"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



terça-feira, 25 de agosto de 2020

Comentários acerca do ataque ao CANAL DE MOÇAMBIQUE

 

Brutocracia

Por Ericino de Salema

(In CanalMoz de hoje, 24.08.2020)

Transformar a redacção, qual “quartel general”, de dois dos jornais mais críticos do Governo, nomeadamente o semanário Canal de Moçambique e o diário CanalMoz, em lixo, não pode ser visto como um ataque à liberdade de expressão (género de que a liberdade de imprensa e o direito à informação são espécies). Estamos em face de algo muito mais grave e sério.

Considerar o ataque às duas sobreditas publicações como tal (atentado à liberdade de expressão) é o mesmo que, durante dois anos, considerar as agressões terroristas contra o Estado Moçambicano em Cabo Delgado como “delito comum”.

Ou considerar um golpe de estado como algo inconstitucional, quando se trata, na verdade, de algo anticonstitucional, ou seja, que ofende toda a constituição junta, toda a ordem constitucional, incluindo os princípios que a integram e governam, muitos deles até não expressamente consignados.

O lixo a que se reduziu a redacção dos dois jornais, depois da combinação extremismo-gasolina-fósforo, é um atentado ao projecto de consolidação do Estado Moçambicano. Os media são dos mais estruturantes elementos de uma democracia digna desse nome. Media independentes, entenda-se.

E, é bom que se diga, é exactamente pela centralidade dos media independentes numa democracia que a própria Constituição da República de Moçambique faz questão de deixar claro que os jornalistas da RM e TVM não são funcionários públicos, gozando eles das garantias de independência e isenção (número 5 do artigo 48). Claro que não é isso o que acontece no dia a dia. E todos sabemos porquê.

Mas, infelizmente, se repetirão as estórias da carochinha de sempre.

Como dizer que o Prof. Gilles Cistac foi “assassinado por brancos”, o que “só pode ter que ver com assuntos que ele deixou em França não devidamente resolvidos”.

Que os comentadores cujos membros foram partidos e/ou baleados, depois que raptados à luz do dia, viram-se em situação tal “por conta de assuntos sociais”.

Parece já não restarem mais dúvidas de que o pior está bem perto. A caminho.

Ou seja, a brutocracia já está a fazer escola...a partir de um país que já foi considerado como constituindo um bom exemplo de pacificação e transição para a democracia.

PS: Estranho, muito estranho, que, até aqui, o líder da Renamo não se tenha publicamente pronunciado em torno das ilegais rusgas à casa da deputada Ivone Soares. E as mesmas foram feitas há mais de um mês, segundo o SAVANA.

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O terror não pode vencer

O inqualificável ataque à redacção do Canal de Moçambique merece repúdio de todos nós amantes da democracia e da liberdade de expressão e de imprensa. A barbárie de que foi vítima o Canal representa uma afronta a todo esforço que a nossa sociedade tem empreendido para a construção de uma sociedade plural, mais justa, de liberdade de opinião e de união na diversidade. O ataque não foi propriamente ao Canal de Moçambique, mas a todos nós que nos identificamos com a necessidade de uma convivência sã no meio das diferenças ideológicas, de opinião e até de interesses corporativos.

Solidarizo-me com toda a equipa do Canal de Moçambique! Faço votos de que não baixem os braços e jamais se deixem intimidar.

Nenhum incêndio pode vencer o nosso amor pela liberdade de imprensa e de expressão.

Numa sociedade democrática como a que estamos a tentar construir todos os dias, o terror não pode vencer!

Muita força, equipa do Canalmoz, Canal de Moçambique!!!

Ivone Soares

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