24/08/2020
O presidente da Renamo manifestou hoje solidariedade ao semanário Canal de Moçambique pelo incêndio, provocado por fogo posto, na redação do jornal, considerando que se trata de um "grave ferimento à democracia".
“A agressão que o Canal de Moçambique sofreu é um grave ferimento à democracia e ao Estado de Direito. Os autores desse crime não devem ficar impunes como sempre”, disse o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, numa mensagem divulgada na sua página da rede social Facebook.
A redação do semanário Canal de Moçambique, localizada no centro de Maputo, ficou destruída, quando desconhecidos atearam fogo na noite de domingo, disse hoje à Lusa o editor da publicação, André Mulungo.
O incêndio atingiu a estrutura de produção do semanário e do jornal “online” CanalMoz, pertencente à mesma sociedade de media.
Ossufo Momade defendeu que “as agressões contra a liberdade de imprensa devem ser repudiadas devido à inconstitucionalidade e covardia” que representam, acrescentando que não devem ser toleradas.
“Esse caso não deve ser mais um que será arquivado, exigimos às autoridades competentes que levem a investigação deste assunto com a devida seriedade e celeridade”, disse Ossufo Momade.
Também a Nova Democracia (ND), um partido sem assento no parlamento, considerou que o incêndio na redação do Canal de Moçambique é “uma tentativa de intimidação e bloqueio”.
“Estas práticas macabras representam a corrosão da liberdade e integridade física dos que opinam diferente”, refere um comunicado do partido enviado hoje à comunicação social.
A Nova Democracia manifestou também apoio e solidariedade ao Canal de Moçambique, lembrando alguns casos de ameaças a ativistas e jornalistas no país.
“A nossa posição de indignação estende-se aos jornalistas e ativistas precursores da liberdade que em todo o país têm sofrido sevícias e agressões no exercício do seu dever e direito de informar e consciencializar”, acrescenta o comunicado da Nova Democracia.
O caso foi remetido à 6.ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM) da Cidade de Maputo, aguardando-se que as autoridades apurem as circunstâncias e os autores do fogo posto.
O Canal de Moçambique é um dos principais semanários do país e tem-se destacado por trabalhar em matérias como corrupção e governação.
O jornal já foi várias vezes alvo de processos judiciais por alegada calúnia e o seu diretor-executivo, Matias Guente, foi recentemente intimado pela Procuradoria-Geral da República para responder a perguntas sobre textos que o semanário escreveu envolvendo contratos na área de segurança entre o Governo e as multinacionais petrolíferas que operam na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
No final do último ano, Matias Guente escapou a uma tentativa de rapto em Maputo, um episódio também ainda por ser esclarecido e que gerou repúdio por parte de várias entidades moçambicanas e internacionais, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.
LUSA – 24.08.2020
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