21/02/2019
Ao comentar caso Manuel Chang, responsável dos Negócios Estrangeiros da África do Sul afirma que "não afeta" relações com Moçambique. Sobre Andre Hanekom, ministra defende a independência do judiciário moçambicano.
"Temos relações extremamente boas com Moçambique, como temos com todos os nossos vizinhos. Essas são pessoas que cuidaram de nós e nos ajudaram no momento mais difícil de nossa luta, nos relacionamos com eles como nossos países irmãos e eles nos chamam sempre que precisam do nosso apoio", declarou a ministra sul-africana das Relações Internacionais e Cooperação aos microfones da DW África.
Lindiwe Sisulu iniciou assim sua resposta à pergunta da DW África sobre o estágio atual das relações bilaterais entre os dois países, depois da morte do empresário sul-africano Andre Hanekom, em Cabo-Delgado - acusado de financiar a insurgência naquele ponto do país - e da detenção do ex-ministro moçambicano das Finanças, Manuel Chang, na África do Sul. Chang é acusado de fraude e lavagem de dinheiro pelos Estados Unidos, no âmbito da investigação às dívidas ocultas em Moçambique.
Caso Hanekom
Depois de uma detenção irregular, segundo a lei moçambicana, efetuada por militares na província nortenha de Cabo Delgado e após subsequente detenção pela polícia, o empresário sul-africano Andre Hanekom acabou por perder a vida no Hospital Provincial de Pemba.
No dia 19 de janeiro teve convulsões, o que obrigou a sua evacuação para o hospital e no dia 23 morreu.
A este respeito, a chefe da diplomacia sul-africana, disse que o Governo sul-africano foi informado “quase que imediatamente, quando o sr. Hanekom foi preso e as acusações foram feitas a ele”, acrescentando que “da mesma forma que temos um sistema judiciário independente, Moçambique também tem".
Lindiwe Sisulu contou ainda detalhes do processo de acompanhamento da detenção do empresário em Moçambique.
"Enviamos nosso alto comissário com residência em Moçambique para visitar o sr. Hanekom e ele assim o fez, de forma a estarmos certos de que ele estava bem de saúde e a apurar seus pontos de vista", revelou.
Segundo a ministra, o caso foi acompanhado também pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que "conversou com o Presidente de Moçambique [Filipe Nyusi] sobre este assunto".
"Ficaram tristes com a morte do sr. Hanekom. O alto comissário estava lá e nós poderíamos lidar com esse assunto. Seria muito inoportuno para nós lidarmos com este assunto agora, porque não estou certa de qual é o curso de ação - da família dele ou do Governo moçambicano", justificou a ministra.
Detenção de Manuel Chang
A ministra Sisulu justificou ainda o procedimento de seu país na detenção do ex-ministro moçambicano das Finanças, Manuel Chang, detido a 29 de dezembro de 2018 no Aeroporto Internacional O. R. Tambo, em Joanesburgo, com base num mandado de captura internacional emitido pelos Estados Unidos a 27 dezembro.
"Somos signatários de todos os protocolos da Interpol e fomos solicitados pela Interpol a interceptá-lo quando chegasse ou partisse da África do Sul e o guardar, porque há acusações contra ele que tem que responder. Temos o compromisso de fazer isso e fizemos", disse.
De acordo com Sisulu, Changa "está atualmente sob custódia" numa prisão. "Acho que o caso está em andamento", comentou.
"Nós tivemos ocasião de examinar as suas circunstâncias e tivemos a ocasião também de verificar quais são as suas preocupações e nós o mudamos para uma cela privada", relatou a responsável sul-africana.
De acordo com Sisulu, Manuel Chang "passará pelos processos legais necessários que são requeridos para o seu caso".
"Isso não afeta o Governo moçambicano ou as nossas relações com Moçambique. A solicitação veio da Interpol e nós respondemos à Interpol", concluiu a ministra sul-africana das Relações Internacionais e Cooperação.
Tanto os Estados Unidos quanto Moçambique pediram a extradição de Chang, mas as autoridades sul-africanas ainda não decidiram a este respeito.
Dw – 20.02.2019
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