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Escrito por Adérito Caldeira em 26 Maio 2016 |
![]() Sem querer dar uma resposta cabal João Uthui faz uma analogia a relação entre um pai e os seus filhos, “para o meu filho não olho a quantidade de dinheiro, tempo e esforço mental que eu invisto, nem interessa o lucro, basta que eu tenha garantia que ele vai crescer e desenvolver posso morrer”. Porém Uthui clarifica que o “FMI não é o nosso pai”, e explica que a partida estas instituições, chamadas de Bretton Woods – em alusão ao local onde em 1944 decorreu a conferência onde foram estabelecidas as directrizes para uma nova ordem económica internacional sob a hegemonia do dólar norte-americano e que culminou com a criação de duas instituições voltadas para tentar alcançar esse propósito, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento ou Banco Mundial -, são financiadas pelos seus membros, que são vários Estados existentes no globo. Contudo estas instituições financeiras assumiram “um outro nível, um nível de hegemonia política”. “Onde elas (FMI e BM) se implantam têm força de impor inclusivamente o tipo de Presidente que está lá, mas não é porque esse governante vai favorece-los, há-de abrir caminhos para eles explorarem o lado financeiro que eles querem. Então é melhor pormos ali aquele Presidente, dar-mos mordomias que ele próprio não porque sabemos que quando ele abrir o mercado para nós entrarmos renderemos três vezes mais, é um investimento. É igual a um investimento de uma pai para o filho”, afirma o docente de Filosofia.
FMI e Banco Mundial “têm economistas bem pagos para estudarem os mercados todos os dias”
![]() Solicitado a clarificar com exemplos mais práticos a sua tese João José Uthui socorre-se de alguma retórica afirmando que tanto o Fundo Monetário Internacional assim como o Banco Mundial “não são as paredes, são pessoas, que têm salários, têm todas as mordomias. Acha que vem de onde esse dinheiro para eles terem tudo isso, se não ganham nada e só dão dinheiro? Eles estão a emprestar dinheiro, de onde vem esse dinheiro, é de quem? “Tem que haver fonte para vir dinheiro para eles, tem que haver dinheiro para pagar toda a gente que faz com que aquele dinheiro entre ali e tem que haver fontes para continuar a vir mais dinheiro. Essas fontes são quais”, questiona ainda o académico que responde com outras questões, “Porque o FMI e o Banco Mundial não saem para vender sacos de arroz, não é dos impostos naturalmente, de onde é que vem?”
“Modelos económicos desenhados para perpetuar a dependência”
Diante da sugestão do @Verdade, de que os fundos talvez possam vir dos Estados membros mais ricos, Uthui responde problematizando. “Mesmo os Estados Unidos da América(EUA) não têm sacos de dinheiro para darem sempre sem querer nenhuma troca”.![]() O professor universitário deixa claro que não está contra os Estados Unidos da América ou outros países ricos do Ocidente, “mas é preciso perceber como eles vivem. Eles gastam muito dinheiro e eu volto a fazer a pergunta de onde é que os americanos tiram o dinheiro? Será que eles são os super produtores e super vendedores do mundo para terem tanta quantidade de dinheiro que investem nas bases militares, navais, embaixadas e toda presença que têm pelo mundo?” “É este dinheiro que retiram daqui. De que maneira, os tais modelos económicos desenhados para perpetuar a dependência e retirar sob forma de recurso, sob forma até de massa cerebral, pensadores, tudo. Quando um cientista moçambicanos diz eu casei com uma norte-americana e vai-se embora e fica lá nós até achamos normal, mas aquele cérebro vai trabalhar para eles. Quem investiu para ele estar formado, foi o dinheiro moçambicano mas ele vai trabalhar para eles”, esclarece Uthui.
EMATUM, Proindicus e MAM fazem “sentido em todas as perspectivas menos numa”
Nesta ordem de ideias o @Verdade perguntou se então fazia sentido que Moçambique, na base de um desses modelos económicos das instituições de Bretton Woods, se endividasse da forma como tem estado a acontecer e que tem nos empréstimos secretos das empresas Proindicus, Mozambique Asset Management e Empresa Moçambicana de Atum o seu apogeu.![]() “Só não faz sentido para nós porque ainda estamos a lutar pelo prato (de comida), não temos dinheiro. Então a nossa prioridade é o prato na mesa, então não faz sentido por causa disso. Porque se tivéssemos prato até quereríamos mais, ir para o alto mar vedar afinal aquele peixe é nosso”, clarifica João Uthui. Relativamente a aparente facilidade com que os bancos suíço e russo emprestaram os mais de 2 biliões de dólares norte-americanos, às três empresas que não existiam nem têm grande credibilidade no mercado, o professor Uthui é lacónico, “o negócio dos bancos é emprestar dinheiro (…) eles têm que conquistar clientes” e é natural que os banqueiros procurem clientes, afinal até “a mulher que vende peixe no mercado vai a porta e chamar o cliente (…) um banqueiro que não faz isso não está a vender”, conclui. |
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
quinta-feira, 26 de maio de 2016
O que ganham o FMI e o Banco Mundial em emprestar o seu dinheiro a Moçambique?
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