, favoritismo/corrupção, conflito de interesses, falsidade ideológica, e…, enfim…

Em Moçambique, esta lista deveria ser acrescida de um item, que adquire uma importância cada vez maior nos últimos anos; é a filosofia do desleixo que vem se manifestando em todos os aspectos da vida nacional como: «Não vai adiantar eu mudar; afinal o País inteiro está assim». Em 20[21] eliminamos a passividade de ficarmos esperando, que com o tempo, as coisas melhorem; tornamo-nos alguém que está contribuindo para a mudança da sociedade em vez de sermos como acontece mais um adicionado aos muitos e múltiplos problemas já existentes no País.

A partir de 20[21] tenhamos a consciência de que tudo é uma questão de perspectiva; em 20[21] direccionemos as nossas energias para aquilo, que não podemos aceitar nunca. Destarte; vamos transformar em 20[21] as acções erradas em hábitos elevados, vamos interromper o ciclo; o ciclo de repetição dessas atitudes e começarmos a experimentar uma influência benéfica nos pensamentos, palavras e consequentemente nos relacionamentos familiares, no trabalho, no chapa, na rua, Escola, Universidade e amizade.

Em 20[21] vamos experimentarmos ser um [farol] para iluminar e ajudar a guiar o País; concentrando-nos na solução e não nos problemas; direccionando todas as nossas energias para atingirmos nossos objectivos deixando para lá pensamentos negativos.

A clareza, afrouxamento nítido entre o certo e o errado, sem normas éticas vinculativas, sem padrões ou sem modelos de referência, que infelizmente não se ensina mais nas Escolas, Universidades e nas famílias e que se pratica cada vez menos na actividade profissional, o que traz para o nosso País, sem que se perceba, um imenso volume de problemas.

Mas…, será que as Escolas, Universidades e as famílias podem ensinar a ética em 20[21]?

A resposta a pergunta deveria ser evidente: os acontecimentos dramáticos ao nível político, económico, social e…, até cultural do ano que agora está [reconhecendo] seu fim e já no limiar do novo ano inscrevem a necessidade da ética, pelo menos face aos abundantes exemplos negativos para a nossa cultura [sociedade].

Quando por exemplo; deixamos implícito que a integridade é um factor inerente ao carácter da pessoa, estamos a afirmar, que de facto o papel da Escola, da Universidade e das famílias é providenciar orientações sobre como devemos fazer escolhas éticas. Sob outros aspectos «se tudo que somos hoje é fruto das nossas acções, as acções que desempenhamos no presente». Mas creio, que se realmente quisermos um dia nos relacionarmos em termos de responsabilidade, seguramente seremos um País feliz e próspero. Destarte, quando entendermos isto perceberemos todos a grande responsabilidade que temos pelo pensamento, palavra ou acção que desempenhamos.

Há a percepção de que [nós] mesmos e ninguém mais, criamos nosso destino através de nossas próprias acções. Desta forma, enfrentamos os revezes e, dificuldades com coragem e dignidade; entendendo que devemos pagar nossas dívidas e não alimentar sentimento de revolta ou autopiedade. Sob outro aspecto lembremo-nos se tudo que somos hoje é fruto das nossas acções anteriores. Ou seja, as acções que desempenhamos no presente logicamente irão criar [reverberar] nosso futuro.

Portanto, está em nossas mãos nós moçambicano [a]s escolher o futuro que quisermos a partir do ano de 20[21]. Então, quando entendermos isto todos nós moçambicana [o]s, do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao índico, percebermos a grande responsabilidade que temos pelo pensamento, palavra ou acção que desempenhamos.

Manuel Bernardo Gondola

A partir de Maputo, aos [30] de Dezembro 20[20]

 

Análise: Ataques de insurgentes podem adiar o futuro dos moçambicanos

O ministério moçambicano do Interior diz que os insurgentes estão a intensificar tentativas de ataques a localidades próximas do acampamento da multinacional Total, em Palma, para inviabilizar o projecto de exploração do gás natural em Cabo Delgado, o que, segundo analistas, significa adiar o futuro dos moçambicanos.

"Os terroristas estão a tentar inviabilizar os investimentos na península de Afungi", diz em comunicado aquele ministério, referindo que as forças de defesa e segurança frustraram, esta semana, uma tentativa de ataque à sede da localidade de Mute, no distrito de Palma.

Esta é a segunda tentativa de ataque à localidade de Mute, próxima do megaprojecto de gás natural em Cabo Delgado, após uma primeira incursão ocorrida no dia 7 deste mês.

O analista Adriano Nuvunga diz que a situação de Cabo Delgado é muito delicada, sobretudo porque os insurgentes estão a ganhar espaço e vão actuando muito próximo do complexo de Afungi.

"Isto mostra que cada vez mais, os insurgentes estão próximos de adiar o futuro dos moçambicanos, no que diz respeito ao desenvolvimento da bacia do Rovuma", considera o analista Adriano Nuvunga, que é também director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD).

Para Nuvunga, os ataques a localidades próximas de Afungi devem constituir "a primeira preocupação do Governo de Moçambique".

Pressão para a negociação

Para o político Raúl Domingos, presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvoolvimento (PDD), os ataques a aldeias, próximas do projecto bilionário de gás natural liquefeito, podem representar uma táctica de pressãao para a negociação.

“Isso pode ser uma estratégia, porque estamos a falar de um projecto de biliões de dólares, e penso que ao fazerem esses ataques, os terroristas querem obrigar os bilionários que estão a investir no gás a negociar com eles," disse aquele líder partidário.

Entretanto, o académico Calton Cadeado entende que em análises estratégicas é difícil falar de um factor único para explicar qualquer que seja o conflito, "porque há conflitos que podem começar com um único factor, mas, dependendo da sua durabilidade, outros factores podem entrar na equação, e inclusive anular ou diminuir o factor inicial".

Cadeado avançou que, neste momento, não se sabe qual foi o factor inicial, "e só posso afirmar que, no conflito em Cabo Delgado, há uma dimensão doméstica e outra internacional, que é preciso olhar, bem como uma dimensão ligada à questão dos recursos naturais".

Por seu turno, o director do Centro de Integridade Pública (CIP), Edson Cortez, sublinha que para além desses, “há um conjunto de outros factores que associados resvalou para a situação de conflito armado em Cabo Delgado, entre os quais a pobreza".

VOA – 30.12.2020


EY: que se diga adiar o futuro dos camaradas e nao dos moçambicanos

 

Politicalha!

Esta segunda-feira, durante um encontro que o Presidente da República manteve com um grupo de militares das Forças de Defesa e Segurança Politicalha! em Cabo Delgado, congratulou-se pelos avanços que o exército está a alcançar no combate aos insurgentes.

Como nas comédias, o tempo se encarregou de ridicularizar o canastrão. Até nem foi necessário tanto tempo. Ontem os “jihadistas” realizaram dois ataques simultâneos no distrito de Palma, um dos quaisnas redondezas dos mega-projectos de gás natural em Afungi.

Até parece que estes ataques tinham como objectivo desqualificar a fanfarronice de Filipe Nyusi, porque acontecem poucos dias depois de ele ter alardeado o bom desempenho que as Forças de Defesa e Segurança têm em Cabo Delgado.

A realidade do que acontece no terreno, diga-se, há muito que frustra as expectativas presidenciais. É verdade irrefutável que Filipe Nyusi não se tem mostrado à altura de uma melhor gestão política do conflito em Cabo Delgado.

E o facto tem impacientado os países da região. Também não é menos verdade que as Forças de Defesa e Segurança continuam a denotar incapacidade para controlar a actividade dos “jihadistas” que devastam a província de Cabo Delgado.

Filipe Nyusi visitou, a 18 de Dezembro corrente, a região de Metuge (sede de distrito) e viu com os seus próprios olhos a desorganização logística ali existente e as dificuldades de evacuação de feridos e transporte de corpos. Os feridos, mesmo em Mueda, uma vila-chave na província, têm de ser transportados para Pemba por via aérea.

Talvez até seja por isso que durante o seu informe sobre o estado geral da Nação, no Parlamento, Filipe Nyusi tenha procurado justificar a ineficiência das Forças de Defesa e Segurança com argumentos de que há infiltração de tanzanianos no País, desde 2012, que alegadamente funcionam como elementos de radicalização e de recrutamento.

Para além de tanzanianos, identificou congoleses, somalis, ugandeses, e quenianos, entre outros. A verdade dói, mas tem que ser dita.

A gestão do conflito em Cabo Delgado é liderada por políticos medíocres, provincianos. O mérito ou demérito da sua actuação não é avaliado de maneira objectiva, mas sim por boatos e relações que só agudizam a mediocridade. (Laurindos Macuácua)

DN – 30.12.2020

 

Sr. Presidente dos Maputecos e dos Macondes,

O final do ano 2020 está perto, para acabar com o problema há que ir à raiz do problema e acabar com ele, como diz uma das suas ministras, que está sentada aí no ar condicionado do Maputo e não consegue enxergar o problema de Cabo Delgado.

Tem a ver com terras, os Maputecos e Macondes, apropriaram-se das terras à volta de Montepuez, Mocímboa da Praia, Palma, etc.. e afastaram os Mwani e Macuas, que agora estão revoltados e a lutar por aquilo que também é deles.

Não há ataque nenhum do Estado Islâmico ou do Daesh, há sim uma limpeza étnica de Mwanis e Macuas para fora de Cabo Delgado, para facilmente se recolonizar com Maputecos e Macondes as áreas costeiras.

Como o Sr. Abubacar é dono de 2 ilhas nas Quirimbas, nunca fez lá nada e uma tenta vender por 60 milhões de usd??

Como tem 2 000 hectares em Palma e nunca fez lá nada??

Como uma empresa Turca é dona de uma península ao lado de Afungi com 2 200 hectares e agora vende areia para as obras de Afungi??

Como o Sr. Pachinuapa é dono de 35 000 hectares em Montepuez, tem 25% da empresa de Rubis e escorraçou as pessoas de Montepuez à paulada, quantas pessoas já morreram em Montepuez às mãos da empresa de Rubis??

Porque o Sr. Presidente não segue o exemplo do seu amigo João Lourenço de Angola e pede de volta para o governo aquilo que os Frelimos, Indianos, Maputecos e alguns Macuas se apoderaram ilegalmente.

É tão simples, uma lei que obrigue à devolução voluntária ao Estado de todo o património que se apoderaram ilegalmente.

Porque o Sr. Chang e os seus amigos que estão na prisão dourada ainda não devolveram os milhões de usd que se apoderaram ilegalmente??

Devolvam o dinheiro e vão em paz e liberdade, é simples.

Os 25% da mina de Rubi em Montepuez é do estado de Moçambique deveria ser devolvido voluntariamente.

O Porto de Nacala é do Estado de Moçambique, não do Sr. Couto, irmão do Mia Couto que o gere a seu belo prazer.

Enfim Sr. Presidente ao longo de Moçambique são centenas os exemplos de apropriação indevida de património do Estado pelos Frelimos e sus muchachos que o Estado deveria pedir voluntariamente que esses Senhores grandes o devolvessem.

(Recebido por email)

 

Semanário Canal de Moçambique nº 596 de 30.12.2020

Cmc 596 30.12Leia aqui

Download Cmc 596 30.12.2020

 

"Paz e diálogo" são os grandes desejos do edil de Quelimane para 2021

Manuel de AraujoNa reta final de 2020, o presidente do município de Quelimane, Manuel de Araújo, diz que é preciso calar as armas o mais rápido possível, pois só assim é que Moçambique se pode desenvolver.

Para o edil de Quelimane, Manuel de Araújo, é preciso dialogar e acabar definitivamente com os ataques no centro de Moçambique, atribuídos à autoproclamada Junta Militar. Só com a paz é que pode haver desenvolvimento, salienta o político da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

"Esperamos nós e fazemos fé para que este conflito se resolva o mais rápido possível", advoga Manuel de Araújo.

O edil acrescenta que "ninguém ganha com a violência", pelo que, no seu entender, é preciso "encontrar caminhos de diálogo para que, entre irmãos, entre moçambicanos, possamos nos entender e trabalhar juntos para tirarmos Moçambique do marasmo económico em que se encontra."

"Moçambique já sofreu bastante"

Na semana passada, o líder da Junta Militar, Mariano Nhongo, anunciou uma suspensão das hostilidades, mostrando-se aberto ao diálogo. Nhongo contesta o líder da RENAMO, Ossufo Momade, rejeitando também o acordo de paz assinado pelo maior partido da oposição e pelo Governo, em agosto de 2019. Na terça-feira (29.12), Momade condenou mais uma vez os ataques da Junta Militar, na região centro, e dos insurgentes, no norte de Moçambique.

Na mesma linha do político, o edil de Quelimane repudia igualmente a violência no país e pede a todos os moçambicanos que contribuam para a paz.

"Nós temos de condenar qualquer violência, quer do norte do país, quer a que está a eclodir aqui na zona centro", disse o edil da cidade de Quelimane, acrescentando que ser importante que "todas as forças vivas se envolvam neste projeto de pacificar Moçambique, pois este país já sofreu bastante."

"Eu penso que é chegada a altura de nós termos o diálogo, a paz, como meta fundamental para que possamos alavancar e explorar todos os recursos" e catapultar a economia moçambicana, reforçou Manuel de Araújo.

Impactos da Covid-19

O impacto económico da pandemia de coronavírus em Moçambique foi grande, lembra o edil. As restrições afetaram vários setores, muitos comerciantes viram as receitas reduzir significativamente e, por consequência, também os municípios dispõem agora de menos recursos.

"A pandemia afetou a área de captação dos recursos", afirma o autarca. Por exemplo, nas barracas, que são uma das fontes de rendimento das famílias e também dos municípios. "A limitação da área de negócios afetou os planos que nós tínhamos estabelecido. Ao nível central, houve também uma redução na disponibilização de recursos porque o governo central sofreu igualmente dos impactos da Covid-19."

O edil de Quelimane esteve no fim de semana passado em Chimoio, capital provincial de Manica, à margem do lançamento da campanha denominada "Município nas tuas mãos", que visa descentralizar o sistema tributário ao nível dos 33 bairros da cidade. O evento contou com a presença de 16 edis de outros pontos do país.

DW – 30.12.2020

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

 

Líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo declara cessar-fogo unilateral e anuncia negociações

Mariano Nhongo diz que equipa de negociadores dele está pronta para encontro com Governo na segunda-feira, 28.

O líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, declarou um cessar-fogo unilateral nesta quarta-feira, 23, colocando fim a ataques armados em estradas e aldeias do centro de Moçambique, para viabilizar um novo esforço de negociações de paz com Maputo.

Nhongo anunciou negociações na segunda-feira, 28, com o Governo e embaixadas.

“Já passou uma semana, não há estrondos, eu mandei paralisar os meus militares para não atacarem mais”, disse Nhongo, em entrevista exclusiva à VOA, algures do seu esconderijo, salientando que “o que ficou é tomar uma cerveja” com a polícia e o exército, em alusão à cessação de confrontos militares com as Forças de Defesa e Segurança.

O cessar-fogo, prosseguiu aquele dissidente do principal partido da oposição, resulta do consenso alcançado no diálogo telefónico que manteve, na semana passada, com o enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas, Mirko Manzoni, tendo já constituído a sua equipa que vai negociar com o Governo.

Negociações

“Já organizei a minha comissão de negociações, cinco homens estão preparados, o que falta é o Governo e as embaixadas decidirem onde vão se encontrar com esses homens”, na próxima segunda-feira, 28, precisou Nhongo, para quem “já terminou a guerra”.

“Eu estou a apelar ao Governo e às embaixadas para terminarmos com a guerra e entrarmos nas negociações para o povo moçambicano andar livre”, insistiu Mariano Nhongo, que denuncia a perseguição dele e dos seus seguidores.

O líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo,disse que helicópteros estavam a sobrevoar baixo uma zona onde continuam entrincheirados os guerrilheiros apoiantes do grupo, depois dos aviões terem “bombardeado garimpeiros”, no final de novembro, quando foram confundidos com os guerrilheiros dissidentes.

“Eu estou a admirar (o sobrevoo dos helicópteros) enquanto acabei de conversar com Mirko Manzoni, porque outra vez a perseguição?”, perguntou o antigo estratega militar do fundado da Renamo, Afonso Dhlakama, adiantando que tem estado a trocar com frequência os esconderijos por temer pela vida.

Amnistia

Na terça-feira, 22, o Presidente da República anunciou que as Forças de Defesa e Segurança capturaram três homens próximos do Nhongo, um dos quais era seu assistente de campo.

Entretanto, o líder dissidente disse que não vai retaliar a captura dos seus homens, mas, sim, negociar com o Governo uma amnistia àqueles que estão.

“É preciso tirá-los (da cadeia) para nós negociarmos porque já não haverá guerra”, frisou Mariano Nhongo, para quem o “Governo deve mandar parar as suas forças, como eu mandei parar, para nós entrarmos em negociações”.

A autoproclamada Junta Militar da Renamo é acusada de realizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e aldeias nas províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que causaram a morte de em pelo menos 30 pessoas desde agosto do ano passado.

In https://www.voaportugues.com/a/l%C3%ADder-da-autoproclamada-junta-militar-da-renamo-anuncia-cessar-fogo-unilateral-e-anuncia-negocia%C3%A7%C3%B5es/5710261.html?ltflags=mailer

 

STV-Jornal da Noite 23.12.2020(video)

Não editado pela STV-SOICO

 

Cabo Delgado: «Eu vi os terroristas matarem pessoas e levarem as minhas duas irmãs»

Issoc tem 19 anos e teve de fugir de repente, quando os terroristas que aterrorizam a província de Cabo Delgado, em Moçambique, chegaram à sua cidade, Quissanga. O jovem estudante viu duas irmãs serem levadas pelos atacantes, vizinhos serem assassinados, conhecidos aderirem aos chamados insurgentes e correu tudo o que podia pela sua vida. Issoc é um nome fictício, porque o medo de represálias contra si ou contra os seus é muito forte, mesmo estando agora afastado da zona de conflito. E este é o relato da sua fuga.

Os números mais recentes indicam meio milhão de pessoas em fuga e mais de duas mil mortes às mãos dos terroristas que desde 2017 aterrorizam a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. A motivação dos terroristas não é clara, mas existem indicações de que o grupo é composto por jovens locais revoltados com o Governo, não se compreendendo, no entanto, porque é que atacam a população local. A possível correlação com o nacimento de um grande projeto de exploração de gás na região também não está esclarecida. O certo é que o terror está a alastrar-se, com decapitações, morte indiscriminada de civis e destruição de comunidades, num conflito cada vez mais difícil de conter. O apelo por ajuda internacional é urgente, uma vez que é um país e toda uma região circundante que estão em risco, até porque os terroristas já iniciaram também ataques na Tanzânia com o objetivo de instalar um Estado Islâmico na região. Neste pedaço de história, o jovem Issoc conta-nos a sua história de fuga surpreendente. Algumas descrições podem chocar as pessoas mais sensíveis.

Quando aconteceu e onde estavas quando fugiste dos ataques dos terroristas?

Eu morava na província de Cabo Delgado, em Quissanga, e estudava no ensino público, na 10ªclasse. Eu morava na parte de cima de Quissanga e quando os malfeitores entraram começaram logo a disparar. Ali, as pessoas esquecem o irmão, a filha, a mãe e começam a correr, os idosos que não conseguem fugir morrem ali mesmo. Quase me apanharam naquele dia 24 de maio de 2019, mas eu continuei sempre a correr.

Foi um ataque surpresa?

Sim, foi de repente. Não esperávamos que eles entrassem em Quissanga. E quando uma pessoa começa a fugir nem sabe para onde está a ir para se salvar. A pessoa não consegue ajudar ninguém, deixa a mãe, o pai, os idosos que não aguentam fugir e morrem ali mesmo. Foi assim mesmo, cada um tentava salvar a sua vida.

O que conseguiste perceber da situação enquanto fugias?

Eu vi eles matarem pessoas e levarem duas irmãs minhas, uma delas estava grávida, e até hoje não sabemos do paradeiro delas. Depois, quando estava a fugir, cruzei-me com uma mulher com uma criança de nove meses. Ela não conseguia segurar na criança e então como senti pena da senhora comecei a ajudá-las. A senhora não sabia do paradeiro do marido, mas começámos a fugir e fomos para a mata. Fugimos muito e depois tentámos dormir na mata, mas não conseguíamos e dormíamos em escala.

Autocarro_queimado_quissanga(Foto tirada por Issoc durante a sua fuga. Os terroristas queimam os transportes para a população não fugir.)

Chegaste a ver os terroristas e a vê-los matarem pessoas?

Sim. Na verdade, isso deixou-me muito pálido. Vi-os matarem um vizinho meu, a cortarem-no em pedaços. Aquilo deixou-me muito esmagado. Vi-os a matarem pessoas, a destruirem as nossas casas, a fazerem muitas maldades.

Descreve-nos lá o que é fugir de terroristas para salvar a vida. O que sentiste?

Senti muito medo. E naquele momento quase não sentia pena de ninguém porque eu queria correr. Agora até me sinto muito mal por não ter ajudado aquelas pessoas que estavam a precisar, mas tenho de levar em consideração que naquele momento eu estava a tentar salvar a minha vida. Senti muito medo, muito medo.

Conseguiste perceber quantos terroristas estavam a fazer o ataque?

Eram cerca de 25 terroristas.

Os terroristas costumam recrutar jovens. Alguns amigos ou conhecidos teus se juntaram a eles?

Amigos meus não, mas conheço alguns jovens que se juntaram porque eles oferecem uma quantia em dinheiro e como os jovens não têm emprego alguns ficam felizes com aquele valor. Conheço quatro jovens que se juntaram nesse momento.

Eles juntam-se por dinheiro, mas têm de matar conhecidos, os vizinhos…

Eu não sei bem, mas eles têm coragem de queimar as próprias casas onde viviam por causa de dinheiro. Você ver matar um vizinho por um conhecido com quem conviveu… Eu sentia pena.

ELES COBREM-SE PARA NÃO SEREM RECONHECIDOS, MAS TODOS TINHAM OS OLHOS VERMELHOS, PARECE QUE É ALGUMA DROGA QUE ELES INGEREM PARA NÃO SENTIREM PIEDADE.

Conhecias esses quatro jovens antes de se juntarem aos terroristas. Eles eram rapazes normais ou já manifestavam alguma maldade?

Não, eram rapazes envolvidos com drogas e álcool. Mas um deles não estava e nunca pensei que fizesse isso.

O que eles fazem?

Eles cortam a pessoa pedaço a pedaço. Está a ver como uma pessoa corta a carne? É o que eles fazem com as pessoas. Não têm piedade, não sei porquê. Não sei se fazem por vontade ou por dinheiro.

Quando fugiste viste 25 terroristas. Eles pareciam normais ou estar sob o efeito de alguma substância?

Os olhos deles eram vermelhos, parecia que tinham ingerido alguma coisa. Eles cobrem-se para não serem reconhecidos, mas todos tinham os olhos vermelhos, parece que é alguma droga que eles ingerem para não sentirem piedade.

Quando fugiste de forma repentina o que conseguiste levar contigo? Carteira, telemóvel…?

A única coisa que consegui levar foi apenas a roupa que tinha. Até agora onde estou não tenho documentos. Mesmo querendo frequentar os estudos não tenho como começar. Não tenho rendimento, não tenho como começar os meus estudos. E o único sonho que eu tinha era acabar os meus estudos, tentar ter um emprego e ajudar a minha família. Na minha família não tenho nenhuma pessoa que trabalha no Estado. Todos estamos a tentar sobreviver.

Quando os terroristas chegaram até conseguires sair da tua cidade quanto tempo foi?

Eles entraram às 16h30 de sábado. E nós andámos um dia na mata e dormimos lá um dia. Imagina andar na mata sem ter o que comer, o que beber e sem ter vontade de nada. A sentir tiros, balas, a bombardear as nossas casas. Quando cheguei aqui na cidade de Pemba não conseguia dormir. Eu saí de Quissanga a 24 de maio e cheguei aqui a Pemba a 26 de maio. Cheguei aqui à cidade através daquela senhora que eu ajudei com o filho, porque eu não tinha dinheiro no bolso para chegar aqui.

E tens contacto com essa senhora?

Tenho, sim. Eu agradeço àquela senhora por me ter ajudado. Os malfeitores, a única coisa que pensam é matar-te.

Quanto tempo andaram fugidos na mata, tu, a senhora e a criança?

Andámos um dia a fugir na mata e chegámos a uma aldeia chamada Namanje, mas não havia ninguém nessa aldeia e voltámos e dormimos na mata. Andámos cerca de 200 km na mata.

E o que é que comeram e beberam durante essa fuga?

Não comemos nada, não sentíamos fome, porque quando uma pessoa tenta tirar a tua vida não se sente fome, a única intenção ali é só mesmo correr.

Além das tuas duas irmãs quem é que eles levaram mais?

Eles levaram muitas pessoas. Levaram jovens também para os obrigar a juntarem-se a eles e praticarem os ataques. Levaram as minhas irmãs e até agora não sabemos nada delas, nem do parto da criança nem nada.

Sabes porque é que eles fazem essas atrocidades? Tens alguma explicação?

Não sei exatamente porque é que eles fazem isso. E não querendo especificar, quando os terroristas entram numa aldeia e fazem o ataque as forças de segurança não chegam. Só quando os terroristas saem é que as forças de segurança chegam. Também acho isso suspeito.

E a tua restante família como está?

Nós erámos dez irmãos na família. Levaram estas duas irmãs, o meu pai está numa ilha e a minha mãe morreu de ataque cardíaco dois dias antes dos ataques, porque já havia ameaças e ela não aguentou. Nós fugíamos e depois voltávamos para Quissanga e a minha mãe não aguentou todo este percurso. Enterrámos a minha mãe numa quinta-feira e no sábado à tarde eles entraram mesmo em Quissanga. Eu fugi completamente sozinho, mas aqui na cidade, em Pemba, agora estamos sete refugiados e um irmão está em Niassa. Eu costumo falar com a minha família só por telefone, porque custa muito dinheiro visitar a família. A cidade de Pemba é muito grande.

Tenho muito medo, muito medo. Já estamos há quatro anos nessa situação. A vida aqui na cidade é muito difícil. Tem muita população. Temos de nos desenrascar para comer, é muito difícil conseguir um emprego ou alguma coisa que traga rendimento.

Consegues esquecer as imagens que viste ou elas estão sempre presentes?

Nas primeiras semanas não conseguia dormir, tinha muitas lembranças e pesadelos com as pessoas que vi mortas. Às vezes sonho ou recordo aqueles momentos, às vezes consigo dormir. A vida está a andar pouco a pouco.

E agora em Pemba o que fazes, estás a tentar estudar ou trabalhar?

Estou a tentar trabalhar um pouco, fazer trabalho de jardinagem, para arranjar dinheiro e arrendar uma casa. A comida é-me oferecida num apoio e estou a dormir numa palhota. Mas a vida está a começar a andar. Havia um projeto que estava a procurar jovens deslocados para fazerem uma formação para esclarecer o que se passa em Cabo Delgado. Fiz uma formação de dois meses que me encorajou a ter vontade de voltar para casa. Eu agora vou exercer a função de ativista, para tentar ajudar aqueles irmãos que estão a vir de outras aldeias que foram alvo desses ataques.

E pensas voltar a Quissanga?

Eu penso, sim, porque é a terra que me viu nascer, crescer. Conheço toda a história de lá, não é possível esquecer.

O que esperas do futuro agora?

A única coisa que eu espero na vida é poder continuar os meus estudos. Só eles me podem ajudar a ter um futuro. A única coisa que eu gosto é de estudar, mas aqui na cidade não tenho como estudar. Quero estudar e tentar abrir um pequeno negócio para sustentar a minha família. E espero muito que a guerra em Cabo Delgado acabe. Eu quero ser professor para tentar ajudar os jovens, tentar transmitir aos jovens o que eu vivi, porque a vida é uma oferta que Deus dá e tira. Se você não sabe cuidar daquele presente que Deus te dá a vida também não vai ser boa para ti. Eu gosto muito de estudar e gostaria mesmo de ser professor.

In https://www.sapo.pt/noticias/atualidade/artigos/cabo-delgado-eu-vi-os-terroristas-matarem-pessoas-e-levarem-as-minhas-duas-irmas

 

Semanário Canal de Moçambique nº 595 de 23.12.2020

Cmc 595 23.12Leia aqui

Download Cmc 595 23.12.2020

 

Caso Simango: Acusações de corrupção são apenas a ponta do iceberg, diz ativista

Para a ativista moçambicana Fátima Mimbire, a PGR devia ir mais longe nas investigações a David Simango, ex-presidente do munícipio de Maputo que responde por um crime de corrupção. "Pode-se chegar a muito mais", diz.

Em Moçambique, um membro sénior do partido no poder está a responder, desde o passado dia 11, por um suposto crime de corrupção. David Simango terá recebido como "pagamento" um apartamento de luxo, por via da sua esposa, por supostas "facilidades" prestadas a elites ligadas à FRELIMO, partido no poder, para a construção de um prédio de luxo. Na altura, Simango era presidente do município de Maputo. Entre outras coisas, é acusado de crime de abuso de função.

A DW África ouviu a ativista social moçambicana Fátima Mimbire sobre o caso Simango.

DW África: Este processo do Ministério Público será genuíno ou visa apenas "mostrar serviço"?

Fátima Mimbire (FM): Até pode ser uma tentativa de mostrar serviço mas eu acho que tentativas como esta vale a pena do que não mostrar serviço. O ponto central aqui é que o processo que pesa sobre o indivíduo, na altura detentor de poder público, se calhar é um processo muito pequeno para a dimensão daquilo que nós cidadãos, munícipes de Maputo, sabemos que foram as arbitrariedades que foram cometidas. Não se trata só de ter recebido um apartamento num prédio de luxo em troca de favores. Há muito mais do que isso. Nós sabemos que há situações de desapropriação de terras que aconteceram aqui no município de Maputo.

Sabemos que há terrenos que foram atribuídos em zonas proibidas, houve obras que foram autorizadas e que não deviam ser realizadas. Portanto, o processo não é só aquele. Se calhar o que a Procuradoria-Geral da República encontrou foi evidência daquele caso, mas se houver interesse, se fizerem mais investigações, acho que se pode chegar a muito mais.

Para mim, é importante que ainda que sejam casos de demonstração de algum serviço, o facto de ser David Simango - que foi ministro, foi governador, um líder sénior do partido no poder, presidente do município por dez anos - o facto de ser um indivíduo dessa envergadura é claro que não estamos a falar de um casinho. É preciso trabalhar muito mais para podermos ter um caso robusto que passe uma mensagem que precisamos passar para a sociedade sobretudo ao nível de grupos detentores de poderes públicos. Penso que a Procuradoria deveria aproveitar este momento e que não se fique só pelo indivíduo que está em causa, o David Simango, mas também os corruptores. Pela primeira vez temos corruptores graúdos, que são visíveis, que tem também obrigações ao nível do próprio partido.

DW África: Então, este caso pode levar-nos a concluir que estamos diante de uma renovação do Ministério Público em Moçambique e também do sistema de justiça?

FM: Eu gostaria de ser bastante otimista nesses termos porque acho que tudo o que nós precisamos enquanto sociedade é de acreditar em alguma coisa. Obviamente que nós temos vários sinais em contramão da Procuradoria-Geral da República de várias outras circunstâncias. Há casos em que a PGR devia ser exigente, atuar de forma célere e não o fez… mas se calhar agora estão a tentar lavar essa imagem trazendo um caso, que não é um caso pequeno.

DW África: Este caso Simango começa a deitar por terra a tese de que a justiça é seletiva em Moçambique? Lembramos o caso das dívidas ocultas que levou muito tempo a chegar à mesa do Ministério Público e serem tomadas as devidas medidas…

FM: Sim, a justiça não pode ser seletiva. E eu espero que de facto não tenha sido fruto de uma concertação politico-partidária, mas sim que seja fruto de um trabalho investigativo, genuíno, honesto, um trabalho de brio profissional que tenha sido feito e que fez com que se chegasse a esta situação.

DW – 23.12.2020

 

Família de ex-deputado da RENAMO raptado recebe ameaças

Sofrimento_mataquenhaA família do antigo deputado da RENAMO Sofrimento Matequenha, recentemente raptado na sua residência em Chimoio, província de Manica, centro de Moçambique, diz estar a ser alvo de intimidações e ameaças por telefone.

Falando em anonimato, uma das filhas do antigo delegado político provincial da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em Manica afirma que a cor partidária do pai não pode colocar em causa a vida dos membros da família, pois o país é multipartidário e cada um é livre de abraçar qualquer formação partidária.

"Se o meu pai é da RENAMO, ou foi da RENAMO, não quer dizer que os filhos, ou irmãos ou todos os familiares são da RENAMO. Mesmo assim, só recebemos mensagens de ameaça, que dizem vamos raptar os filhos", conta a filha de Sofrimento Matequenha.

"Como é que vão raptar os filhos e familiares? Se o meu pai é da RENAMO é com eles. Onde é que entram os filhos?", insiste.

RENAMO distancia-se do ocorrido

Até ao momento, ainda não se conhecem os raptores do antigo delegado político provincial da RENAMO em Manica, que foi levado da sua casa no bairro Nhamaonha, ao início da noite do passado dia 13 de dezembro, por um grupo armado e fardado.

O porta-voz do maior partido da oposição, Eduardo Leite, distancia-se do crime. "Nós não temos nenhum grupo de investigação, não temos ninguém que pode dizer isso, portanto, para acreditarmos nisso temos de ter matéria investigada e provada", justifica.

"A RENAMO e Matequenha nunca tiveram contradições. Se tinham, aqueles que têm a obrigação de investigar é que podem dizer isso, nós não temos nada", diz Eduardo Leite.

Polícia está a investigar

Quanto a uma investigação policial ao rapto de Matequenha, o chefe de relações públicas do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, Mário Arnaça, assegurou que já está a trabalhar no caso.

"Há um trabalho de fundo que está sendo feito para apurar, de facto, quem são essas pessoas, com vista ao esclarecimento desse caso", assegurou Mário Arnaça. "Estamos a trabalhar neste sentido para ver a clivagem que existe entre ele [e os membros do seu partido] e fatores que podem contribuir para este rapto."

A polícia diz que ainda não tem pistas, mas assegurou estar a trabalhar para resgatar Sofrimento Mataquenha e deter os seus raptores.

DW – 23.12.2020

 

Família de ex-deputado da RENAMO raptado recebe ameaças

Sofrimento_mataquenhaA família do antigo deputado da RENAMO Sofrimento Matequenha, recentemente raptado na sua residência em Chimoio, província de Manica, centro de Moçambique, diz estar a ser alvo de intimidações e ameaças por telefone.

Falando em anonimato, uma das filhas do antigo delegado político provincial da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em Manica afirma que a cor partidária do pai não pode colocar em causa a vida dos membros da família, pois o país é multipartidário e cada um é livre de abraçar qualquer formação partidária.

"Se o meu pai é da RENAMO, ou foi da RENAMO, não quer dizer que os filhos, ou irmãos ou todos os familiares são da RENAMO. Mesmo assim, só recebemos mensagens de ameaça, que dizem vamos raptar os filhos", conta a filha de Sofrimento Matequenha.

"Como é que vão raptar os filhos e familiares? Se o meu pai é da RENAMO é com eles. Onde é que entram os filhos?", insiste.

RENAMO distancia-se do ocorrido

Até ao momento, ainda não se conhecem os raptores do antigo delegado político provincial da RENAMO em Manica, que foi levado da sua casa no bairro Nhamaonha, ao início da noite do passado dia 13 de dezembro, por um grupo armado e fardado.

O porta-voz do maior partido da oposição, Eduardo Leite, distancia-se do crime. "Nós não temos nenhum grupo de investigação, não temos ninguém que pode dizer isso, portanto, para acreditarmos nisso temos de ter matéria investigada e provada", justifica.

"A RENAMO e Matequenha nunca tiveram contradições. Se tinham, aqueles que têm a obrigação de investigar é que podem dizer isso, nós não temos nada", diz Eduardo Leite.

Polícia está a investigar

Quanto a uma investigação policial ao rapto de Matequenha, o chefe de relações públicas do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, Mário Arnaça, assegurou que já está a trabalhar no caso.

"Há um trabalho de fundo que está sendo feito para apurar, de facto, quem são essas pessoas, com vista ao esclarecimento desse caso", assegurou Mário Arnaça. "Estamos a trabalhar neste sentido para ver a clivagem que existe entre ele [e os membros do seu partido] e fatores que podem contribuir para este rapto."

A polícia diz que ainda não tem pistas, mas assegurou estar a trabalhar para resgatar Sofrimento Mataquenha e deter os seus raptores.

DW – 23.12.2020

 

Metical mantém tendência de depreciação face a outras moedas

A moeda nacional, o Metical, mantém a tendência para depreciação em relação às moedas dos principais parceiros comerciais – revela o Banco de Moçambique em relatório de Dezembro corrente, sobre Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI). E, de facto, no mercado informal, um Dólar dos Estados Unidos da América (USD) chega a custar 81 Meticais, contra 74.06 Meticais do mercado formal, constatamos esta terça-feira (22), no Mercado Central da Cidade de Maputo.

Leia aqui

Metical mantém tendência de depreciação face a outras moedas (cartamz.com)

FELIZ FESTA

 

EKEKHAYI YOWANI VOS DESEJA UM FELIZ NATAL E UM 2021 CHEIO DE PROPERIDADE E LIVRE DE COVID 19

Neste Natal, quando a humanidade está padecendo esta pandemia que faz padecer a tantos seres humanos, nossos irmãos, viremos o nosso olhar e contemplemos a casa bela de Belém, onde vemos a Jesus, Maria e José e escutemos ao profeta Iasias dizer-nos: Aquí está o vosso Deus! Vem em pessoa e vos salvará……

Que a Festa do Natal nos traga recordações de ternura e bondade, suscitando cada vez mais nova atenção nos valores humanos fundamentais: a familia, a vida, a inocência, a paz, a gratuidade e amor. Que esta celebração seja verdadeiramente festa da familia que reunida, se descubra o chamamento a ser santuário da vida e do amor.

Que a Alegría e a Esperança de Cristo nos abracem  de forma nova neste Natal

FELIZ NATAL

 

Análise: Será 2021 ano decisivo do escândalo das “Dívidas Ocultas”?

João Mosca diz que "foi um processo feito na perspectiva de dificultar o máximo possível a sua descoberta, sobretudo do ponto de vista jurídico, para além do facto de que este escândalo envolve altos dirigentes governamentais do tempo da presidência de Armando Guebuza"

Alguns investigadores e analistas dizem que 2021 vai ser um ano decisivo relativamente à tomada de decisão sobre as dividas ocultas, mas outros afirmam não acreditar nisso, porque este processo foi realizado com uma engenharia de corrupção bem feita, para dificultar o máximo possível a sua descoberta.

O Estado moçambicano e o Credit Suisse estão a ser processados pelos credores da empresa ProIndicus, por incumprimento no pagamento do empréstimo de 622 milhões de dólares.

O investigador Adriano Nuvunga entende que a circunstância de o Estado moçambicano estar a ser demandado por um tribunal de Londres, vai ter implicações, em termos de as autoridades responsabilizarem as pessoas envolvidas na contratação das dívidas ocultas.

Para Nuvunga, "este facto é preocupante, porque a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique não demanda ninguém, relativamente a este caso, mas, sem dúvida que 2021 vai ser um ano decisivo para a tomada de decisão sobre esta questão".

Referiu que relativamente ao caso Manuel Chang, que se encontra detido na África do Sul, há dois anos, "creio que em 2021, vai conhecer desfecho, porque este ano, a Covid-19 influenciou muito o funcionamento do sistema judicial."

Incerteza

Entretanto, o investigador João Mosca diz não ter a certeza no avanço do processo das dívidas ocultas, dada a engenharia de corrupção com que o mesmo foi realizada.

"Foi um processo feito na perspectiva de dificultar o máximo possível a sua descoberta, sobretudo do ponto de vista jurídico, para além do facto de que este escândalo envolve altos dirigentes governamentais do tempo da presidência de Armando Guebuza", realçou.

Aquele analista avançou que no caso Manuel Chang, a PGR foi a reboque de instituições internacionais, por causa das suas fortes ligações com o poder executivo moçambicano.

"A razão fundamental da PGR é defender as pessoas envolvidas no assunto das dívidas ocultas, por se tratar de indivíduos que nós todos sabemos que estão ligados ao sistema do poder e à corrupção, pelo que há muitas coisas em jogo", anotou aquele analista.

Por seu turno, o analista Baltazar Fael, considera que a questão da ligação entre os órgãos de investigação criminal e o poder executivo é um debate já antigo, e acaba influenciado todo e qualquer processo investigativo no país.

Fael entende que a solução para este problema passa por colocar as pessoas certas nos lugares certos, para além da questão das nomeações de quadros de topo da magistratura do Ministério Público e até dos tribunais.

VOA – 22.12.2020

 

Orgulhosamente sós

Está em crescendo o coro de vozes que defendem uma urgente intervenção militar multilateral, em Cabo Delgado, numa altura que o radicalismo islâmico ganha forma, em contraste com a capacidade humana e material das forças governamentais, inclusive dos mercenários da Dyck Advisory Group (DAG).

Enquanto Filipe Nyusi se aconselhava junto da Troika, em Maputo, no passado 14 de dezembro, em Harare, o exército zimbabweano estava de malas aviadas, pronto para viajar com destino a Cabo Delgado.

Emmanuel Mnangagwa estava convencido de que da reunião de Maputo, sairia aval para o envio da tropa, sentimento similar terão tido Ciryl Ramaphosa, Mogweetsi Masisi e inclusive Samina Hassan, da Tanzânia. Se enganaram, redondamente. O exército zimbabweano teve de se desfazer das malas, enquanto aguarda novas ordens, que podem emergir em janeiro, quando da cimeira extraordinária da SADC, especificamente para tratar da crise em Cabo Delgado.

Até porque a pressão por uma intervenção militar estrangeira multilateral, em Cabo Delgado, tem sido evidente, sustentada pela teoria, segundo a qual, na guerra contra o terrorismo, nenhum Estado é suficientemente capaz de derrotar o inimigo. No Mali e na Nigéria, tem sido notável que a ausência de um plano estratégico que conte com a intervenção internacional, deu azo ao actual estado da crise, com o radicalismo islâmico a ganhar pujança e a se internacionalizar.

Os líderes da SADC temem precisamente isso. Depois da tomada de uma considerável parcela de Cabo Delgado, teme-se que o inimigo vire os canos para se expandir por outras partes de Moçambique e da região. O Zimbabwe, que tem no porto da Beira e no corredor com o mesmo nome, fonte para se abastecer, é dos países mais preocupados com o evoluir da guerra em Cabo Delgado.

Não surpreende, pois, que Harare se tenha precipitado a discutir os prós e os contra do envio da tropa para aquela parte de Moçambique, para isso dependendo do aval do executivo de Filipe Nyusi, que já tornou público não estar suficientemente animado em abrir portas a uma intervenção militar estrangeira. A África do Sul está hesitante numa posição que leve ao envio do exército a Cabo Delgado, ainda assim, tem pressionado num plano estratégico, tendo pela frente, as sucessivas hesitações do governo-Nyusi.

Recentemente, lembre-se, Jaime Neto dissipou as dúvidas que ainda existiam, em relação ao plano estratégico para a guerra terrorista, quando no encerramento do conselho coordenador do Ministério da Defesa Nacional, onde orientou os oficiais superiores a elaborarem plano a ter como foco Cabo Delgado e válido para 2021.

Quase por essas alturas, o presidente Nyusi a lembrar o respeito pela soberania do país, mas confiando nos veteranos da guerra colonial no auxílio às forças governamentais.

O senador democrata norte-americano, Bob Menendez, critica o uso de milícias numa guerra onde as próprias forças governamentais são fracas, quanto mais as milícias. Na opinião do senador norte-americano, "é trágico ver um país que parecia estar no auge da transformação ser arrastado de volta ao conflito".

Ajudar inocentes e promover a estabilidade

Bob Menendez sublinha a "obrigação" que o governo de Moçambique tem de investir nos próprios cidadãos e reintroduzir uma porção significativa das receitas do gás natural nas províncias onde as reservas naturais se encontram. Para o senador, os Estados Unidos têm "interesse em ajudar a apoiar pessoas inocentes e em sofrimento e em promover a estabilidade".

Agir rapidamente

O patrão dos mercenários sul-africanos que combatem ao lado das for ças governamentais, em Cabo Delgado, Lionel Dyck, alerta que “se não resolvermos isso [guerra terrorista] vai se espalhar para o sul rapidamente e isso será uma catástrofe para toda a região”. Dyck falava numa recente entrevista concedida a um jornal zimbabweano. Revela que o DAG tem em mãos uma aposta extremamente elevada, mas lamenta o facto de as forças governamentais não estarem preparadas e de poucos recursos.

“Temos de agir rapidamente”, alerta o coronel Lionel Dick, antigo militar da Rodésia do Sul, mais tarde do exército do Zimbabwe, homem da confiança da Frelimo, desde os tempos da guerra civil, em Moçambique.

“Algumas das atrocidades cometidas são diferentes de tudo que eu já ví antes e já ví muitas guerras, em muitos lugares diferentes”, frisa, antes de falar do massacre que se seguiu ao ataque ao Posto de Polícia de Quissanga. O referido massacre, de acordo com Dyck, envolveu a mutilação de corpos, cortes de membros “e acreditamos que os agressores comeram algumas das partes dos corpos”, conta o patrão dos mercenários que se encontram em Cabo Delgado.

Apesar da barbárie, o inimigo é organizado, motivado e bem equipado, em contraponto à situação em que se encontram as forças governamentais, os próprios mercenários, segundo conta o próprio Lionel Dyck.

Os sul-africanos operam em Cabo Delgado com dois helicópteros Gazelle, dois ultraleves ‘Bathawk’, um velho helicóptero de marca Allouette, danificado, e duas aeronaves de asa fixa. Há ainda a registar um helicópetro abatido e destruído. Em termos de recursos humanos, 30 homens e em terra quase não possue ninguém e tem uma capacidade limitada de recolha de informação, no terreno.

Por tudo isto, de acordo ainda com Lionel Dyck, a um jornal zimbabweano, “atacamos os campos do inimigo pelo ar e estamos a usar aeronaves para interditar” que este tenha acesso aos suprimentos, por terra e pelo mar. “Tivemos sucesso em desacelerar o avanço inimigo”, mas “esta guerra está longe de ser ganha”, sublinha a mesma fonte, antes de sugerir um programa de selecção e treinamento, “imediatamente, para que possamos colocar bons homens no terreno e conduzir a guerra contra o inimigo, pelo ar e por terra”, assinala. Adicionalmente, “pretendemos movimentar a nossa base de operações para estar mais próxima de Mocímboa da Praia”.

EXPRESSO – 22.12.2020

 

O índice GINI e o FIB [Felicidade Interna Bruta] [Elementos de Autocrítica]

Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Há dois dias falei do Índice Desenvolvimento Humano [IHD] e da posição incómoda de Moçambique. Hoje, vou falar um pouquinho do índice, que propõe corrigir o IDH que é o índice GINI e o FIB. o índice GINI não só… é o indicador de desenvolvimento humano, mas aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Ou seja,
ele vai apontar a desigualdade.
Numericamente, varia de zero a um [alguns apresentam de zero a cem]. O valor zero apresenta a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um [ou cem] está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém todas riquezas; há uma situação de maior desigualdade.
Nesse Índice Moçambique, está na posição [35] com [39,90%], os dados são de 20[18] o que não é uma posição muito favorável. Significa, que nós costumamos ter índice de desigualdade muito grande o que faz sentido termos um indicador de IDH muito baixo e ter uma "economia em desenvolvimento”.
Mas, também o facto desse ter uma economia em desenvolvida ou desenvolvida não vai retratar o índice de desigualdade, pode-se ser um país rico, mas altamente desigual, que é um pouco o que o Brasil/África do Sul se encacham. Ou seja, eles têm uma acumulação de riqueza, uma elite que lucra bastante, mas esse dinheiro não se repercute [reflete] para o desenvolvimento humano de forma geral. Então, esse é o índice GINI.
E outro índice, que foi criado para tentar ou avaliar de uma outra forma o desenvolvimento humano é o FIB. O índice FIB não é considerado pelos grandes avaliadores como a ONU, nem a FAO, mas foi um índice criado pelo Butão. E qual foi a lógica desse índice? Esse índice tem a ideia de criar um [indicador] de felicidade. Então, o que é o FIB? O FIB é, Felicidade Interna Bruta.
O Rei do Butão observou, que o mais importante do que ter o desenvolvimento económico muito grande, e o Butão é um país muito pobre, o mais importante do que isso, era ter a felicidade das pessoas, é ter uma sociedade que você tem um alto índice de felicidade, de satisfação e ele criou o índice de felicidade interna com objectivo de tentar [avaliar] a felicidade dos seus moradores.
Na verdade, isso mostra uma nova lógica de ver; obviamente que o FIB tem essa lógica e característica de ser desenvolvida no Butão um país pobre, mas…, eles têm uma outra lógica de pensamento, uma outra filosofia, e que mostra além dos indicadores IDH, GINI e de desenvolvimento nós, também podemos avaliar os indicadores de satisfação e de felicidade da nossa população, e… isso é muito bonito.
Muito obrigado Rei!
Manuel Bernardo Gondola
A partir, de Maputo, aos [22] de Dezembro 20[20]

 

Análise: Extremismo em Cabo Delgado desestabiliza a ‘Unidade Nacional’

Dom João Carlos diz que “é preferível” falar pouco da Unidade Nacional e apostar em “pequenas coisas, que levam à inclusão”.

A combinação pobreza extrema e exclusão social e económica estimulam o extremismo islâmico em Cabo Delgado, que desestabiliza a precária ideia de ‘Unidade Nacional’ em Moçambique.

A posição é defendida pelo Bispo da Diocese de Chimoio, Dom João Carlos; e pelo advogado e antigo bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), Gilberto Correia.

O religioso católico entende que a ‘Unidade Nacional’ continua um desafio em Moçambique, uma vez que o discurso está “desgastado” e inoperante para travar o aumento da pobreza e assimetrias regionais, que contribuiram para a radicalização de posições no Norte do país.

“Na luta contra a pobreza, que foi um slogan inicial do governo, houve muito empenho em todas as áreas, mas a verdade é que temos agora situações de pobreza nas cidades, evoluiu para situações gritantes…já não é pobreza nas zonas rurais, mas na cidade temos gente que passa fome mesmo” disse Dom Carlos.

Oportunidades

Perante oportunidades diferentes, muitos “cidadãos começam a dizer, ‘estamos juntos sim, mas quando chega o momento da partilha, nós ficamos de lado’”, disse Carlos, que sugere que “é preferível” falar pouco da Unidade Nacional e apostar em “pequenas coisas, que levam à inclusão”.

O advogado e antigo bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), Gilberto Correia, observou também que existem há vários anos sinais de que a Unidade Nacional foi reduzida a discursos políticos, pois a prática não “corresponde a algo que esta a ser consolidado”.

“Já chamamos atenção que as nossas práticas políticas estariam a causar estragos ou danos na já frágil ‘Unidade Nacional’, que existe em Moçambique” disse Correia.

“A forma como se olha o relacionamento político entre o partido no poder e os partidos da oposição, a forma como o nosso sistema eleitoral é interpretado - no sentido de que quem ganha, ganha tudo, quem perde, perde tudo - e as recorrentes tensões pós-eleitorais são práticas de exclusão” acrescentou.

Para Gilberto Correia, “aqueles (insurgentes) em estado de desespero já não se sentem como indivíduos que devem defender um Moçambique uno, integro e indivisível, porque eles sentem-se totalmente excluídos”.

Por outro lado, Correia entende que a insurgência no Norte é também um “cocktail explosivo” entre interesses nacionais e estrangeiros, “por o terrorismo ser importado” e ter encontrado fragilidades, sociais e económicas entre os moçambicanos.

“A extrema pobreza, a falta absoluta de investimentos, de emprego, de meios de sobrevivência”, que atingem a população de Cabo Delgado não são problemas de estrangeiros, mas de moçambicanos e resolvem-se com investimentos e políticas que promovem a inclusão, disse o advogado.

Remendos

Ele repara que após vários anos sem se interessar em tentar equilibrar as “assimetrias e exclusão económica muito forte”, o Governo de Maputo criou a Agência de Desenvolvimento Integrado no Norte (ADIN), para tentar canalizar alguns projetos e “como sempre já é tarde (…) eu tenho duvidas que isso só resolva o problema”.

“As pessoas estão a abandonar (os distritos a norte de Cabo Delgado), não conseguem estar lá, como é que se vai criar projectos para que essas pessoas se sintam integradas e incluídas?” questionou Correia.

E o Bispo de Chimoio é pela conversão dos actores políticos, para que a ‘Unidade Nacional’, “com guerra e sem guerra” seja algo que permeia a vida dos moçambicanos.

VOA – 21.12.2020