14/08/2020
O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse hoje que a guerra em Cabo Delgado está a ser movida por pessoas que querem dividir Moçambique devido às riquezas que o país possui.
Filipe Nyusi falava após visitar o centro de deslocados no distrito de Metuge, no âmbito de uma visita de trabalho à província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique.
“Parte desta população [deslocada] saiu do distrito de Quissanga [um dos mais afetados pela violência armada] devido à guerra movida por pessoas que nos querem dividir por causa das nossas riquezas”, disse Filipe Nyusi, numa breve mensagem divulgada na sua página do Facebook.
O chefe de Estado moçambicano pediu ainda que os moçambicanos continuem vigilantes e mantenham a esperança em “dias melhores”, encorajando as forças governamentais a continuarem firmes na defesa das populações.
“Temos de continuar vigilantes e ter esperança de que melhores dias virão. Encorajamos os jovens das Forças de Defesa e Segurança, que trabalham noite e dia, a continuarem a lutar pela tranquilidade do nosso povo”, acrescentou o chefe de Estado moçambicano.
Quissanga, localizada a pouco mais de 100 quilómetros da capital provincial (Pemba), foi uma das vilas invadidas no final de março pelos grupos armados, tendo sido destruídas várias infraestruturas, incluindo a residência do administrador, obrigando a fuga das populações.
Na ocasião, num vídeo distribuído na internet e agravado em pleno dia no muro da residência do administrador de Quissanga, um alegado militante ‘jihadista’ justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região, naquela que ficou conhecida como a primeira mensagem divulgada no local pelos autores dos ataques.
Nos últimos sete dias, os insurgentes realizaram ataques sequenciados às aldeias de Anga, Buji, Ausse e à vila sede de Mocímboa da Praia e, segundo dados das forças governamentais, pelo menos 59 “terroristas” foram abatidos.
Na quarta-feira, os grupos armados invadiram o porto de Mocímboa da Praia e os confrontos deixaram um número desconhecido de mortos, incluindo elementos das forças governamentais, segundo informações avançadas à Lusa por uma fonte do exército.
O ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse, na quinta-feira, que os grupos armados estão infiltrados nas comunidades e a comandar ataques contra a vila a partir das instalações portuárias.
Mocímboa da Praia é uma das principais vilas da província, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.
Tal como Quissanga, a vila tinha sido invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de março, numa ação depois reivindicada pelo grupo ‘jihadista’ EI, e foi, em 27 e 28 de junho, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes.
Em Cabo Delgado, os ataques de grupos armados, que eclodiram em 2017 mesmo em Mocímboa da Praia, já provocaram, pelo menos, a morte de 1.059 pessoas, e algumas das ações dos grupos têm sido reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI).
De acordo com as Nações Unidas, a violência armada nesta província do norte de Moçambique forçou à fuga de 250.000 pessoas de distritos afetados pela insegurança, mais a norte da província.
LUSA – 14.08.2020
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