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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Moçambique deverá crescer apenas 5,2% este ano segundo Banco Mundial, Dívida Pública será superior a 110% do PIB

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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 12 Janeiro 2017
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@VerdadeA cada novo dia 2017 revela-se pior para os moçambicanos, de acordo com o Banco Mundial o crescimento económico do nosso País deverá ser de 5,2%, contrariando os 5,5% previstos pelo Governo de Filipe Nyusi, que continua a implementar a mesma estratégia de crescimento do seu antecessor, que está “focalizada na maximização da substituição da poupança interna pela poupança externa, visando gerar taxas elevadas de crescimento”. As projecções divulgadas nesta quarta-feira(11), indicam ainda que devido aos empréstimos ilegais da Proindicus, EMATUM e da MAM a Dívida Pública de Moçambique vai ultrapassar os 110% do Produto Interno Bruto(PIB).
Devido a redução do Investimento Directo Estrangeiro e a revelação dos empréstimos secretamente contraídos pelas empresas Proindicus e Mozambique Asset Managment(MAM) com Garantias do Estado, violando a Constituição e a Lei Orçamental, a chamada “Pérola do Índico” vai de mal a pior, de acordo com o mais recente relatório da instituição de Bretton Woods, intitulado “Perspectivas Económicas Globais: Investimento fraco em tempos incertos”, que prevê um crescimento económico de 5,2% em 2017, menos 2,5% do que previra em Junho último.
Banco Mundial
Esta projecção é ligeiramente inferior a do Executivo de Nyusi que no seu Plano Económico e Social espera um crescimento de 5,5%, suportado pela “consolidação da paz, recuperação da confiança na relação com os Parceiros Internacionais através do reforço da transparência financeira, o que poderá levar a recuperação de um ambiente favorável para o incremento do fluxo do Investimento Directo Estrangeiro e para a melhoria da Balança de Transacções Correntes”.
Recorde-se que durante dez anos, até 2014, a economia moçambicana foi muito aplaudida internacional por causa do seu crescimento a uma média de 7%. Todavia esse crescimento pujante não se traduziu na melhoria da vida do povo, durante esse período o número de moçambicanos pobres aumentou em mais de dois milhões de cidadãos.
“Se os atalhos usados no passado para manter as taxas de crescimento elevadas persistirem, o futuro não será diferente do passado”
Uma pesquisa do Grupo de Investigação Pobreza e Proteção Social do Instituto de Estudos Sociais e Económicos(IESE) constatou que o Governo de Filipe Nyusi está a implementar uma estratégia de crescimento económico idêntica ao do seu antecessor, “Uma estratégia focalizada na maximização da substituição da poupança interna pela poupança externa, visando gerar taxas elevadas de crescimento”.
Banco Mundial“Ainda que este modelo de crescimento esteja a dar sinais de saturação e, sobretudo, se mostre incapaz de fomentar um desenvolvimento económico amplo e inclusivo, não se vislumbram de imediato perspectivas para a sua revisão e melhoria. O ambiente institucional(económico, político e ideológico) permanece fortemente adverso à poupança interna. Apesar de na última década e meia a economia moçambicana ter gerado poupança privada positiva, esta permaneceu muito baixa”, refere a pesquisa que está publicada no livro “Desafios para Moçambique 2016”.
Além disso, “Para o Governo continua a ser politicamente conveniente, apostar numa estratégia de crescimento com défices elevados das contas-correntes ou das poupanças externas. Simultaneamente, o crescente recurso ao crédito interno, supostamente destinado a financiar o défice orçamental, tem sido cada vez mais orientado para alimentar novos mecanismos de endividamento público, através de títulos de dívida pública sem qualquer lastro real ou positivo”, acrescenta o estudo do IESE.
Banco MundialOs académicos moçambicanos concluem que, “Se os atalhos usados no passado para manter as taxas de crescimento elevadas persistirem, é lícito concluir que o futuro não será diferente do passado. Não existindo a nível internacional exemplos de sucesso de desenvolvimento económico amplo e inclusivo, alicerçado num crescimento principalmente com poupança externa, é improvável que Moçambique se converta na excepção que confirma a regra”.
Entretanto as projecções do Banco Mundial indicam que o nosso País regista um dos mais altos rácios da sua Dívida Pública em relação ao PIB do continente africano, que deverá ultrapassar os 110% em 2017 devidos aos empréstimos das estatais Proindicus, EMATUM e da MAM.
Um documento do Ministério da Economia e Finanças estimava que o rácio da Dívida Pública cresceria apenas até os 104,6% este ano.
Paralelamente, Moçambique regista a segunda mais alta taxa de inflação da África sub-sahariana, apenas atrás de Angola.
“É vital acelerar o crescimento económico sustentável e inclusivo para acabar com a pobreza extrema”
Ainda para a região do nosso continente abaixo do Sahara, o mais recente relatório do Banco Mundial prevê um aceleramento de 2,9% em 2017, acima do PIB mundial que deverá ficar nos 2,7%.
Em comunicado, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, assegura que é o “momento certo” para aumentar o investimento em infraestruturas. Mas, adverte que a guerra comercial que Donald Trump, o eleito Presidente dos Estados Unidos da América, lançou contra o México e a China poderá ter o efeito oposto e “minar a esperada recuperação do comércio mundial e do investimento”.
Segundo o relatório, outras fontes de incerteza pairam sobre a economia mundial, especialmente na Europa, onde o Reino Unido se prepara para iniciar a discussão sobre a saída da União Europeia.
De modo geral, refere o relatório, a Europa está ameaçada por uma tentação “populista”, que poderá ficar expressa em 2017 durante as eleições em França e na Alemanha, enquanto a zona euro parece consolidar a sua recuperação com um crescimento previsto de 1,5% para este ano.
Para a segunda maior economia do mundo, a China, o Banco Mundial prevê um crescimento de 6,5%.
Devido ao cocktail de incertezas nos países ricos, as economias emergentes e em desenvolvimento estão condenadas à expectativa.
“É vital acelerar o crescimento económico sustentável e inclusivo para acabar com a pobreza extrema”, sublinha o presidente do Banco Mundial.

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