"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

SELO: A importância social da igreja - Por Rabim Chiria

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Vozes - @Hora da Verdade
Escrito por Redação  em 12 Janeiro 2017
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Primeiro agradecer a Arão Cuambe, jornalista da Rádio Moçambique, pelos temas que tem trazido ultimamente no café da manhã. E salientar que são temas de extrema importância para sociedade, sobretudo o tema que foi debatido na última sexta-feira (30/12/2016), que a bordava o assunto sobre o papel da igreja para a sociedade. Neste pequeno artigo de opinião pretendo reflectir sobre este mesmo assunto, visto que, estamos mergulhados numa sociedade cujas igrejas negligenciam o seu papel social.
Ora, eu começaria dizendo que, a igreja tem um papel indispensável na sociedade, pois, ela serve como uma forquilha na preservação e implantação de valores morais que são elaborados e discutidos no campo ético, e não só, ela ajuda encontrar soluções sobre as grandes questões da humanidade, algo que a ciência só responde.
Neste sentido, enquanto a ciência responde as grandes questões da humanidade, a igreja resolve e deposita a base nas decisões sobre a vida. Aliás, sobre este assunto sagrado, já dizia Agostinho de Hipona que a vida em sociedade é uma luta constante entre o mal e bem, pois, esse não é um problema do mundo, não é um problema do homem, mas sim, é um problema sagrado, visto que o homem tem uma responsabilidade enorme nessa luta.
Ora, não é problema do mundo e nem do homem, porque o mundo e o homem não são protagonistas deste problema. Porém, este é um problema sagrado, porque só o sagrado pode resolver esse problema, ou seja, essa luta constante entre o mal e bem que manifesta na sociedade só pode ser resolvida pela igreja. Mas antes de tudo, o homem deve comungar, ele deve-se converter à uma igreja. É neste sentido que Agostinho atribui ao homem, a responsabilidade de vencer os problemas sociais. Porém, essa vitória só é possível em comunhão com o sagrado.
Contudo, não quer dizer que a igreja deve acusar ao homem pela sua irresponsabilidade ou pelas suas más escolhas, pelo contrário, a igreja tem a responsabilidade de abrir as janelas de confianças para o homem, e não só, abrir um caminho de esperança para uma vida renovada e digna. Entretanto, a igreja tem a solução para o clamor do homem e, ao mesmo tempo tem responsabilidade nesse clamor, então, isto monstro claramente que a responsabilidade não é exclusivamente do homem, mas sim de ambos, o homem e a igreja.
Parece-me que actualmente as nossas igrejas perderam a noção do seu verdadeiro papel social. Quando saio pelas ruas só vejo propagandas chantagistas sobre o divino, quando ligo a televisão, só escuto e vejo propagandas chantagistas sobre o divido. Acreditem vocês, eu fico preocupado, alias, lá na academia onde eu passei, aprendi uma coisa muito importante na cadeira de ética e, passo a citar agora: “uma propaganda chantagista induz às pessoas a consumir algo que não presta”.
Nesta óptica de pensamento, eu diria o seguinte: “uma propaganda chantagista sobre o divino faz as pessoas ter uma fé emocional e cega”. Pois, não é aconselhável as práticas que actualmente têm acontecido nas igrejas, como por exemplo “o propósito de fé”, que dizer, “a venda da indulgência” como diria “Erasmo de Roterdã”, cobrar dinheiro para perdoar os pecados.
Neste contexto, o desafio de fé e milagres não passa de uma propaganda chantagista que faz as pessoas ter uma fé cega e emocional. Alias, o desafio de fé e milagres é feito pela cobrança de valores monetários, como uma forma de garantir os milagres. Porém, não é o valor monetário que faz acontecer alguma coisa nas pessoas, mas sim, a credibilidade na existência de deus, só a crença basta. Não deposite a sua crença em dar algo para ter o milagre, porque a única coisa que traz mudanças no seio do homem é sua crença que deposita ao divino e não em valor monetário.
Ora, para a aprofundar essa ideia eu citaria William James (Filósofo americano), que deposita a sua confiança no indivíduo, James está ciente que o foco esta no indivíduo. Para um doente por exemplo, acreditar que deus existe e, que pode cura-lo, pode ter efeitos práticos do que ser ateu e pensar que vai morrer.
Segundo (James) essa crença poderia estimular o seu sistema imunológico e contribuir para o tratamento da doença, portanto, não é o valor monetário que faz milagres, mas sim a sua crença em deus. Essa crença manifesta no seio do indivíduo, a custo zero e não por meio de um envelope de valores monetários.
Uma crença verdadeira, portanto, atende aos nossos propósitos e funciona na prática, e não só, traz benefícios na vida. E as nossas igrejas, ao invés de devolver o estatuto social às pessoas, ao invés de devolver às pessoas a sua dignidade perdida, eles fazem o contrário: atrapalham as pessoas a traves de propagandas chantagistas, no lugar de ensinar valores morais e espirituais, fazem propósitos chantagistas, enganando as pessoas. Pois, é urgente que às igrejas cumpram seu verdadeiro papel de devolver à sociedade os valores morais e, a dignidade perdida.
Por Rabim Chiria

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