07/08/2020
EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (25)
Bom dia, Presidente. É triste constatar isto. Mais uma vez lhe vou dizer, sem rodeios, que essa coisa de governar ultrapassa -lhe. Já demonstrou isso milhares de vezes.
Contudo, agora nota-se até a olho desarmado devido à forma que tem gerido a questão da pandemia de Covid-19.
Definitivamente, O Governo nunca teve um plano claro de acção. E na quartafeira, isso ficou mais uma vez evidente. E de forma patética. Porque desprovido de qualquer ideia para combater a pandemia, o Presidente, ao arrepio de tudo e todos, voltou a declarar um novo Estado de Emergência.
É a única saída que teve. E para embalsamar os nervos do empobrecido povo moçambicano, anunciou o relaxamento gradual de algumas medidas. Pode me dizer o que isto realmente significa?
O Presidente acredita mesmo na eficácia das medidas que anunciou na quarta-feira? É que eu acho que está a laborar no equívoco- e diga-se: equívoco persistente. O Presidente diz que temos que manter as medidas de prevenção, mas não explicou até que ponto essas medidas são funcionais. Ou por outra: o que de novo o Governo criou para viabilizar essas medidas que antes não foram respeitadas?
Continuar-se-á a pontapea-las e os Mahindras sempre de tocaia para castigar os prevaricadores? É que este novo Estado de Emergência- a avaliar pelo que o Presidente disse-, de novo não tem nada. É mais um “copy and past” dos restantes que já tivemos. O Presidente só o decretou porque não tinha outra saída. É uma tentativa de sacudir o capote.
Amanhã, quando as coisas ficarem feias, dirá que o Governo até decretou “n” vezes o Estado de Emergência, a culpa é do povo que não cumpriu com as recomendações (?). Patético! Eu cá me tenho perguntado sempre: será que os que assessoram o Presidente são como ele ou não têm espaço para se pronunciar. São uma mera decoração?
É só para dizer-se que o Presidente é assessorado? É que deste Governo, que tem o senhor como chefe, nunca vi um plano concreto. Governar é também isso: planificar, discutir. Como é que o Presidente, sabendo que as medidas de prevenção foram largamente ignoradas, ainda aparece à nação para dizer que devemos continuar com as mesmas medidas? O que traz de novo aqui?
É que me parece que o Governo não fez nenhum TPC. Não discutiu os meios que nos vão levar a atingirmos, desta vez, o sucesso. Afinal qual é o seu propósito, Presidente? É que no que disse na quarta-feira, eu, sinceramente, não vejo aonde é que o senhor quer chegar. Não disse que meios foram criados ou que estão por criar para que a prevenção funcione. Há muita preguiça aqui. Somos liderados por preguiçosos. Este Governo não trabalha. Não discute os problemas do País.
São disso reflexo os sistemáticos comunicados da Comissão Política que só servem para saudar o Presidente que nada faz para melhorar este Moçambique. Temos muitos preguiçosos na liderança do País. Pessoas que não fazem devidamente o seu trabalho mas engordam às custas do povo.
Parece-me que o Governo encontrou no Estado de Emergência uma forma para esconder a sua preguiça, a ausência de um plano concreto para combater a Covid-19. Isto é de um Governo que não sabe o que fazer, que está à deriva, que acha que somos todos- nós o povo-míopes. Por isso pode dizer e fazer o que lhe aprouver. É mentira.
Afirmo sem medo das consequências que temos um vazio na liderança. Ainda estamos a procura de um Presidente!
DN – 07.08.2020
Sem comentários:
Enviar um comentário