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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Economista-chefe da Coface: Moçambique dificilmente evitará pedir ajuda ao FMI

 


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O economista-chefe da seguradora Coface considerou hoje que Moçambique "dificilmente conseguirá evitar" pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional, e acrescentou que o país tem o risco de crédito soberano mais alto entre os países lusófonos.
"Será muito, muito difícil para Moçambique evitar pedir ajuda ao FMI porque estão aqui reunidas todas as componentes clássicas de uma crise de um país emergente em termos de risco soberano", disse Julien Marcilly, em declarações à Lusa hoje em Lisboa.
O risco soberano de Moçambique é o mais elevado entre os países lusófonos, essencialmente devido à política orçamental folgada, à queda do preço das matérias-primas e à depreciação do metical, acrescentou.
"O risco soberano de Moçambique é o mais elevado de todos os países lusófonos porque, à semelhança do que acontece com vários países africanos, a dívida pública subiu significativamente nos últimos anos, disse Julien Marcilly.
Para o economista chefe da Coface, uma empresa especializada em seguros de risco para as exportações, existem três razões principais para Moçambique suplantar o Brasil na lista dos países com mais risco soberano: "Em primeiro lugar, teve uma política orçamental muito expansionista, nomeadamente com o forte aumento dos salários dos funcionários públicos, e depois sofreu com o preço das matérias-primas, que caíram bastante nos últimos meses e prejudicaram muitos países em África".
O economista chefe da Coface aponta ainda uma terceira razão para a debilidade do crédito soberano moçambicano, que tem a ver com a desvalorização do metical face ao dólar.
"Menos falado, mas também muito importante, é a depreciação da moeda, que prejudica muito a dívida pública, porque uma grande parte da dívida é denominada em moeda estrangeira", o que significa que a simples perda de valor do metical aumenta, na prática, o montante em dívida.
Moçambique reconheceu recentemente dívidas ocultadas no valor de mais de 1,4 mil milhões de dólares, o que originou uma série de reacções das instituições financeiras internacionais, incluindo a suspensão de ajuda financeira e orçamental por parte dos doadores e o travão no pagamento da segunda parcela de um empréstimo de 282,9 milhões de dólares acordado com o Fundo Monetário Internacional no final do ano passado.
Hoje mesmo o ministro da Economia e Finanças de Moçambique assumiu que a Mozambique Assets Management (MAM), empresa beneficiada com créditos garantidos pelo Estado à revelia das contas públicas, está sem dinheiro para pagar a primeira prestação, até 23 de Maio, e procura reestruturar a dívida para evitar um incumprimento.
"Segundo a empresa, neste momento [a MAM] está a negociar para reestruturar porque ainda não tem receitas suficientes para pagar" o valor de 178 milhões de dólares (158 milhões de euros) da primeira prestação, afirmou hoje Adriano Maleiane na Assembleia da República.
"Tudo combinado, o país está numa situação muito complicada", concluiu o economista-chefe da Coface à Lusa.
MBA (HB/PMA) // EL
Lusa – 18.05.2016

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