26/08/2020
Por Edwin Hounnou
A postura de humanismo assumida pelo Bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, em defender as vítimas das barbáries do terrorismo, está a deixar os “culambistas do G40”, ou seja, os guarda-costas do governo Filipe Nyusi e do regime corrupto do partido Frelimo com os nervos à flor da pele. Já não conseguem esconder, quer nas redes sociais, quer na imprensa onde têm as portas escancaradas, que estão ameaçados porque o povo está saturado. Vimos, na semana passada, o “cabeça de lista" da matilha a atirar pedras contra o Bispo de Pemba, acusando-o, na sua página do Facebook, de forma injusta de estar a difamar o governo de Filipe Nyusi, e de atribuir às Forças Armadas de Defesa de Moçambique a responsabilidade da execuções das populações perpetradas pelos terroristas do Al-Shabab, em Cabo Delgado. Esta acusação é grave e constitui uma tentativa de meter a cabeça na areia, pensando que se livra dos problemas.
Tal como num passado bem recente, os mesmos tipos se atiram contra as vozes mais lúcidas e mais comprometidas com a verdade e justiça. Eles desejam ver uma igreja que, apenas, se limite a ensinar a catequese aos catecúmenos, a celebrar missas e a fazer baptismo e um tanto quanto longe dos problemas das comunidades. Eles odeiam a igreja que denuncia os males que apoquentam o povo, que denuncia a guerra, a injustiça social, a ineficácia e impreparação de quem tem o dever de defender, com bravura e estoicismo, a Pátria, como temos vindo a assistir. Querem a igreja que se acomodada aos seus interesses egoístas, que navegue nas suas águas nauseabundas, que vê no terço o seu fim último. Desejam uma igreja que fale, apenas, de Deus, anjos, dos sacramentos e não do sofrimento por que o povo vem passando, das suas dificuldades, da falta de protecção efectiva, das suas aspirações, do seu sonho de viver em paz e de passar as noites tranquilas. Pretendem conviver com uma igreja à sua imagem e semelhança, servil que mia debaixo da faustosa mesa do poder de onde caem as migalhas ou de uma igreja mansa e cúmplice.
Como o Bispo de Pemba não alinha com a falsidade que os caracteriza e fingimento de que tudo está bem, virou um alvo dos arremessos de pedras do G40, ora pintando-o das cores mais feias e mais berrantes que se conhecem e até apelam para a sua excomunhão do sacerdócio. Eles – O G40 ou quem esteja por detrás deles – pensam que o Papa Francisco seja um boneco maleável nas suas mãos para cair na fita de uma matilha leviana que ladra para, apenas, agradar o dono dos cachorros vira-latas. Telefonema do Santo Padre Papa Francisco ao Bispo de Pemba.
Como sinal de solidariedade, o Papa Francisco e o Bispo de Pemba falaram ao telefonema sobre a difícil situação por que as populações de Cabo Delgado vêem passando, nos termos que se sequem : “Hoje, dia 19 de Agosto de 2020, às 11h29’, para minha surpresa e alegria, recebi um telefonema de Sua Santidade, o Papa Francisco que me confortou muito. Ele disse que está bem próximo do Bispo e de todo o povo de Cabo Delgado e acompanha a situação vivida na nossa Província com muita preocupação e que tem rezado por nós.
Disse ainda que o bispo lhe diga se há mais alguma coisa que ele possa fazer. Agradeci muito a ele por esse gesto e por ter mencionado a crise humanitária que vive a Província de Cabo Delgado durante a bênção Urbi et Orbi que ele pronunciou no dia da Páscoa, 12 de Abril. Eu disse a ele que depois de sua menção a Cabo Delgado, houve muito mais interesse por parte de todos (países, dioceses de várias partes do mundo, congregações religiosas, organizações internacionais, individualidades) tanto de dentro como de fora de Moçambique e que, a partir daí, Cabo Delgado voltou para o mapa porque parecia que já não estava. Ele disse: “Que bom!” Falei sobre a difícil situação de Mocímboa da Praia que, neste momento, está tomada pelos insurgentes e que duas religiosas da Congregação de São José de Chamberry que lá trabalham estão sem contacto com a Diocese há uma semana, ao que o Papa respondeu: “Que triste!” Prometeu rezar também nessa intenção.
O Santo Padre afirmou que lembrava muito bem da sua Visita a Moçambique em 2019 e que já naquela altura se preocupava por Cabo Delgado. Ele pediu que, aquilo que precisarmos, poderemos encaminhar ao Cardeal Czerny, do Dicastério do Desenvolvimento Humano e Integral. Garanti nossa proximidade a ele, Papa Francisco, e afirmei que rezamos todos os dias por ele. Por fim, ele disse que está connosco e nos encorajou: Adelante!, que significa Avante!, Continuem! Para encerrar a nossa conversa, enviou a sua bênção apostólica a todo o povo de Cabo Delgado e de Moçambique. Luiz Fernando Lisboa, cp. Bispo de Pemba”. Tudo quanto o Bispo esteja a fazer fá-lo em nome da Igreja que representa e não deixa de servir as comunidades por ser estrangeiro. Um missionário nunca é estrangeiro, é servidor das comunidades. Aquele que separa os missionários em nacionais e estrangeiros está ao serviço de forças ocultas.
O diálogo entre o Papa Francisco e o Bispo de Pemba. Mostra, de maneira cristalina que tudo quando o Bispo Dom Luiz Fernando Lisboa tem vindo a fazer e a dizer está em sintonia com a Santa Sé e nada vai contra a fé cristã. Isso não entra nas cabeças do G40 por perseguirem interesses. O Bispo de Pemba é um profeta que não ousa abandonar o rebanho de Deus em momentos difíceis como os que as populações de Cabo Delgado está a passar. A persistência na fé em provação não é coisa de gente com problemas estomacais. O Papa disse “Adelante", quer dizer não recue, não vacile. sabemos como termina esse tipo de ameaças - depois do papo, vêm os esquadrões da morte.
As pessoas não levaram a peito as ameaças que o G40 proferia contra o professor Gilles Cistac, porém, terminaram em tragédia. Eles não têm medo de cometer crimes hediondos quando se trata de proteger os seus interesses. Podem até simular uma emboscada e atribui-la aos terroristas e aí dirão eles que o Bispo foi morto por aqueles a quem tem estado a defender. Esses tipos são capazes de tudo. Não devemos subestimá-los nem perdê-los de vista. Temos que analisar o alcance de cada palavra que eles pronunciam em público ou escrevem nas redes sociais devem porque são perigosos. Eles servem de rebenta-minas – limpam o caminho para os outros trabalharem.
Enganamo-nos quando pensámos que o autor dessas ameaças havia de se manter calado pelo facto de integrar um órgão que zela ética publica, em nome do equilíbrio nos seus pronunciamentos públicos, eis que nos surpreende com insultos contra o Bispo de Pemba. Podemos esperar que continue a ameaçar gente de bem. Não vai parar por aqui com os seus ataques. Um gato pode sentar-se à mesa de honra, mas é capaz de entornar molho sobre a toalha para sair a correr atrás de um rato que lhe passe pela frente. As honras que tem da comissão da ética não lhe confere nenhuma mais-valias.
Um gato não muda por se apresentar de fato completo, gravata e chapéu. Não cresce nem se sente civilizado por se sentar à mesa de honra com outros convivas. É capaz de largar tudo deixando os convivas envergonhados. O gato é capaz de abandonar tudo para sair às corridas atrás de um rato, mostrando que não é o hábito que faz o monge.
Não matem o Bispo tal como fizeram com o professor Gilles Cistac! Deixem-no em paz e a trabalhar para o seu povo! É necessário e urgente que o sistema ponha coleiras no pescoço dos seus cachorros para não continuarem a ladrar de qualquer maneira contra gente de bem!
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 26.08.2020
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